Na
reunião dessa quarta (31), em tom de desabafo, o socialista distribuiu recados
para todos, mas mandou um especial para o ex-governador Hartung: vai para
reeleição com ou sem o seu apoio
José
Rabelo no Seculo Diario
A reunião
dessa quarta-feira (31) do governador Renato Casagrande com lideranças do PSB e
equipe de governo teve tom de desabafo. O socialista distribuiu recados para as
lideranças dos partidos que compõem a base aliada, que anda estremecida, e
endereçou um especial ao ex-governador Paulo Hartung, que pode ser interpretado
na “legenda” do seu discurso da seguinte maneira: “Vou para a reeleição com ou
sem o apoio do PMDB de Hartung”.
Casagrande
convocou a base (PMDB, PT e PDT) para se reagrupar em torno de seu projeto de
reeleição, resgatando o arranjo da unanimidade, que ficou em risco por um
conjunto de fatores: as manifestações das ruas; a queda de popularidade da
presidente Dilma Rousseff; o racha com o PT na Assembleia Legislativa, em
função da votação do pedágio da Terceira Ponte; a retomada do projeto de
eleição a presidente do governador de Pernambuco Eduardo Campos; e a visita ao
Estado do secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira, que “enquadrou” Casagrande
em relação ao apoio à candidatura de Campos.
Em seu
discurso, Casagrande quis mostrar aos seus interlocutores que tem virilidade
política para bancar seu projeto rumo à reeleição. E foi enfático ao mostrar
aos seus pares que não é homem de recuar à pressão: “Cheguei aonde cheguei
porque tenho capacidade de suportar a chapa quente”.
Ele também se
preocupou em tranquilizar os partidos da base aliada, quando esclareceu que a
sucessão nacional está dentro de um cenário diferente do estadual, deixando
claro que irá insistir na estratégia da neutralidade, para evitar se dividir
entre os palanques de Dilma e Campos.
O governador
também alertou que está preparado para suportar temperaturas ainda mais altas
que, traduzindo, podem ser relacionadas à movimentação do PMDB, que fala
abertamente em lançar candidatura própria ao governo, numa aliança que estaria
sendo costurada com o PSDB. O candidato do PMDB, que “atropelaria” o acordo da
unanimidade e “esquentaria a chapa” de Casagrande, seria o senador Ricardo
Ferraço.
Casagrande não
chegou a dizer isso no seu discurso, mas tem demonstrado ao PMDB que tem sido
leal ao acordo firmado com Hartung, inclusive segurando todas as denúncias que
recaem sobre o governo anterior, além de manter os membros do núcleo duro do
antecessor intactos até o momento.
Os homens de
Hartung que deixaram o governo, o fizeram por livre escolha. Caso de Guerino
Balestrassi (PSDB), que deixou a presidência do Banco de Desenvolvimento do
Espírito Santo (Bandes) pelas portas dos fundos. Casagrande chegou a comentar
na noite de ontem (31), que não faria “desse jeito” se estivesse no lugar do
tucano, se referindo ao golpe baixo que recebeu de Balestrassi, que saiu do
governo de forma sorrateira.
O recado de
Casagrande com relação à sucessão do próximo ano deixou Paulo Hartung numa encruzilhada:
ou ele reembarca no projeto de reeleição de Casagrande ou deixa o governo para
apostar todos as suas fichas na candidatura de Ricardo Ferraço.
Se mantiver o
arranjo da unanimidade, Hartung recebe de Casagrande a promessa de que honrará
o acordo até 2018, preparando o campo para o sucessor a ser escolhido por
Hartung.
Se optar pela
candidatura própria, Hartung rompe automaticamente o acordo com Casagrande, que
ficaria livre para desmontar o aparato que protege o ex-governador e botar no
olho da rua o clã hartunguete que ocupa cargos importantes no seu
governo.
O rompimento
também significaria guerra ao candidato do PMDB. Se o encaminhamento desse
impasse for o confronto, Casagrande parte para a batalha preparado para
enfrentar Ricardo Ferraço com todas as suas armas: a máquina do governo, o
apoio dos prefeitos de Serra (Audifax Barcelos, PSB) e Vitória (Luciano
Rezende, PPS) e de pelo menos mais duas dezenas de prefeitos socialistas. Fora
os outros que engrossariam o exército de Casagrande ao longo a partir do início
do processo eleitoral.
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