segunda-feira, 15 de julho de 2013

Risco de pobreza em Portugal fica estável apesar da recessão e do desemprego

Lisboa – O risco de viver em condições de pobreza em Portugal é de 17,9%, informou hoje (15) o Instituto Nacional de Estatística (INE). O dado oficial (ainda provisório) é relativo a 2011 e foi apurado no ano passado pelo Inquérito às Condições de Vida e Rendimento.

Conforme a pesquisa, o indicador permanece estável (em torno dos 18%) desde 2008, epicentro da crise financeira internacional que levou Portugal à recessão (há dez trimestres consecutivos) e recorde de desemprego (17,7% no primeiro trimestre de 2013).


Apesar da estabilidade do risco de pobreza, o INE verificou piora das condições socioeconômicas e diferença do fenômeno, conforme o estrato social. O rendimento monetário líquido por adulto caiu de 421 euros mensais para 416 euros mensais (cerca de R$ 1.230).

Como também acontece no Brasil, as mulheres e o grupo formado por crianças e jovens (até 17 anos) têm mais chances de serem pobres; 18,2% e 21,7%, respectivamente. O risco de pobreza também varia conforme o tamanho das famílias. As mais numerosas (dois adultos com três filhos ou mais) estão mais vulneráveis (41,2%); seguida pelas famílias monoparentais, com apenas um adulto (30,5%); e por último as pessoas adultas que vivem só (24,2%).

Num período em que o governo ainda pretende cortar gastos públicos para promover um ajuste econômico, as despesas sociais mostram-se fundamentais para a redução da pobreza. Segundo o INE, “considerando apenas os rendimentos do trabalho, de capital e transferências privadas, 45,4% da população residente em Portugal estaria em risco de pobreza”. As transferências protegem especialmente aposentados e pensionistas com pagamento de subsídios.

Uma em cada quatro pessoas que estão em risco de pobreza vive em “privação material severa”. Entre esse grupo há quem não consiga fazer uma refeição com carne ou peixe pelo menos de dois em dois dias; há quem tenha despesas da residência em atraso; quem não possa manter a casa aquecida no inverno ou ainda pessoas que não tenham TV a cores por falta de recursos financeiros.

A desigualdade socioeconômica parece crescente entre os portugueses. O Coeficiente de Gini (que mede a desigualdade) em termos percentuais foi de 34,5% em 2011; acima dos 34,2% em 2010 e dos 33,7% medidos em 2009. Quanto mais próximo de 100%, mais desigual. O coeficiente do Brasil é em torno de 51%.

Os indicadores de pobreza em Portugal são divulgados em meio à crise política que poderá levar a troca de governo. Conforme agenda da Agência Lusa, para esta semana ainda são esperados os indicadores de conjuntura econômica de junho (INE) e o Boletim Econômico do Verão (Banco de Portugal).


Via  Agencia Brasil

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