Em
SP, Haddad muda o tom e já admite rever aumento; no Rio, Paes quer ouvir
manifestantes
Um dia depois da maior mobilização contra o aumento das passagens de ônibus,
que levou cerca de 240 mil pessoas às ruas de várias cidades, prefeitos de 11
cidades, sendo nove capitais, anunciaram que vão reduzir as tarifas, cancelar
reajustes ou diminuir o percentual de aumento das passagens. Segundo a ministra
da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, Cuiabá e Recife anunciaram ontem redução de R$
0,10 nas passagens.
As prefeituras de João Pessoa, Porto Alegre e Goiânia cancelaram o reajuste. Curitiba, Manaus, Natal e Vitória reduziram o percentual de aumento das passagens. Além desses municípios, Blumenau (SC), por liminar, e Caxias do Sul (RS) decidiram rever os preços.
Em São Paulo,
o prefeito Fernando Haddad (PT) mudou o tom e admitiu que pode derrubar o
aumento da tarifa, que este mês passou de R$ 3 para R$ 3,20. Haddad prometeu
ainda um novo encontro com os representantes dos manifestantes, como o
Movimento Passe Livre (MPL), a Associação Nacional de Estudantes Livres (Anel),
o grupo Juntos e a central sindical Conlutas, ligada ao PSTU.
— Se as
pessoas me ajudarem a tomar uma decisão nessa direção (a revogação do aumento),
eu vou me subordinar à vontade das pessoas, porque eu sou prefeito da cidade,
para fazer o que a cidade quer que eu faça — disse Haddad, que, em entrevista
coletiva, afirmou: — Tem um povo na rua pedindo providências e ninguém pode
descansar agora antes de encontrá-las.
Haddad disse
ainda que é possível rever as planilhas de custos e não descartou nenhuma
medida de financiamento do transporte público, como a revisão do lucro das
empresas concessionárias.
— Sou
favorável a abrir as planilhas e ver se tem gordura no lucro dos empresários.
Estamos dispostos a explorar as alternativas — disse o prefeito.
No Rio, o
prefeito Eduardo Paes (PMDB) convocou integrantes do Fórum de Luta Contra o
Aumento das Passagens para uma reunião, ainda sem data definida, e deixou em
aberto a possibilidade de rever o valor da tarifa e congelá-la em R$ 2,75.
Governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB) disse ontem, ao ser perguntado sobre a
possibilidade de reduzir a tarifa de ônibus, que “a nossa tarifa modal,
intermunicipal, é uma das menores do Brasil”.
No final da
tarde, quase ao mesmo tempo em que a presidente Dilma Rousseff terminava seu
encontro com o ex-presidente Lula, em São Paulo, a ministra da Casa Civil,
Gleisi Hoffmann, apresentou um estudo que mostra o impacto das medidas de
desoneração do governo federal nas tarifas do transporte urbano. Segundo
Gleisi, a combinação da desoneração da folha de pagamentos com a redução do
PIS/Cofins (tributos federais) do setor representa 7,23% no preço das passagens
de ônibus urbanos, ou seja, em média R$ 0,20.
Num primeiro
momento, a ministra disse que os municípios poderiam reduzir as tarifas com as
desonerações federais. Depois, voltou a dar entrevista para deixar claro que o
estudo mostra o impacto das medidas federais, mas que o governo não conhece a
composição dos custos de cada município.
No
Rio, impacto seria de 21 centavos
No Rio, o
impacto da desoneração nas passagens é de R$ 0,21, conforme a tabela
apresentada pela ministra. Em São Paulo, segundo o estudo, a desoneração de
tributos federais é de R$ 0,23. As capitais tiveram aumento de tarifas após as
medidas aprovadas pelo governo federal.
— Nós não
podemos afirmar que o valor que estamos desonerando vai necessariamente ser o
valor de redução da tarifa. As prefeituras podem utilizar esse valor para fazer
uma recomposição da sua tarifa e que essa tarifa tenha menos impacto no bolso
das pessoas — disse a ministra.
No Distrito
Federal (DF), o secretário de Transportes, José Walter Vazquez Filho, disse que
o sistema público de transporte ficará sem reajuste na tarifa. Em Brasília, as
tarifas variam de R$ 2 a R$ 3. O menor valor é aplicado nos coletivos que
circulam dentro do Plano Piloto, área central de Brasília, e dentro das
cidades-satélites. Já o valor maior é da linha metropolitana que faz a ligação
entre as satélites e o Plano Piloto.
— Esse é um
compromisso de campanha do governador Agnelo (Queiroz): realizar a licitação do
sistema público de ônibus, e não reajustar a tarifa — disse o secretário.
Na capital de
Mato Grosso, onde está marcada para hoje uma passeata, o prefeito Mauro Mendes
(PSB) assinou decreto reduzindo a tarifa do transporte público de R$ 2,95 para
R$ 2,85, queda de 5,12%, e negou que tenha reduzido a tarifa para esvaziar as
manifestações. O novo preço entra em vigor hoje. A partir do dia 1º de julho, a
passagem vai cair também em João Pessoa.
Os ônibus que
circulam pela Região Metropolitana de Recife também ficarão mais baratos. A
tarifa foi reduzida de R$ 2,25 para R$ 2,15. Em Porto Alegre, o valor será
reduzido, no mínimo, de R$ 2,85 para R$ 2,80. Alguns prefeitos afirmaram que a
medida não tem a ver com as manifestações.
Globo.com
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