A oposição
avalia que o desgaste na imagem da presidente Dilma Rousseff demonstra falta de
sintonia do governo com as necessidades reais da população que estão sendo
expostas nos protestos que tomam conta das ruas do país, além de representar
uma cobrança por mudanças em políticas administrativas e econômicas.
Pesquisa
Datafolha divulgada neste sábado (29) mostra que a popularidade da presidente
Dilma Rousseff desmoronou. A avaliação positiva do governo da petista caiu 27
pontos em três semanas.
Os dados, no
entanto, foram vistos com cautela sobre um possível impacto na corrida
presidencial de 2014.
O líder do
PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), disse que a pesquisa acende um
"sinal amarelo" no governo. "É um sinal de que os problemas se
acumularam na economia, na saúde, na educação e o povo percebeu que ela [Dilma]
não toma medidas eficazes para resolver", afirmou. "Eu diria para a
presidente que é hora de governar, de deixar de olhar de lado, de divisionismo,
escapismo e assumir responsabilidades."
Para o tucano,
as propostas da presidente lançadas nos últimos dias para responder as
manifestações das ruas estão apenas desviando o foco para o Congresso sem
tratar de problemas que são de sua responsabilidade.
Questionado se
o Datafolha traz algum indicativo para as eleições de 2014, o senador foi
cauteloso. "É um sinal amarelo, ma não é um quadro definitivo para
eleições. Tem muito tempo. Ela pode se recuperar ou afundar de vez, depende
sobretudo dela".
Para o
presidente do DEM, senador José Agripino (RN), a pesquisa mostra que o governo
está "sem rumo e encurralado" e perdendo respaldo popular para operar
medidas. Segundo ele, a sociedade percebeu que a "fragilidade econômica
denunciada há muito tempo pela oposição é uma realidade".
"A
população explodiu com os gastos da Copa e deu isso tudo que nós estamos vendo
nas ruas. Essa avalanche da popularidade é a constatação em número do que as
ruas estão mostrando: um governo cheio de equívocos", disse.
"Eu sinto
o governo sem rumo, encurralado, fragilizado e sem saber o que fazer e tentando
inventar saída para a crise política", complementou.
Presidente do
MD, o deputado Roberto Freire (SP), afirmou que o resultado do Datafolha indica
que a população cobra mudanças estruturais do governo, seja na política econômica
ou na administração pública.
"O
governo precisa entender que não pode viver só de propaganda porque a realidade
está sendo mais forte do que a propaganda", afirmou. "Essa pesquisa é
um anúncio de que a crise vai ser maior do que se esperava e o governo precisa
reagir e não é propondo plebiscito", completou.
Freire
defendeu que o governo enxugue gastos, diminua ministérios e altere a política
econômica.
O líder do MD
na Câmara, Rubens Bueno (PR), afirmou que o levantamento desconstrói o discurso
do governo de que não há críticas diretas a gestão Dilma Rousseff nos protestos
de ruas.
"Agora os
petistas não podem mais falar que as vozes das ruas não têm nada contra o
governo. É evidente que há insatisfação com os desmandos, com os prejuízos do
governo", afirmou.
Folha de
S.Paulo
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