quinta-feira, 13 de junho de 2013

Herói ou Traidor?

Por Eliakim Araujo no site Direto da Redação 

Edward Snowden, de 29 anos, o homem que revelou as atividades de monitoramento da Agencia de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA),  está seriamente ameaçado de ser extraditado para seu país onde será julgado por crime de alta traição, podendo passar o resto da vida na cadeia. Tudo vai depender das negociações entre o Departamento de Justiça dos EUA e as autoridades chinesas.

Para azar do delator, China e EUA estão momentaneamente em lua de mel, depois dos encontros de Obama com Xi Jinping , no último fim de semana. Por via das dúvidas, Snowden tratou de se esconder e desde segunda de manhã não foi mais visto no hotel de Hong Kong.


Mas é inegável que Snowden jogou sujeira no ventilador. Depois que sua identidade foi revelada no domingo, numa entrevista para o jornal inglês The Guardian, ele está no centro de um debate nacional que mistura conservadores e liberais, republicanos e democratas do mesmo lado.

Ele conseguiu juntar do mesmo lado figuras antagônicas da vida pública dos Estados Unidos, como o cineasta maldito, Michael Moore, de tendência mais à esquerda, e  Glen Beck, um jornalista tão conservador que nem a Fox News o aguentou e tirou-o do vídeo. Pois bem, os dois pensam da mesma forma em relação a Snowden, consideram-no um heroi.

Por outro lado, o presidente da Câmara dos Deputados, o republicano John Boehner, adversário ferrenho do presidente Obama, disse em entrevista na manhã desta terça-feira na rede ABC que Edward Snowden é um traidor:  "A divulgação dessas informações coloca os americanos em risco. Isso mostra aos nossos adversários quais são as nossas capacidades de defesa. É uma violação gigante da lei", afirmou Boehner.

À opinião de Boehner estão se juntando outras vozes do Parlamento, indistintamente de um ou outro partido. Bill Nelson, um democrata da Flórida, perguntou: “Isso é uma denúncia ou um ato de traição? Para mim é traição, e acho que todo o pessoal que serve na inteligência também dirá o mesmo”.  A senadora Dianne Feinstein, democrata da Califórnia, pensa da mesma forma que seu colega:  “Eu não vejo isso como uma denúncia, acho que foi um ato de traição”.

No domingo mesmo, em que foi divulgada a identidade de Snowden,  uma petição para perdoá-lo totalmente de todo e qualquer crime que tenha cometido contra as leis do país foi postada no site da Casa Branca.  Nesta terça-feira, a petição já acumulava milhares de assinaturas eletrônicas. Se a petição conseguir 100 mil assinaturas até 09 de julho, o que é extremamente difícil, segundo a tradição das petições postadas no site da Casa Branca, Obama  terá que emitir uma resposta oficial em nome do governo.

Falta ouvir o povão.  Aparentemente o cidadão americano comum está pouco preocupado com a denúncia (ou traição) de Edward Snowden, o homem que deixou no Havaí uma namorada bonita e um salário de 122 mil dólares por ano.  Nesta terça-feira, a mídia já prioriza em suas manchetes a pressão de Obama para que o Parlamento finalmente aprove a reforma da imigração.

Pode ser que tudo acabe em pizza para a mídia, mas não há dúvida de que Snowden será caçado discreta e silenciosamente pelos órgãos de inteligência do país que se julga o mais poderoso da Terra, desafiado por um simples funcionário de uma empresa prestadora de serviço.


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