A demissão do
apresentador Kico Bautista da Globovisión por difundir um comício do líder
opositor Henrique Capriles confirmou nesta segunda-feira a decisão do canal de
TV aberta de evitar qualquer confronto com o governo do 'chavista' Nicolas
Maduro, assinalaram analistas.
Bautista
confirmou à AFP que foi despedido por divulgar em seu programa "Buenas
Noches", na sexta-feira passada, um fragmento do discurso de Capriles
ignorado pela Globovisión, até então o único canal da TV aberta a cobrir as
atividades da oposição.
A direção da
Globovisión emitiu uma nota na noite desta segunda-feira rejeitando a versão de
Bautista e garantindo que o canal não está vinculado a qualquer corrente
política.
"A junta
diretora jamais vetou um funcionário ou dirigente político na tela da
Globovisión (...), nossa política editorial consiste em ampliar a linha de
informação e de opinião a todas as vozes, sem qualquer discriminação".
Analistas
consultados pela AFP concordaram que a demissão de Bautista confirma a mudança
da linha editorial da Globovisión antecipada pelos novos donos do grupo para se
evitar confronto com o governo e obter a renovação da concessão do canal em
2015.
"Estes
novos donos precisam ter alguma conexão com o governo. Não podem comprar o
canal e manter sua linha crítica, de confrontação, quando a concessão está por
vencer", disse à AFP Marcelo Bisbal, especialista em comunicação da
Universidade Central da Venezuela.
Até o dia 13
de maio, a Globovisión pertencia à família Zuloaga, que combatia o 'chavismo' e
cujo patriarca, Guillermo Zuloaga, fugiu para os Estados Unidos após ser
acusado de 'usura' e 'formação de quadrilha'.
"Ninguém
investe dinheiro para perder dinheiro. Os novos donos querem se manter
neutros", destacou Bisbal, que não descarta a ligação dos novos
proprietários com altos dirigentes 'chavistas'.
A Globovisión
foi adquirida por três investidores, liderados por Juan Cordero, ligado à área
de seguros e ao mercado de Valores.
Segundo
Bautista, o próprio Cordero determinou sua demissão "devido à exibição de
trechos do comício de Capriles...".
Carlos Correa,
diretor da organização defensora da liberdade de expressão Espaço Público,
considera que os novos proprietários da Globovisión tomaram a decisão de
restringir os espaços da oposição com uma "perspectiva de mercado",
para "não perder um negócio".
"Um canal
pode mudar sua linha, mas deve ficar atento à audiência. Os antigos
proprietários tinham uma linha editorial e política que era válida. Se agora
restringem o acesso à oposição, vão ter sua oferta informativa afetada".
Segundo
Bautista, "querem colocar a Globovisión no centro e não concordo. O
presidente (Nicolás) Maduro não necessita de nossa cobertura, tem todo o
aparato estatal para fazê-lo. A Globovisión era o contrapeso à mídia
oficial".
Nesta
segunda-feira, Maduro acusou a rede de televisão americana CNN de promover, por
meio de seu canal de notícias em espanhol, um golpe de Estado na Venezuela, em uma
"guerra psicológica" dos meios de comunicação contra seu governo.
O canal de
notícias "CNN em espanhol é uma televisão posta a serviço da
desestabilização, que pede abertamente o golpe de Estado na Venezuela, que
tergiversa a vida política e social de nossa pátria", disse Maduro em um
ato público transmitido pela televisão estatal.
A acusação de
Maduro contra a CNN foi feita enquanto criticava a imprensa de todo o mundo em
geral, sem citar nomes, exceto o desse canal, reprovando uma suposta
"guerra psicológica brutal" contra a Venezuela e seu governo, que
seria impulsionada pela "direita fascista".
Via R7
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