A dependência
química é uma doença crônica classificada pela Organização Mundial de Saúde
cujos sintomas compulsivos reaparecem. Por isso, o dependente não deve ser
tratado como um marginal, mas como um doente que precisa de tratamento.
Em geral, a
decisão inicial de usar drogas é voluntária. No entanto, a dependência pode se
estabelecer e, nesse momento, a capacidade de exercer autocontrole pode ficar
seriamente comprometida. Nesse caso, sair das drogas deixa de ser um ato de
vontade.
Estudos de
imagens do cérebro de dependentes químicos mostram mudanças físicas em áreas do
cérebro críticas para julgamento, tomada de decisão, aprendizagem, memória e
controle do comportamento.
Acredita-se
que essas mudanças alteram o funcionamento do cérebro, explicando, pois, os
comportamentos compulsivos e destrutivos do dependente. Por isso, a dependência
é considerada uma doença mental.
Se o
dependente químico é um doente mental que não possui critério para decidir por
si próprio porque não possui autocontrole, é preciso que alguém decida por ele.
Isso dito, é preciso que existam mecanismos de internação compulsória.
Não bastam
ações que mais parecem o jogo de “gato e rato” ou afirmar que há uma boa
infra-estrutura de assistência hospitalar à disposição daquele que quer largar
as drogas. Não se trata de uma decisão de vontade.
O fato é que,
hoje, quem depende da rede pública para o atendimento de um familiar dependente
de drogas enfrenta uma burocracia que não combina com urgência da situação. Um
dependente em surto coloca em risco sua família e si próprio.
Os mecanismos
de internação compulsória adotados, atualmente, interferem na agilização que a
situação exige. Sem eles, não é possível enfrentar o problema da cracolândia.
Acresce que não há, em São Paulo, nenhum hospital de referência em atendimento
aos dependentes químicos. Como é possível enfrentar esse problema sem uma
infraestrutura que de suporte aos encaminhamentos?
Na verdade,
muitos médicos e hospitais sequer sabem como proceder diante da situação e não
atendem o paciente como um doente, mas como um marginal. O usuário é
estigmatizado.
Pergunto às
autoridades: o que fariam se tivessem um filho dependente químico na
cracolândia? Deixá-lo-iam “perambular em busca de mais droga até que ele
pedisse ajuda?” Não se trata apenas de um problema de segurança, mas também de
saúde pública. Aceitem ou não é uma doença que precisa de tratamento
especializado.
Às autoridades
faltam compaixão e bom senso.
*Beatriz
Silva Ferreira
Fundadora do
Grupo Amor Exigente/São Luís
Especialista
em Dependência química
Mediadora e
terapeuta Famíliar
Autora dos
livros Só Por Hoje Amor Exigente e Filhos que Amam Demais
Participação
de um capítulo do livro “Aconselhamento em Dependência Química.”, organizado
por Neliana Buzi Figlie, Selma Bordin e Ronaldo Laranjeira
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