Marketing multinível (MMN), também conhecido como marketing de rede, é um sistema de marketing caracterizado pela formação de uma rede de contatos por meio da
indicação de novos associados por parte dos antigos.
De acordo com Will Marks1 , “O marketing de rede é
um sistema de distribuição, ou forma de marketing, que movimenta bens e/ou
serviços do fabricante para o consumidor por meio de uma ‘rede’ de contratantes
independentes”.
Conceito
O marketing multinível é um sistema derivado das vendas diretas. Este sistema em forma de rede (networking) tem se consolidado num cenário de revolução organizacional. Segundo alguns estudiosos de administração, o marketing de rede é considerado um sistema mais eficaz em determinadas situações de mercado.2
Segundo tais autores, a globalização alterou a disposição do cenário econômico nos anos 80. Sendo assim, as empresas começaram a caminhar em direção ao marketing de relacionamento, justificando a necessidade de criar vínculos de fidelização com os clientes.
O sistema de marketing multinível possui vários sinônimos. Entre as denominações que o mercado mais utiliza, estão:
· Marketing de mídias sociais (MMS)
· Marketing de Rede (MR)
· Marketing Multinível (MMN)
· Multi Level Marketing (MLM)
· Network Marketing (NM)
Ondas
A evolução do sistema de marketing multinível divide-se em ondas (períodos). Ou
seja, cada onda possui características diferentes no que se refere ao modelo de sistema multinível e suas especificidades.
As ondas historicamente definidas são:
Primeira onda (1941 - 1979)
A primeira onda inicia-se logo após a criação do marketing multinível por Carl, quando o primeiro
plano de comissões para diferentes níveis foi implantado em sua empresa naquela
época. Durante este mesmo período, algumas pessoas e empresas aproveitaram o
desenvolvimento do sistema de marketing em rede e desenvolveram o esquema em pirâmide. Este tipo de esquema
possui uma estratégia bem parecida com o marketing multinível. Porém, a
diferença essencial é que o multinível é uma ferramenta de negócios com o fim
de comercializar produtos e/ou serviços, diferentemente do sistema em pirâmide,
que recruta pessoas com o intuito de movimentar dinheiro somente.
O fim da primeira onda dá-se quando a Comissão Federal de Comércio3 , em 1979, define o marketing multinível
como um negócio legítimo, ao contrário do esquema em pirâmide.
Segunda onda (1980 - 1989)
No início da década de 80, algumas centenas de empresas que
utilizavam o sistema de marketing multinível explodiram nos Estados Unidos.
Grande parte delas nascia em garagens e fundos de quintais sem nenhuma
estrutura básica de organização. A experiência frustrou muitos negociantes e
distribuidores que aderiram ao sistema de marketing multinível. Naquela época,
os distribuidores acumulavam milhares de funções, além da necessidade de
comprar cada vez mais produtos a fim de subir nos planos de carreira das
empresas. Essa quantidade de fatores negativos resultava em estoques parados,
desgaste físico e emocional dos distribuidores e, no final das contas, pouca ou
nenhuma margem de lucro.
Terceira onda (1990 - 1999)
A terceira onda é caracterizada pela presença de novas tecnologias
e mão-de-obra especializada na administração desses tipos de negócios. Neste
cenário, executivos profissionais trabalhavam para reverter a imagem do
marketing de rede e torná-lo menos árduo para os distribuidores. As companhias
apostavam em sistemas informatizados, novas tecnologias de comunicação e técnicas
sofisticadas de administração, a fim de tornar o marketing multinível mais
eficaz. Outro fator de destaque é que as condições dos planos de compensação
ficaram mais plausíveis. Ou seja, os distribuidores deixaram de ser
pressionados a investir mais tempo e dinheiro do que dispunham para tocar o
negócio.
Quarta onda (anos 2000)
Esta onda levou alguns especialistas a acreditarem que o marketing
de rede cresceria ainda mais no século XXI, o que tem se confirmado. Prova
disso é que grandes empresas multinacionais têm investido em empresas de marketing
multinível ou em programas próprios de marketing de rede em suas empresas. Este
impacto é resultado da imagem que o marketing multinível tem construído por
meio das empresas que trabalham com o sistema e o aplicam com seriedade.
Quinta onda
Atualmente, estamos no desenrolar da quinta onda, entendida como a
associação dos conceitos de "marketing network" ou "marketing
multinível - MMN" com a internet, sendo este o caminho mais eficiente para
a criação de um bom "network", afinal, conceitualmente, a
"internet" nada mais é do que uma rede mundial de computadores. Além
da ampliação da rede de contatos dos distribuidores, a internet agrega
inovações ao processo de comunicação e relacionamento entre empresas,
distribuidores e consumidores. Novas empresas do ramo de MMN contam com esta
tecnologia desde seu projeto inaugural, enquanto outras têm buscado a
reengenharia como recurso para acompanhar o movimento da "nova onda".
Modelo de negócio
De acordo com a obra de Bernard Lalonde4 , “É cada vez maior o número de
companhias dispostas a confiar a distribuição de seus produtos e a atenção
personalizada a seus clientes a terceiros especializados”, o que reforça a
ideia de o modelo de marketing de rede ser uma grande tendência em diversos
segmentos de mercado.
O marketing multinível faz parte de um conjunto de canais por onde
um fabricante pode fazer com que seus produtos cheguem ao seu consumidor. Além
do marketing multinível, os outros canais que realizam esta tarefa são: varejo, vendas diretas e
vendas por catálogos ou ordem postal.
· Varejo: O produto é
comercializado por meio de estabelecimentos como farmácias, mercearias,
mercados etc. Segundo Kotler,5 , “o varejo inclui todas as atividades
envolvidas na venda de bens e serviços diretamente aos consumidores finais para
uso pessoal [...]”.
· Vendas Diretas: A venda direta é
um sistema de comercialização de bens de consumo e serviços diferenciados, baseado no
contato pessoal entre vendedores e compradores, fora de um estabelecimento
comercial fixo. Este tipo de venda é muito comum quando se trata de cosméticos, perfumes, artigos para o
lar e afins. Táticas como vendas de porta-em-porta e reuniões em casa são
bastante difundidas pelas vendas diretas.
· Vendas por catálogo: Como o
próprio nome diz, as vendas são realizadas por meio de revistas e jornais enviados para o consumidor.
· Marketing multinível: Este tipo
de canal derivou das vendas diretas. Porém, em essência, possui algumas
diferenças. A fim de exemplificar o funcionamento do sistema, vamos supor uma
situação em que o sistema de marketing multinível pode ser aplicado:
Funcionamento
O MMN é geralmente usado por uma empresa (fabricante, importadora,
distribuidora) de produtos ou serviços que entende que, por necessidades e
estratégia de mercado, bem como possíveis vantagens financeiras,
administrativas e logísticas, aquilo que vende terá maior sucesso utilizando
esse canal de vendas.
O crescimento da base de clientes é limitado pela quantidade de
pessoal de vendas e, para aumentar a presença no mercado, é solicitado aos
representantes que recomendem pessoas interessadas em trabalhar no mesmo cargo.
Como incentivo é oferecido um prêmio para cada recomendação.
Àqueles que recomendam novos vendedores é dada também uma comissão
sobre as vendas de cada um dos indicados, de forma a incentivar a busca por
bons profissionais e o treinamento destes. Se os indicados também recomendarem
outros, é iniciado o processo de formação da rede de vendedores. Os vendedores
assumem uma postura empreendedora e independente, controlando suas próprias
redes e negócios, mas ainda vendendo os produtos do fabricante original.
Estrutura
Assim como em outras estruturas empresariais, uma empresa de
marketing multinível é composta por cargos e funções específicas em sua
estrutura. Ou seja, cada cargo ou função fica responsável por cada etapa do
processo. Esse conjunto de responsabilidades sustenta a ampliação da rede e,
consequentemente, a inserção dos produtos comercializados em novos mercados sem
deixar de suprir as necessidades dos antigos clientes e distribuidores.
Basicamente, os setores, cargos e suas respectivas funções são:6
·
Presidente e CEO - Possui
responsabilidade total sobre as funções da empresa.
· Vendas - Responsabilidade sobre
os recrutamentos, treinamentos, desenvolvimento e motivação da força de vendas
dos distribuidores independentes. O executivo de vendas também é responsável
por desenvolver e promover o negócio como um produto, incluindo design e atualização
dos materiais do kit de vendas inicial (kit de patrocínio).
· Marketing - Este setor se
encarrega da seleção e manutenção da linha de produto apropriada para que a
organização de vendas (distribuidores) possa vender. Fatores como preço,
promoção, relações públicas, comunicações de
marketing, posicionamento e lucratividades também são responsabilidades
inerentes ao setor de marketing, assim como o sucesso de lançamento dos
produtos pesquisas de marketing e análises competitivas.
· Operações: - O setor de operações
dá suporte às etapas de produção, compras, distribuição, embarque de
mercadorias e controle de inventários.
· Suporte Administrativo e
Financeiro - Algumas funções como gerenciamento de informações, jurídico, de
recursos humanos, planejamento financeiro e contábil são as responsabilidades do setor.
·
Desenvolvimento de Produto - O
desenvolvimento de produto deve representar uma ação entre representantes de
vendas, marketing, operações e financeiro. Essa ação conjunta dos setores forma
o Comitê de Desenvolvimento de Produto. A criação e desenvolvimento de um novo
produto dependem da exigência do mercado. Esse desenvolvimento deve visar ao
aumento de pedidos e/ou estímulo para recrutamento de novos distribuidores.
· Departamento de Suporte - Este
departamento deve assegurar a interação entre os distribuidores ou
representantes. A importância da ênfase da tecnologia nesse processo é
essencial, pois, além de transmitir segurança e rapidez no contato com a
empresa e os outros setores, transmite-lhes a certeza de estarem trabalhando
com uma empresa que se preocupa em atingir excelência.
Algumas ferramentas de suporte aos distribuidores são: ligações
gratuitas (0800), revistas mensais, informações organizacionais, fax, teleconferências,
treinamentos e reuniões, materiais de vídeo e áudio.
Fatores legais
Este é um ponto crítico pelo fato de envolver julgamentos éticos e
morais em relação ao marketing multinível.
Segundo Buaiz7 : “No marketing de rede temos visto
que alguns distribuidores estão mais preocupados em utilizar-se de todos os
recursos antiéticos – mentiras, ilusão e pressão psicológica, por exemplo –
para promover um crescimento mais acentuado em suas organizações.”
A conseqüência dessas atitudes é a desconfiança em massa em
relação ao sistema de marketing multinível. Milhares de pessoas se decepcionam
com o sistema quando descobrem que foram enganadas pela empresa “X” ou
distribuidor “Y”.
A impressão negativa difundida pelo senso comum resultou na
comparação direta entre o sistema de marketing multinível e o esquema em
pirâmide.
No final da década de 70, várias diretrizes foram criadas a fim de
legitimar as operações de marketing multinível. Dentre elas, as principais são:
a) Os distribuidores foram instruídos a vender (ou usar) 70% dos
produtos que compram da empresa com o objetivo de não gerar estoques com o
único intuito de aumentar o cheque das comissões (front-loading)
b) As empresas deveriam ter uma política de recompra, na proporção
de 90% do preço dos produtos, para os produtos não vendidos daqueles que
desistiram de continuar o negócio.
A adoção de normas rígidas e organização das empresas de vendas
diretas no Brasil deram origem a uma entidade denominada Associação Brasileira
de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD)8 . Esta entidade passou a adotar
códigos de conduta promovidos pela World Federation of Direct Selling
Association (WFDSA)9 . Os códigos de conduta10 visam a proteger consumidores e
vendedores diretos para alertá-los contra ações de má-fé ou descuido nas
relações existentes. Dentre os temas abordados estão: critérios de
recrutamento, informações sobre produtos, estímulo à formação de estoque,
respeito à privacidade do consumidor, critérios e prazos para devolução dos
produtos.
Criticas ao sistema
O sistema de marketing multinível ainda está sujeito a muitos
questionamentos em relação à sua eficácia.
Alguns argumentos questionam a credibilidade das empresas que
trabalham com o marketing multinível. Os dois mais lógicos são relacionados à
saturação do mercado e à confiabilidade de algumas empresas de marketing
multinível.
Saturação
A questão da saturação é matemática. Supondo que na rede cada
indivíduo tivesse 10 pessoas sob sua liderança, o número de associados
superaria a população mundial alguns níveis logo abaixo do inicial. O resultado
seria saturação do negócio e a impossibilidade de expansão.
De fato, a lógica tem sentido. Porém, é importante considerar
alguns pontos antes de um julgamento final. Até hoje não há comprovação de que
sistemas de marketing multinível tenham se saturado. Considerando o consumo
como um fator dinâmico e regulador de demandas, um negócio
estático (não-dinâmico) sequer chegaria ao ponto de saturação. Nem todos estão
dispostos a aderir ao sistema de marketing multinível, seja por desconfiança ou
por falta de interesse. A gama de serviços e produtos que podem ser oferecidos
a nichos e mercados específicos estimula a concorrência e freia a tendência de
saturação. Por estes e outros motivos, assim como em outras atividades, o
marketing multinível é passível de saturação. Porém, é preciso contextualizar
sua aplicação no mercado antes de fazer qualquer afirmação.
Um exemplo prático desse raciocínio é o fato de que o marketing
multinível se baseia em receita advinda de venda direta de produtos ou
percentual sobre as vendas de pessoas indicadas ao negócio. Como muitas pessoas
irão desistir da atividade ao longo do tempo, o trabalho do
"distribuidor-chefe" passa a ser não promover o crescimento
exponencial de pessoas sob sua tutela, e sim manter o número mínimo de
subordinados que sustentem seus rendimentos indiretos, por comissão de vendas.
Por isso o marketing multinível nunca atinge um patamar de saturação,
diferenciando-se da pirâmide, embora guarde muitas semelhanças com este
sistema. [carece de
fontes]
Credibilidade negativa
É um fator que causa constantes desistências e decepções. Empresas
de caráter duvidoso que se aproveitam da ingenuidade de parte da população
constroem discursos de lucros altos com pouco trabalho e retorno rápido.
Assim que se comprova que as afirmações de dinheiro fácil são
enganosas, os distribuidores que aderiram ao sistema percebem que o negócio não
funciona como prometido. Em alguns casos, o investimento de grandes quantias de
dinheiro e tempo naquele negócio traz enormes prejuízos aos associados das empresas
com credibilidade duvidosa.
Marketing multinível e esquema em pirâmide
Algumas empresas têm mascarado o esquema em pirâmide sob o sistema
de marketing multinível.
Um esquema em pirâmide é um modelo comercial não-sustentável que
envolve basicamente a permuta de dinheiro pelo recrutamento de
outras pessoas para o esquema sem que qualquer produto ou serviço seja
entregue.
Referências
1. ↑ MARKS, Will. Marketing de rede: O guia
definitivo do MLM (multi-level marketing. São Paulo: Makron Books, 1995.
2.
↑ MILES, Raymond E. & SNOW, Charles C..
Causes of Failure in Network Organizations. Harvard Business School, volume 34,
número 4, p. 53-72, 1992.
4. ↑ LaLONDE, Bernard J.. HSM Management:
Informação e É tempo de integração. Conhecimento para gestão empresarial,
Editora Savana Ltda., p.56-62, ano 4, n°21,jul-ago., 2000.
5. ↑ .KOTLER, Philip. Administração de Marketing –
análise, planejamento, implementação e controle. 4.ed. São Paulo: Ed. Atlas,
1996.676p,
6. ↑ MOORE, Angela L. Building a successful
network marketing company: the systems, the products, and the know-how you need
to launch or enhance a successful MLM company. USA: Prima Publishing, 1998.
7. ↑ BUAIZ, Sérgio. Marketing de Rede a fórmula da
liderança : tudo o que você precisa saber para irradiar energia e
confiança dentro de suas organizações. Rio de Janeiro: Instituto MLM Brasil,
1998
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