Por João
Ozorio de Melo *
A ex-ministra da Suprema Corte de Michigan
Diane Hathaway (foto) se declarou culpada por crime de fraude bancária em um
tribunal federal do estado, na terça-feira (22/5). Ela será sentenciada na
próxima terça-feira (28/5) e pode ir para a cadeia, de acordo com os jornais The
Washington Post,Detroit Free Press e outras publicações.
Nesta
quarta-feira, os promotores federais entregaram um memorando ao juiz,
recomendando uma pena de prisão de 12 a 18 meses. A ex-ministra vai pedir ao
juiz que converta sua pena em prestação de serviços comunitários, com liberdade
condicional.
Ela renunciou
ao cargo de ministra em janeiro, depois que a Comissão de Mandato Judicial
confirmou a fraude e recomendou sua suspensão, enquanto o caso estivesse sob
investigação.
Em novembro de
2012, a procuradora Barbara McQuade moveu uma ação civil contra a ex-ministra.
Ela foi acusada, basicamente, de enganar uma instituição de financiamento
habitacional para obter vantagens em uma operação imobiliária. Com a fraude,
conseguiu se livrar de uma dívida de US$ 600 mil.
A dívida se
referia ao financiamento de sua casa em Michigan. A crise no mercado
imobiliário nos EUA resultou em uma desvalorização considerável dos imóveis, ao
mesmo tempo em que o sistema de juros variáveis aumentou o preço das prestações
e o valor da dívida. Assim, vender a casa para quitar a dívida deixou de ser
uma solução honesta.
Uma boa
parcela dos mutuários passou a ter dificuldades para pagar o financiamento
habitacional e os bancos começaram a executar as dívidas. De posse das casas,
os bancos as colocavam à venda, mas o dinheiro obtido não era suficiente para
cobrir as dívidas. Resultado: os mutuários ficavam sem suas casas, mas ainda
com dívida no banco e o nome sujo.
Com o apoio do
governo, surgiu uma solução honesta para as pessoas comprovadamente sem
recursos. Elas podem convencer os bancos a colocar a casa em um sistema de
venda rápida, chamada “short sale”, uma vez que não dispõem de recursos ou de
bens para quitar a dívida. Nesse caso, o banco vende a casa rapidamente, pelo
preço que conseguir, e considera quitada a dívida do mutuário.
No seu caso, a
ex-ministra teria dificuldades de convencer o banco de que estava em situação
econômica difícil, porque ela e seu marido, o advogado Michael Kingsley,
tinham, por exemplo, uma casa em uma região rica da Flórida, avaliada em US$
1,4 milhão.
A solução que
o casal encontrou foi passar a casa na Flórida para o nome de um parente. E ela
também informou ao banco que teria de deixar a Suprema Corte e ficaria sem
trabalho. O banco concordou em colocar a casa de Michican em “short sale” e,
assim, a dívida de US$ 600 mil desapareceu.
Em um
memorando entregue ao juiz para informar a sentença, os promotores Daniel
Lemisch e Patrick Hurford argumentaram que a fraude da ex-ministra não foi um
ato de pessoa leiga e desesperada, que faz uma coisa errada por impulso. Ao
contrário, foi bem calculada.
“A ré conhece
muito bem a lei, considerando que trabalhou cinco anos na Promotoria e 20 anos
no Judiciário, ocupando diversos cargos de juíza. E ela sabe muito bem como
funciona todo o sistema de financiamento de casas, porque é licenciada como
agente imobiliária desde 1980. Ela tomou uma decisão muito bem informada de
fraudar o banco para obter vantagens financeiras”, eles escreveram.
“Na verdade,
foi uma decisão tão desonesta quanto infeliz”, disse aos jornais a procuradora
Barbara McQuade. Nas investigações, ela descobriu que o banco teria aceitado
colocar a casa de Michigan em “short sale”, mesmo se ela declarasse que ela e o
marido tinham a casa na Flórida.
João
Ozorio de Melo* é correspondente da revista Consultor Jurídico nos
Estados Unidos.
Via revista
Consultor Juridico
Ministros que fazem titica também podem pegar cana. Pelo menos la nos EUA.
ResponderExcluirMarcos Protelio
Via Facebook...
ResponderExcluirCada um rouba o que pode quando há crise no mercado e se pensa que o mundo está acabando... Andam todos e agora também TODAS ao mesmo, até a presidentA.... rsrsrsr
Rui Alberto Monteiro Rodrigues