Ao assumir a
direção nacional do PSDB neste sábado no lugar do deputado federal Sérgio
Guerra (PE), o senador mineiro Aécio Neves finca os pés na próxima corrida
presidencial e se antecipa a outros potenciais candidatos à disputa, que vivem
situação indefinida a um ano e cinco meses do pleito.
Candidato
único à presidência do partido na convenção nacional da sigla, Aécio negociou
postos da Executiva com o PSDB de São Paulo na tentativa de aplacar
resistências de tucanos paulistas à sua intenção de concorrer ao Planalto. Por
meio de aliados, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o ex-governador
José Serra estarão representados na direção da legenda.
Um dos motivos
do arranjo é tentar convencer Serra a permanecer no PSDB.
Especula-se
que o tucano considere migrar de partido para disputar a Presidência outra vez,
o que, em tese, poderia dividir o eleitorado de Aécio.
No comando do
PSDB, o senador de Minas terá mais visibilidade e representará os tucanos em
viagens pelo País, nas quais poderá costurar apoios à sua candidatura. Aécio
tenta se firmar como o principal candidato da oposição ao governo da presidente
Dilma Rousseff, que já anunciou o desejo de disputar a reeleição.
Candidaturas
incertas
Nos próximos meses, outros dois políticos proeminentes poderão entrar na disputa: a ex-senadora Marina Silva e o governador pernambucano Eduardo Campos (PSB). As candidaturas de ambos, porém, ainda são incertas.
Terceira
colocada na eleição de 2010, com 20 milhões de votos, Marina tenta colher 500
mil assinaturas até outubro para fundar seu novo partido, a Rede
Sustentabilidade. Mesmo que a sigla seja registrada no prazo e Marina se lance
à disputa, a Rede corre o risco de não ter acesso ao fundo partidário nem à
propaganda eleitoral gratuita na TV, caso o Congresso aprove um projeto de lei
em tramitação que dificultaria a criação de novas legendas.
Campos, por
sua vez, tem se recusado a dizer se concorrerá à eleição, embora venha se
portando como candidato em sucessivos eventos, fazendo diversas críticas ao
governo federal. O pernambucano é um dos governadores com maior aprovação
popular do país e poderia, em tese, enfraquecer a candidatura de Dilma no
Nordeste.
Em abril, num
possível ensaio para sua campanha, ele deu início a uma série de debates que
ocorrerão em várias cidades brasileiras. As "Oficinas Diálogos do
Desenvolvimento Brasileiro" buscam discutir uma nova agenda para o
desenvolvimento para o País. A posição do governador, porém, é ambígua, já que
seu partido, o PSB, integra a coalizão governista e ele não anunciou a vontade
de romper com o PT.
Apoio total
Enquanto Campos e Marina lidam com incertezas, Aécio avança na corrida, mas ainda tem a missão de unificar o PSDB em torno de si. Embora já se assuma como presidenciável e tenha entre seus fiadores caciques tucanos como o ex-presidente FHC e Sérgio Guerra, o mineiro não tem o apoio total da sigla à sua candidatura.
Em declaração
a jornalistas na última quinta-feira, Alckmin disse que o PSDB tinha vários
bons candidatos ao próximo pleito presidencial e que a sigla só escolheria seu
representante na disputa no fim deste ano.
Serra tampouco
tem respaldado o mineiro. Segundo aliados, a postura do ex-governador paulista
reflete, além de diferenças pessoais com Aécio, seu descontentamento com a
posição do mineiro quando Serra disputou a Presidência, em 2002 e 2010.
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