Brasília
- Nesta semana, os senadores começam a avaliar o projeto de lei que impede a
transferência do tempo de propaganda política no rádio e na televisão e da
maior parte dos recursos do Fundo Partidário, no caso de mudança de um deputado
para outro partido. A matéria foi aprovada na semana passada na Câmara dos
Deputados por 240 votos favoráveis. Apesar de poucos deputados (30) se
posicionarem contrários ao texto, no Senado a discussão deve ser marcada por
mais pressões e resistências.
Assim
como na Câmara, os senadores se dividem entre os que defendem a proposta,
alegando que a matéria fortalece os partidos políticos e faz justiça àqueles
que perderam parlamentares ao longo da legislatura, e entre os que criticam a
matéria, alegando que a mudança não deveria ser debatida neste momento, às
vésperas das próximas eleições, marcadas para o ano que vem. Entre os deputados
contrários, muitos argumentam que a proposta foi “casuísmo” do governo para
impedir o acesso ao tempo de propaganda para os partidos criados.
Pela
lei atual, quando um deputado muda de partido durante o período em que exerce o
mandato para o qual foi eleito ele leva para a nova legenda o tempo de
propaganda e os recursos do fundo, calculados de acordo com a proporção de
representantes na Câmara dos Deputados. Pelo projeto aprovado na última semana,
quando o deputado mudar de partido depois da eleição, a distribuição do fundo e
do tempo de propaganda não será alterada e continuará valendo a que for feita a
partir do número de deputados eleitos por partido.
Para
o senador Wellington Dias (PT-PI), a garantia do tempo de propaganda e de
recursos do fundo para novos partidos não é justa já que a legenda não passou
pelo crivo das urnas. O líder do PT no Senado disse que essa regra prejudica os
partidos que já estão constituídos e têm uma definição ideológica.
“É
necessário que o partido se estabeleça para depois ter direito ao fundo
partidário e ao tempo de televisão. A critica que faço é não termos feito a
reforma política logo depois das eleições [de 2010], agora esse projeto está
contaminado pelas eleições de 2014”, disse ele. O senador acredita que a única
forma de minimizar os impactos para as próximas eleições seria a votação
integral do projeto até o final deste semestre. “É praticamente impossível o
Senado aprovar até julho esse projeto de lei da Câmara. Acho que perdemos o timing”,
avaliou.
O
projeto prevê que a transferência ocorra apenas nos casos de fusão e
incorporação de partidos. A assessoria do deputado Edinho Araújo (PMDB-SP),
autor da proposta, explicou que apenas os 5% do Fundo Partidário serão
distribuídos, inclusive entre os partidos criados, seguindo as regras que
beneficiam todos os partidos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Os demais 95% dos recursos vão ser divididos de acordo com a representação na
Casa.
Uma
emenda apresentada pelo deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) e aprovada pelos
deputados também incluiu uma nova distribuição do tempo de propaganda
eleitoral. Pela proposta, o tempo dividido entre os partidos passa do atual um
terço do total para um nono. Ou seja, dois terços do tempo que hoje é repartido
igualmente entre as legendas vão seguir a distribuição feita nas eleições de
2010.
O
líder do PMDB, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), também defendeu que os
partidos passem pelo processo eleitoral para que possam ter direito aos
benefícios, mas adiantou que essa é uma opinião pessoal e que a posição da
bancada ainda vai ser definida quando o projeto chegar ao Senado. Segundo ele,
apesar de sua convicção, as regras atuais do Tribunal Superior Eleitoral
equiparam os benefícios entre partidos que foram fundidos e partidos criados.
“Trata-se
de uma matéria polêmica e toda matéria polêmica é difícil de ser aprovada.
Ainda assim, não acho que só isso vá resolver o problema eleitoral do país e
não consigo enxergar interferência externa nessa questão”.
Agência
Brasil
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