Por Antonio
Tozzi - no site Direto da Redacao
Na
semana passada, debatemos quão nociva pode ser a influência da religião sobre
mentes instáveis. Infelizmente, constatamos a confirmação esta semana em
Boston. Desnecessário recapitular o que ocorreu na Maratona de Boston, dada à
ampla cobertura da mídia. Todos sabem que dois irmãos chechenos, Tamerlan e
Dzhokhar Tsarnaev, montaram duas bombas e as detonaram perto da linha de
chegada da maratona, matando três pessoas e ferindo outras centenas.
Depois
de uma intensa caçada humana, Tamerlan, o mais velho, morreu durante uma troca
de tiros com os policiais, enquanto o menor foi capturado um dia mais tarde,
bastante ferido e encontra-se hospitalizado em estado crítico. Mesmo asssim,
deverá ser formalmente acusado por ter praticado atos de terrorismo.
Além
da violência dos atos, o que as autoridades querem descobrir foi o que motivou
os irmãos Tsarnaev a perpetrar um ato contra pessoas de um país que os recebeu
de braços abertos. Eles vieram para cá por medo de serem massacrados pelo
exército russo e procuraram ambientar-se em uma comunidade de chechenos que
encontrou abrigo nos Estados Unidos.
Vale
lembrar que os conflitos étnicos nas antigas repúblicas soviéticas são
constantes. Todas odeiam a Rússia que as subjugou durante a ditadura comunista
e as obrigou a se integrarem na marra. Daí, viu-se que países com fortes ligações
com a Europa, como era o caso da Letônia, Estônia e Lituânia, estavam juntos
com países de forte influência árabe e muçulmana, como Chechênia, Daguestão,
Turcomenistão e Quirgistão, e a outros como Casaquistão, cujas raízes eram
marcadamente asiáticas. Para manter a coesão deste cadinho cultural, só mesmo
usando a força bruta, como fizeram Josef Stalin e seus sucessores.
Entretanto,
com a ruína da União Soviética, o ódio aos dominadores e os conflitos étnicos
afloraram de maneira quase incontrolável. Para conter as insurreições na
Chechênia, Geórgia e outras ex-repúblicas, Vladimir Putin não hesitou em enviar
tropas russas para sufocar as rebeliões e punir os líderes revolucionários.
Como não podiam combater as forças armadas russas, mais bem equipadas e melhor
treinadas, decidiram usar a tática da guerrilha. Assim, tornou-se comum ações
terroristas em locais públicos das principais cidades russas, sobretudo em
Moscou, com bombas explodindo em metrô e onde houvesse aglomeração de pessoas.
Posando
de intermediário, o governo dos Estados Unidos tentou apaziguar a situação e
atuou como um poder moderador e, de certa forma, defendeu as populações das
antigas repúblicas soviéticas de serem agredidas e atacadas pelas tropas
russas. Em alguns casos, ofereceu até mesmo asilo político para aqueles que se
sentiam ameaçados.
Diante
desse quadro geopolítico, a vinda dos irmãos Tsanaerv foi recebida com
normalidade. Eles tentaram enquadrar-se no modo de vida americano. E, de certa
forma, conseguiram. Tamerlan, de 26 anos, o mais velho, estava preparando-se
para estudar engenharia e treinava forte para se tornar um pugilista. Ele até
queria integrar a equipe de pugilismo dos EUA na Olimpíada do Brasil. Dzhokhar,
o mais novo, de 19 anos, estudava Biologia Marinha na Universidade de
Massachusetts-Darthmouth, uma das mais conceituadas do país.
Tudo
ia bem até que Tamerlan fez uma viagem ao seu país natal, onde passou seis
meses. Na volta, o tio dos rapazes, que os criou, começou a estranhar a atitude
do sobrinho, que se tornou um muçulmano fanático. Ele deixou de estudar e
trabalhar para se dedicar apenas a essas atividades. Provavelmente, foi
influenciado por pessoas que vivem na Chechênia. Entretanto, o grupo rebelde do
Cáucaso do Norte negou que tenha participado deste ato terrorista, porque,
segundo seus líderes, “apenas combatemos a Rússia, que não apenas é responsável
pela ocupação do Cáucaso, mas também por crimes monstruosos contra os
muçulmanos”.
Embora
possa não ter tido uma orquestração internacional, ficou evidente que Tamerlan
já flertava com ideias radicais, tanto que havia sido investigado antes pelo
FBI, após dicas das autoridades russas. Entretanto, após uma verificação, não
conseguiram encontrar nada que o incriminasse. Dzhokhar, por sua vez, estava
totalmente integrado e se tornou cidadão americano no ano passado.
A
influência do irmão, porém, o levou a cometer essa barbaridade. Agora, nem
mesmo as autoridades americanas sabem como proceder neste caso. Ele é
terrorista, mas também um cidadão americano, portanto, não pode ser enviado
para Guantánamo, por exemplo. A verdade é que será severamente punido.
Como
lamentou o tio deles: “Dzhokhar foi somente mais uma vítima de Tamerlan”.
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