Região
Norte possui maior proporção de deputados com atuação ligada à religião
Em
quase todas as Assembleias Legislativas do Brasil, o número de deputados
evangélicos cuja atuação política é marcada por sua religião é bem maior que o
de católicos, revela levantamento inédito do Estado. Em todos os Estados,
aqueles que se declaram católicos ainda são maioria da população.
Em
quase todas as Assembleias Legislativas do Brasil, o número de deputados
evangélicos cuja atuação política é marcada por sua religião é bem maior que o
de católicos, revela levantamento inédito do Estado. Em todos os Estados,
aqueles que se declaram católicos ainda são maioria da população.
Assim
como no Congresso, que tem uma frente evangélica oficial, nas Assembleias
também são os pentecostais que trazem suas convicções religiosas e morais para
o topo de sua agenda. É um fenômeno relativamente novo no Brasil, que resulta
de uma mobilização de diversas igrejas pentecostais – principalmente a
Assembleia de Deus, a Igreja Universal do Reino de Deus e a do Evangelho
Quadrangular – para ocupar espaço no Legislativo, na mídia e na paisagem das
cidades, com seus templos espalhados pelo Brasil (e por muitos países do
mundo).
Dos
Estados mais ricos e populosos, o Rio de Janeiro é o que tem a maior fatia de
evangélicos militantes em sua Assembleia Legislativa: 21%, próximos dos 29% de
evangélicos na população. A de São Paulo também é expressiva: 11% de deputados
evangélicos militantes para 24% de pessoas que se declararam evangélicas no
Censo de 2010.
A
região Norte é a que tem as maiores porcentagens. A Assembleia Legislativa do
Acre apresenta a maior proporção de evangélicos militantes do País: 33% –
exatamente a fatia de evangélicos na população. A do Amapá vem em segundo
lugar: 25% dos deputados buscam o voto dos evangélicos, que são 28% da
população.
Rondônia,
com 17% de deputados evangélicos militantes, e Pará, com 12%, vêm atrás. Mato
Grosso do Sul, Paraná, Distrito Federal, Goiás e Espírito Santo também se
destacam.
Todos
os Estados têm evangélicos militantes em suas Assembleias. Em contraste, em 13
parlamentos estaduais a reportagem não detectou nenhum deputado cuja fé
católica seja relevante na sua atuação política. Apenas no Rio Grande do Norte
e na Paraíba há a mesma proporção de evangélicos e católicos militantes: 4% e
1%, respectivamente.
Mesmo
nesses casos, a desproporção é muito grande quando se compara com o contingente
de fiéis nas respectivas populações: dentre os potiguares, 76% se declaram
católicos e 15%, evangélicos; dos paraibanos, 77% são católicos e 15%,
evangélicos. No Estado mais católico do Brasil, o Piauí, não foi identificado
nenhum militante dessa fé na Assembleia, que tem 6% de evangélicos engajados
politicamente – para 10% de evangélicos na população.
Desse
levantamento foram excluídos os deputados protestantes e católicos cuja
religião é conhecida, mas não fica explicitada na sua busca por votos nem na
sua atuação parlamentar. Esses números, obtidos por meio de entrevistas com
jornalistas que acompanham de perto o dia a dia das Assembleias, pesquisas nos
currículos e no noticiário, não obedecem a critérios científicos.
Mas
eles dão uma noção do trabalho sistemático de algumas correntes evangélicas,
que se aglutinam em organizações como a Associação dos Parlamentares
Evangélicos do Brasil (Apeb) e o Fórum Evangélico Nacional de Ação Social e
Política (Fenasp). Em suas reuniões e documentos públicos, essas entidades
afirmam abertamente que seu objetivo é ampliar o número de representantes
evangélicos nos legislativos municipais, estaduais e federal.
Em
apenas três Assembleias – de São Paulo, do Paraná e de Pernambuco – há bancadas
evangélicas oficiais, como a do Congresso Nacional. Nas outras, os deputados
militantes evangélicos atuam como grupo de forma pontual. Por meio de
articulações políticas mais amplas, eles conseguem resultados que transcendem
seus números.
Feliciano
- O exemplo mais recente da crescente atuação política dos parlamentares
evangélicos foi a eleição de Marco Feliciano (PSC-SP) para a presidência da
Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Pastor da
Igreja Assembleia de Deus – Catedral do Avivamento, o deputado é acusado de
racismo e homofobia por ter publicado declarações no Twitter sobre africanos e
homossexuais.
Manifestantes
protestam há mais de um mês na Câmara e em várias cidades pedindo a renúncia de
Feliciano do cargo. Deputados contrários ao pastor abandonaram a comissão.
O Estadão
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