Os deputados
federais Romário (PSB-RJ) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e o engenheiro Ivo
Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog, entregaram hoje (1º), na
Confederação Brasileira de Futebol (CBF), uma petição com quase 53 mil
assinaturas e que foi aberta no dia 18 de fevereiro. O pedido é para que o
presidente da instituição, José Maria Marin, deixe o comando da CBF devido ao
seu envolvimento com o regime militar.
Herzog disse que não havia ninguém
da diretoria da CBF para receber a documentação, que foi entregue no Protocolo
e direcionada também para as 27 federações estaduais e para os 20 clubes de
futebol que compõem o colégio eleitoral da CBF.
“Entregamos cópia da petição, com
mais de 53 mil assinaturas, cópia dos discursos do Marin na época, em 1974 e
outro em 1976, um contra o meu pai e outro quando ele faz os elogios ao
[delegado] Sérgio Fleury. Então, todas as federações estaduais e todos os
clubes de futebol sabem agora quem é José Maria Marin. Cabe a eles se
manifestarem contra, ou, se ficarem calados, é um sinal de conivência”, disse
Herzog.
De acordo com o engenheiro, o
objetivo é fazer com que os times se posicionem quanto à liderança que querem
na Copa do Mundo de 2014. Para Herzog, a falta de um diretor para recebê-los
foi, no mínimo, falta de cavalheirismo, além de um ato antidemocrático. Ele se
diz disposto a conversar, pois suas alegações são contestadas por Marin.
“Eu quero perguntar qual foi o papel
verdadeiro do José Maria Marin naquele tempo. Pelas informações que a gente
tem, foi o pior dos papéis que ele poderia desempenhar, sendo não só conivente
como incentivando a violência do Estado e elogiando os executores”.
O deputado Romário diz que existe o
pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara
para investigar a CBF. “Pelo momento do Brasil, principalmente pelos grandes
eventos que vem pela frente, como Copa das Confederações e Copa do Mundo, eu
acredito que seja de suma importância a abertura dessa CPI, para que o Brasil
realmente tenha noção, antes de começar esses grandes eventos, o que é a CBF, o
que faz e o que vem fazendo essas pessoas que trabalham na confederação e
principalmente no que se refere a essa administração nova”, disse o ex-jogador.
De acordo com a deputada Jandira
Feghali, os documentos reunidos pelo filho do Vladimir Herzog, jornalista que
foi assassinado na prisão em 1975 nas dependências do Destacamento de Operações
de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), órgão ligado
ao Exército, devem ser levados para a Comissão Nacional da Verdade (CNV). “Eu
acho que de imediato, esses documentos que o Ivo Herzog e que essas duas
comissões [da Câmara], da Cultura e do Esporte, trazem à CBF podem ir para a
Comissão Nacional da Verdade. Com a instalação da CPI, claro que isso seria
mais desenvolvido, mas de imediato isso deveria ir para a Comissão da Verdade,
na investigação dos crimes da ditadura, e envolver as pessoas que, direta ou
indiretamente, se envolvem na prisão e nos crimes que foram cometidos pela
ditadura”.
A CNV informa que só tomou
conhecimento da discussão pela imprensa, mas que, se os deputados ou Ivo Herzog
quiserem levar os documentos reunidos, o assunto pode ser investigado. No
momento, não há investigação na comissão sobre o envolvimento de José Maria
Marin com o regime militar.
A assessoria da CBF informou que a
instituição não vai comentar o assunto, mas publicou, em seu site, no dia
13 de março, uma contestação às acusações. Em um dos trechos do texto diz que
que se trata de “má-fé e irresponsabilidade de pseudojornalistas que lá, tal
como agora, com característico ânimo criminoso, empenharam-se na desmoralização
de pessoas de bem, para satisfazer maus instintos, entretendo-se em atirar, em
quem os mira de cima, a lama em que chafurdam esses delinquentes”.
Anteriormente, também havia sido publicado no site da instituição que
o assunto dizia respeito apenas à pessoa de Marin, e não à CBF.
De acordo com Ivo Herzog, o fato da
contestação ter sido publicada no site oficial da instituição, faz
com que a CBF possa responder juridicamente pelo caso.
Agência Brasil
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