Por Antonio
Tozzi
O
governo brasileiro parece estar perdendo o controle da situação de segurança
pública. E, quando se fala em governo, isto refere-se a todas as esferas –
federal, estaduais e municipais, independente de partidos políticos ou
ideologias.
Novamente,
mais episódios macabros e assustadores voltaram a aterrorizar a população, sem
que providências enérgicas venham a ser tomadas. No Rio de Janeiro, Bernardo,
jogador do Vasco da Gama, teria sido torturado por um dos líderes do tráfico de
drogas da favela da Maré por ter paquerado a namorada de um marginal. Aliás, a
moça também teria sido vítima da sanha do criminoso e agredida.
Descontando-se
o fato de Bernardo e outros dois jogadores – Wellington Silva, do Fluminense, e
Charles, do Palmeiras – terem sido, no mínimo, imprevidentes por irem a um
local tão perigoso, é inadmissível que bandidos julguem sumariamente e executem
sentenças cruéis. Pior ainda, o pai da moça ainda criticou Bernardo (que não é
flor que se cheire) por envolver a filha nesta situação, mas não a condenou por
estar envolvida romanticamente com um marginal de alta periculosidade. Bizarro.
Em
São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, uma dentista que mantinha um
consultório nos fundos de sua casa em que vivia com os pais idosos e uma irmã
portadora de deficiência mental foi brutalmente assassinada por uma quadrilha
pelo “crime” de ter apenas R$30 no banco.
Os
marginais entraram no consultório da profissional fingindo que precisavam
de atendimento e a amarraram. Um deles ficou vigiando a dentista enquanto
outros saíam de carro com os cartões dela para rapar suas contas bancárias.
Decepcionados com o fraco resultado, avisaram o comparsa que, com a maior
frieza, jogou álcool na mulher e ateou fogo nela, queimando-a viva. Realmente,
uma crueldade sem tamanho. O duro é que ela era o esteio e a mantenedora da família
que dependia dela financeiramente. Ou seja, cometeram um crime horrendo e ainda
destroçaram uma família por nada.
Agora,
convenientemente, estão acusando o menor de ter sido o autor do crime ao
colocar fogo na vítima. Isto, é claro, deve ter sido instruído pelos advogados,
uma vez que menores de 18 anos são considerados “crianças” perante a sociedade
brasileira. Ou seja, são inimputáveis perante a lei. Ou, pelo menos, respondem
criminalmente cumprindo medidas “socioeducativas”.
Vamos
falar sério. Já passou da hora de se rever esta lei. Os defensores do Estatuto
da Criança e do Adolescente e dos Direitos Humanos alegam que o Brasil não
dispõe de instituições correcionais adequadas sequer para reabilitar os maiores
de idade, portanto a mudança serviria apenas para aumentar o depósito de
presos.
É
verdade. Reformar todo o sistema prisional brasileiro é uma medida urgente e
inadiável. Entretanto, não se pode conceder "autorização" para
que menores possam matar, roubar, estuprar sem que lhes recaia nenhum tipo de
punição. Hoje, no Brasil, os jovens de 16 anos podem votar e ajudar a
eleger seus representantes. E discute-se também a possibilidade de se reduzir
para 16 anos a decisão para que uma pessoa opte pela troca de sexo, algo que só
pode ser feito atualmente aos 18 anos.
Assim,
é lógico que a diminuição da maioridade penal se impõe. E, a meu ver, não deve
ser algo assim engessado porque senão isto somente representará a troca de
"soldados". Ou seja, o chefão do crime, que hoje arrebanha os menores
de 18 anos para fazerem o serviço sujo por causa da inimputabilidade,
arregimentará os menores de 16 anos e a prática se perpetuará.
O
que é preciso é fazer a emancipação automática em caso de crimes de sangue e
hediondos. Dessa forma, mesmo se um menino de 13 anos for o autor desse tipo de
crime responderá criminalmente por seu ato. Isso, com certeza, diminuirá a
margem de manobras dos chefões do crime, fazendo com que eles provavelmente
sejam os praticantes desses atos bárbaros, preparando-se para responder por
isto perante a Justiça. Na verdade, isso já ocorre em muitos países de todos os
continentes, independente de regime político ou religioso. De certa maneira,
essa modificação servirá para diminuir a má influência dos criminosos mais
velhos sobre os mais jovens.
Evidentemente,
não se trata de colocar os menores de 18 anos para cumprirem penas junto com os
adultos. Eles deverão ficar detidos em alas, separados pela idade e pelo grau
de periculosidade, e quando atingirem a maioridade terão seus crimes avaliados
por uma comissão. Caso fique constatado que o detento cometeu um crime
horrendo, deve ser transferido para o presídio de adultos. Se for um crime leve
e o condenado demonstrar estar arrependido, opta-se por uma pena alternativa.
Apesar
do clamor da sociedade civil, sinceramente acho difícil que a diminuição da
maioridade penal seja aprovada em breve, por dois motivos. Primeiro, por ser
uma cláusula pétrea da Constituição Federal, o que exige uma série de aspectos
para ser modificada; segundo, por causa do lobby dos protetores dos direitos
humanos e dos jovens e crianças, que defendem pequenos delinquentes como se
fossem adolescentes e crianças comuns.
Isso
leva a uma zona cinzenta. Dá-se a impressão de que quem defende a redução da
maioridade é um bando de conservadores empedernidos que não tem a menor
compaixão pelas más condições sociais em que vivem nossas crianças. Ledo
engano. A questão é mostrar que todos devem ser responsáveis perante a
sociedade.
Resta,
porém, aos brasileiros aumentar a pressão para que os membros do Legislativo
parem de fazer ouvidos moucos e tomem as providências que os cidadãos, seus
eleitores, exigem.
Via Direto da Redação
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