Por Henrique Macedo
Os partidários do extinto PCB, de
imediato, deram início a uma autocrítica frente ao esquerdismo assumido durante
o governo deposto. Porém, tal postura não foi unânime, fazendo com que
dirigentes abandonassem o partido, como foram os casos de Carlos Mariguella
(ALN) e Apolônio de Carvalho (PCBR). Criticava-se, então, o que se denominava
"etapismo", ou seja, uma estratégia que pregava a revolução por
etapas, cabendo ao PCB apoiar a burguesia nacional no processo de constituição
de uma sociedade democrática, antifeudal e antiimperialista, deixando para um
futuro distante a luta pela implantação do socialismo. De acordo com os
dissidentes, a estratégia do PCB facilitara a implantação da ditadura, pois
subordinara o movimento operário aos acordos da cúpula com as lideranças
populistas.
A ausência de resistência ao golpe
militar fez com que esse tipo de interpretação ganhasse muitos adeptos. Entre
1965 e 1967, amplia-se o número de dissidências, fragmentação que atinge até
mesmo as organizações que haviam sido formadas alguns anos antes.
Entre a esquerda oposicionista
nascem, então, propostas de luta armada. Há, sem dúvida, inúmeros matizes entre
um grupo e outro. No entanto, a perspectiva de uma revolução iminente parece
ser um traço comum às diversas siglas.
A novidade do período era que os
grupos revolucionários recém-formados recrutavam seus militantes na classe
média. Havia mesmo, em partidos que aderiram à luta armada, o predomínio de
estudantes e professores universitários. Esse segmento, segundo os processos da
justiça militar, respondia por 80% do Movimento de Libertação Popular (MOLIPO),
55% do Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8) e 53% do Comando de
Libertação Nacional (COLINA).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua visita foi muito importante. Faça um comentário que terei prazaer em responde-lo!
Abração
Dag Vulpi