O presidente do Supremo Tribunal
Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, disse hoje (4) que a Corte tem a
palavra final em assuntos levados à Justiça que envolvam a Constituição. A
declaração foi uma resposta ao discurso do ex-presidente da Câmara dos
Deputados Marco Maia (PT-RS), ao deixar o cargo nesta manhã.
"Qualquer assunto que tenha
natureza constitucional, uma vez judicializado, a palavra final é do Supremo
Tribunal Federal”, disse Barbosa. Ele falou com jornalistas ao chegar para a
abertura do ano legislativo no Congresso Nacional nesta tarde, e entrou no
plenário acompanhado do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Mais cedo, Maia disse que o Supremo
está fazendo interpretações circunstanciais da Constituição, tarefa que só cabe
ao Legislativo. "Atitude muito preocupante, que segue exigindo postura
enérgica e intransigente por parte do Legislativo”, disse Maia.
A relação entre os dois Poderes
também foi citada no discurso de posse do novo presidente da Câmara, Henrique
Eduardo Alves (PMDB-RN), para quem é preciso haver entendimento mútuo.
"Não faltará o nosso respeito, mas tanto um quanto outro não se esqueçam
que aqui nesta Casa só tem parlamentar abençoado pelo voto popular deste imenso
Brasil".
No ano passado, a relação entre o
Congresso Nacional e o Supremo ficou abalada após várias decisões influenciarem
assuntos de interesse do Legislativo. As divergências começaram durante o
julgamento da Ação Penal 470, o processo do mensalão. O STF decidiu que a perda
de mandato de parlamentares é automática com a condenação, e que o Legislativo
só deve ratificar o entendimento. Houve reações de deputados, que consideraram
a decisão uma ingerência.
No final do ano, uma liminar do
ministro Luiz Fux impediu a votação dos vetos ao projeto de lei que trata da
redistribuição dos recursos dos royalties do petróleo, o que acabou trancando a
pauta do Congresso. Outro ponto sensível entre os dois Poderes é a decisão que
obrigou o Congresso a criar novas regras para o Fundo de Participação dos Estados
(FPE) até o final do ano passado, o que não ocorreu.
O Legislativo não mandou
representantes para a cerimônia de abertura do ano judiciário no STF na última
sexta-feira (1º). Embora tenha confirmado presença, o então presidente da
Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), não compareceu. Em seu discurso,
Barbosa defendeu a autoridade do Judiciário.
Agência Brasil
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