terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Não se perdoa no Maracanã de hoje o que foi bacana há 63 anos



O que se deve fazer, inaugurar um estádio antes que esteja pronto, casos do Grêmio e, menos grave, do Mineirão, ou correr o risco de não se o inaugurar de forma alguma, como acontece com o Maracanã? O assunto é preocupante, embora a preocupação implique em se ter cautela na hora de abordá-lo. 

José Miguel Wisnik já chamou a atenção para o fato de nossa imprensa oscilar entre “exaltação e bombardeio acusatório”, sempre que noticia ou comenta a proximidade da próxima Copa do Mundo. O que inclui, naturalmente, os estádios.

A cautela é recomendável, principalmente àqueles que não se tomaram de ardores patrióticos ao querer a próxima Copa no Brasil e a próxima Olimpíada no Rio de Janeiro. Sendo, ainda que por boas razões, contrários aos dois projetos, devem esses “maus brasileiros” ter cuidado para que não pareça implicância gratuita a questão dos estádios.

Mas já pensaram se o Maracanã não ficar pronto para a Copa das Confederações? Que os deuses nos poupem de tal vexame.

Sou daqueles velhos brasileiros que estiveram na inauguração do Maracanã, o original, em 17 de junho de 1950. Ninguém, nem os garotos como eu, nem os veteranos homens da FIFA, deu a mínima para o fato de o estádio não estar acabado. Havia até, inclusive no Brasil x México da abertura, uma semana depois, armações de madeira num dos trechos da arquibancada. 

Em vez de vexame, via-se na inauguração apressada a prova de que o brasileiro – o engenheiro, o arquiteto, o pessoal da grana e, principalmente, o operário – tinha feito milagre ao erguer um monumento daquele (ainda que inacabado) em incríveis dois anos.

Hoje, já não se permite ao Maracanã, e a qualquer dos estádios para a Copa, madeirames e outros sinais de mal-acabamento como em 1950. Claro, a precipitação gremista não tem nada a ver com a história. E é certo que o Mineirão pode muito bem solucionar seus problemas de estreia. Mas os dois vão citados como exemplos aos demais estádios, sobretudo o Maracanã, para que façam a coisa certa.

A questão permanece: inauguração de qualquer maneira ou adiamento para quando o estádio ficar pronto? No primeiro caso, imprudência, e no segundo, vexame. O pior é que o novo Maracanã, planejado para satisfazer à Fifa e atender à irresponsabilidade dos cofres oficiais, realmente está ameaçado de não ficar pronto. Com ou sem madeirame. 

Por João Máximo, do Rio de Janeiro (RJ), para o ESPN.com.br

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