Futuro
ministro, a ser nomeado para vaga de Ayres Britto, herdará processos contra
Azeredo e Clésio Andrade
O ministro
que preencherá a vaga deixada por Ayres Britto no Supremo Tribunal Federal
ainda não foi nem escolhido pela presidente Dilma Rousseff, mas já tem uma
missão polêmica pela frente: relatar os dois processos do mensalão mineiro, em
que os senadores Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e Clésio Andrade (PMDB-MG) são
acusados de receber dinheiro de Marcos Valério.
Os
processos estão nas mãos do ministro Joaquim Barbosa. Como ele assumiu a
presidência do Supremo, deixará todo o seu estoque para o novo ministro. Com as
férias de dezembro no Judiciário e a falta de perspectiva de o Senado sabatinar
o candidato a ministro ainda em 2012, o Palácio do Planalto preferiu deixar
para anunciar o nome do escolhido este ano.
Além
dos casos polêmicos, o novo ministro herdará outros 7.955 processos. O acervo
de Barbosa é o terceiro maior da Corte, só ficando atrás dos de Marco Aurélio
Mello, com 9.520 ações, e Dias Toffoli, com 7.961. O acúmulo de Barbosa ocorreu
especialmente ao longo do ano passado, quando ele se dedicou quase
integralmente ao processo do mensalão, que resultou na condenação de 25
acusados de compra de votos no Congresso em troca de apoio político ao governo
Lula. Entre os condenados está Marcos Valério, operador do mensalão.
O
mesmo personagem está envolvido no mensalão mineiro. A ação penal contra
Azeredo foi aberta em 13 de maio de 2010. Ele responde por peculato e lavagem
de dinheiro. O andamento processual do STF diz que a ação está tramitando
normalmente.
A
ação penal contra Clésio foi aberta em 29 de abril de 2011. Ele também é
acusado de peculato e lavagem de dinheiro. O processo também recebe
movimentação frequente: no último dia 8, a 2ª Vara Federal de Divinópolis (MG)
prestou informações solicitadas pelo relator.
Advogado tributarista é o mais cotado para o
cargo
Apesar
de haver duas ações penais importantes no caminho do novo ministro, a
presidente Dilma Rousseff não tem a intenção de escolher um criminalista para a
vaga do Supremo Tribunal Federal (STF). Entre os nomes mais cogitados está o do
advogado tributarista Heleno Torres, ligado ao ministro Ricardo Lewandowski.
Torres
é pernambucano, mas atua em São Paulo. No meio jurídico, há pressão para a
nomeação de um nordestino, já que todos os integrantes da Corte são oriundos de
Sudeste e Sul. Antes de se tornar ministro, Ayres Britto era advogado e atuava
em Sergipe, onde nasceu.
O
novo ocupante da cadeira no Supremo chegará com o peso político de ter sido
nomeado por uma presidente do PT e com a responsabilidade de relatar a ação
penal contra um político tucano acusado no mensalão mineiro.
O
processo cairá nas mãos do novo ministro por conta da troca de cadeiras no STF.
A da dança dos processos funciona assim: quando um ministro assume a
presidência do tribunal, deixa seu estoque para o ministro que o antecedeu no
cargo. No caso, os processos de Barbosa deveriam ser transferidos ao gabinete
de Ayres Britto, se ele não tivesse se aposentado enquanto era presidente do
STF. Agora, a missão de julgar o estoque de Barbosa será do próximo escolhido
por Dilma para integrar uma das 11 cadeiras da Corte.
Como
Barbosa levou sua equipe para auxiliá-lo na presidência, o novo ministro do STF
ainda não tem equipe. Deverá contar com a colaboração dos servidores que
auxiliavam Ayres Britto — que, por sua vez, não estão familiarizados com o teor
dos processos sob relatoria de Barbosa. Ou seja: será um ministro novato, com milhares
de processos estranhos aos servidores de sua equipe.
Os
servidores que atuavam no gabinete de Ayres Britto já estão no gabinete deixado
por Barbosa, trabalhando nesses e em outros processos deixados pelo atual
presidente do STF. Quando assumir o cargo, o novo ministro poderá manter a
equipe ou requisitar outros servidores para o gabinete. A assessoria de
imprensa do tribunal confirmou que o novo ministro ficará no gabinete antes
ocupado por Barbosa, mas não informou quantos servidores estão trabalhando nos
processos.
Hoje,
existem 67.692 processos sob a responsabilidade de ministros do STF. O gabinete
com menos processos é o de Cármen Lúcia, com 3.852 ações. Também merecem
destaque as prateleiras de Lewandowski, que têm 4.034 processos aguardando decisão.
O
Globo
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