PEC-37 é a sigla de Proposta de Emenda
Constitucional 37/2011, que recentemente foi aprovada pela Câmara dos Deputados
e está prestes a ser apreciada pelo Senado. A Emenda simplesmente tira do
Ministério Público a competência para investigar crimes e atribui esta função
exclusivamente às policias Federal e Civil. Os promotores e procuradores de
justiça destacam o prejuízo à sociedade com a aprovação desta Emenda, pois
aumenta a insegurança social e a impunidade dos criminosos, contrariando os
interesses da sociedade.
O procurador-geral de justiça do Ministério
Público do Rio Grande do Norte vai mais além e classifica essa Emenda como um
deboche à democracia e à sociedade. Ela já é, inclusive, chamada de PEC da
Insensatez e PEC da Impunidade. Nenhum país democrático faz isto, e descartar o
Ministério Público é um sério passo contra a democracia. A quem interessa que o
Ministério Público não investigue? Seguramente a todos que não querem ver o
país combater a impunidade e a corrupção. A corrupção descarada estimula o conceito
de que o Brasil não tem jeito. O conceito errado de que sempre foi assim desde
a época do descobrimento e vai continuar desta forma, pois isto já faz parte do
nosso meio.
Devemos nos lembrar do caso Celso Daniel, em
que a Polícia Civil concluiu de forma leviana e prematura as investigações,
alegando um sequestro comum seguido de morte. As investigações foram retomadas
a pedido do Ministério Público, que acabou chamando para si a responsabilidade
da investigação criminal em face de tantos erros observados. Não fosse desta
forma, o caso estaria encerrado, como outros tantos. Para o procurador-geral de
justiça, o Ministério Público nunca teve a intenção de usurpar as funções da
polícia, muito pelo contrário, sendo a maioria das investigações feitas em parceria
com as próprias polícias. Com esta mudança, o famigerado mensalão não
existiria, pois na sua base estão investigações feitas pelo Ministério Público.
No momento em que o Brasil assiste ao fim da
impunidade de pessoas diretamente ligadas ao poder, uma emenda deste tipo é
imoral e prejudicial ao futuro do país. E ela vem caminhando rapidamente e sem
o barulho que deveríamos esperar por todos os setores da sociedade. Ela caminha
na calada da noite, sem destaque nos jornais e sem esclarecimentos aos brasileiros,
que talvez nem saibam de sua existência. Da mesma forma, a quem interessa que
essa emenda passe despercebida? Será que a criminalidade no Brasil é tão baixa
que podemos nos dar ao luxo de proibir o Ministério Público e outros órgãos
conceituados de exercer uma investigação? Acredito que essa não é a opinião do
povo.
O senador Pedro Taques (PDT-MT), no final de
novembro, manifestou sua posição contrária a essa PEC-37 e a chamou de atentado
ao Estado Democrático de Direito. É isto que queremos para nosso país?
JB
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