O diretor-geral da Agência Nacional de
Transportes Aquaviários (Antaq), Pedro Brito, discutiu processos de interesse
da quadrilha desmontada pela Operação Porto Seguro com o ex-senador Gilberto
Miranda, denunciado por corrupção ativa por participar da compra de pareceres
de órgãos públicos. Em um telefonema interceptado pela Polícia Federal em 16 de
novembro, o ex-senador e o diretor-geral da Antaq se referem a um
empreendimento portuário como "nosso" e conversam sobre os efeitos do
novo marco regulatório do setor, que só seria editado pela presidente Dilma
Rousseff três semanas depois. O diálogo revela a proximidade entre Brito e
Miranda. Ambos se despedem marcando um café da manhã. As informações são
do jornal O Estado de S. Paulo.
Em dezembro, o ex-diretor da Agência Nacional
de Águas (ANA) Paulo Vieira, apontado pela Polícia Federal como o chefe da
quadrilha dos pareceres, disse que Brito beneficiou projetos de Miranda e que
comemorou seu aniversário em 2011 em uma casa do ex-senador em São Paulo. Em
nota, o diretor da Antaq diz que não tem "nenhuma relação especial"
com Miranda. No telefonema de cinco minutos, o ex-senador diz ao chefe da
Antaq que estava preocupado com mudanças que seriam provocadas pelo decreto
7.861, que integrou a atuação dos órgãos públicos do setor para reduzir a
burocracia. Miranda temia que a Secretaria Especial de Portos (SEP) assumisse a
responsabilidade de aprovar os empreendimentos do setor. Acreditava que a
alteração reduziria o poder da Antaq, onde estavam alojados servidores ligados
à quadrilha. O diretor-geral da Antaq diz a Gilberto Miranda que a medida
provisória mudaria apenas a relação formal entre a agência e a secretaria, e
que "na prática não muda nada".
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