O cenário da mídia brasileira, com
seu pequeno número de grandes grupos e meios de comunicação regionais muito
dependentes do poder dos Estados, é uma espécie de "país dos 30
Bersluconi" e coloca em perigo a independência da informação, segundo um
relatório publicado nesta quinta-feira pela organização Repórteres Sem
Fronteiras (RSF).
"O Brasil apresenta um nível de
concentração de mídia que contrasta totalmente com o potencial de seu
território e a extrema diversidade de sua sociedade civil", explica a ONG
de defesa da liberdade de imprensa. "O colosso parece ter permanecido
impávido no que diz respeito ao pluralismo, um quarto de século ...
depois da volta
da democracia", assinala a RSF, recordando que em 2012 houve 11
jornalistas assassinados no país.
Segundo a ONG, um dos problemas
endêmicos do setor da informação no Brasil é a figura do magnata da imprensa,
que "está na origem da grande dependência da mídia em relação aos centros
de poder". "Dez principais grupos econômicos, de origem familiar,
continuam repartindo o mercado da comunicação de massas", lamenta a RSF.
Sempre segundo a RSF, a este sistema
se acrescenta a censura na internet e denúncias que levaram ao fechamento de
blogs durante as eleições municipais de 2012. Nesse sentido, citou o caso do
diretor do Google Brasil, que ficou preso brevemente por não retirar do YouTube um
vídeo que teoricamente atacava um candidato a prefeito. A organização faz
referência a Fábio José Silva Coelho, que foi preso pela Polícia Federal em
setembro passado a pedido do candidato a prefeito de Campo Grande, Alcides
Bernal.
Para reequilibrar o cenário da mídia
brasileira, a Repórteres Sem Fronteiras recomenda reformar a legislação sobre a
propriedade de grandes grupos e seu financiamento com publicidade oficial,
assim como a melhoria da atribuição de frequências audiovisuais para favorecer
os meios de comunicação e um novo sistema de sanções que não inclua o
fechamento de mídias ou páginas, entre outras medidas.
Terra
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