O ex-presidente do PT José Genoino assume, a
partir das 15h de quinta-feira, uma vaga da Câmara dos Deputados. Condenado a
seis anos e 11 meses de prisão no julgamento do mensalão, o petista acredita
que ficará ao menos um ano no cargo antes de começar a cumprir a pena, segundo
informações daFolha de S. Paulo. Genoino, primeiro na lista de suplentes do PT
pelo Estado de São Paulo, teria comentado a questão em confraternização com
correligionários.
Genoino passa a integrar a câmara com a saída
de Carlinhos Almeida (PT-SP), que assumiu na terça a prefeitura de São José dos
Campos (SP). Segundo correligionários, até 21 de dezembro o ex-presidente da
leganda do governo não demonstrava bom humor, o que teria mudado a partir da
data em que o ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal,
negou a risão imediada dos condenados na ação penal 470. Os envolvidos só vão
para a cadeia depois de esgotados os recursos dos advogados de defesa. Ainda
assim, os condenados a menos de oito anos começam com regime semiaberto.
O
mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40
suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então
deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão.
Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para
votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o
escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil
e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de
concorrer a cargos públicos até 2015.
No relatório da denúncia, a
Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do
esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o
ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares e o ex- secretário-geral Silvio
Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e
Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.
Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a
Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre
o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até
três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP,
morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.
O relator apontou também que o núcleo
publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos
Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além
das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles
respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e
lavagem de dinheiro.
A então presidente do Banco Rural, Kátia
Rabello, e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna
Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e
lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar
Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de
divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é
processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique
Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha
(PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de
dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB.
Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.
Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da
República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos
38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz
Gushiken e o irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas,
Antônio Lamas, ambos por falta de provas.
A ação penal começou a ser julgada em 2 de
agosto de 2012. A primeira decisão tomada pelos ministros foi anular o processo
contra o ex-empresário argentino Carlos Alberto Quaglia, acusado de utilizar a
corretora Natimar para lavar dinheiro do mensalão. Durante três anos, o Supremo
notificou os advogados errados de Quaglia e, por isso, o defensor público que
representou o réu pediu a nulidade por cerceamento de defesa. Agora, ele vai
responder na Justiça Federal de Santa Catarina, Estado onde mora. Assim,
restaram 37 réus no processo.
No dia 17 de dezembro de 2012, após mais de
quatro meses de trabalho, os ministros do STF encerraram o julgamento do
mensalão. Dos 37 réus, 25 foram condenados, entre eles Marcos Valério (40 anos
e 2 meses), José Dirceu (10 anos e 10 meses), José Genoino (6 anos e 11 meses)
e Delúbio Soares (8 anos e 11 meses).
A Suprema Corte ainda precisa publicar o
acórdão do processo e julgar os recursos que devem ser impetrados pelas defesas
dos réus. Só depois de transitado em julgado os condenados devem ser presos.
(Terra)
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