Priorizar a assistência à saúde em vez da internação compulsória dos dependentes químicos, principalmente de crack, na capital fluminense, é o que espera o Ministério da Saúde que vai financiar parte do Plano Municipal de Atendimento ao Usuário de Crack e Outras Drogas, previsto para ser anunciado ainda este ano.
De acordo com o Aldo Zaiden, assessor da área técnica de Saúde Mental do ministério, o plano oferecerá serviços 24 horas, incluindo atendimento ambulatorial no locais onde estão concentrados os dependentes químicos, além de centros de Atenção Psicossocial (CAPs) especializados no tratamento de dependentes químicos.
“Os equipamentos que estão sendo pactuados e financiados são os Caps, enfermarias especializadas e Consultórios de Rua, quer dizer, um tratamento ambulatorial, territorial, de internações breves para desintoxicação do paciente”, disse Zaiden, que é psicólogo, e participou hoje (17) do Seminário Saúde e Políticas de Drogas: É Preciso Mudar.
Carro-chefe do programa do governo federal Crack, É Possível Vencer, os consultórios de ruas são formados por uma equipe de médicos, psiquiatras, enfermeiros, assistentes sociais e psicólogos, além de pedagogos. O ambulatório é móvel e fica instalado em ônibus ou furgão. O veículo é deslocado para as áreas da cidade onde se concentram os dependentes químicos.
A aproximação da equipe médica com os usuários de drogas, nas ruas, pode levar algum tempo, mas é a forma mais eficaz de assegurar tratamento para dependência química e atendimentos em saúde para os usuários de drogas, avalia Paula Marques, do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências, de Portugal, que também participou do seminário.
Segundo Paula, as cidades portuguesas têm um projeto semelhante aos consultórios de rua, programa importado da França, em que uma equipe atende em um furgão. Primeiro, para se aproximar, são ofertados utensílios para redução de danos, como seringas, mas com o tempo, os profissionais conseguem conversar com os doentes e encaminhá-los para uma consulta ou terapia.
“Só sai da droga quem quer, e a motivação é uma coisa muito difícil, mas é um caminho”, disse Paula. Em seu país, o governo tem como alvo os usuários de heroína, por exemplo. “O consumidor de crack é diferente, é mais agressivo, cada país precisa encontrar sua saída”, completou.
O assessor do Ministério da Saúde destacou que, apesar de iniciativas de deputados federais, tentando institucionalizar a “internação compulsória em massa”, a medida não é bem vista pela sociedade e por especialistas. “A internação é o último recurso, depende de avaliação por profissionais de saúde, não por agentes da segurança pública”, declarou Zaiden.
Desde 2011, a Secretaria Municipal de Assistência Social do Rio, que faz operações conjuntas com os órgãos de segurança, acolheu 5.141 dependentes químicos que viviam nas ruas, sendo 4.468 adultos e 693 crianças. Agência Brasil
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