O presidente do Supremo Tribunal
Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, disse hoje (20) em entrevista coletiva
que a execução imediata das sentenças da Ação Penal 470, o processo do
mensalão, não pode ser comparada com a tradição de julgamentos anteriores da
Corte. Até hoje, o STF tem entendido que as prisões só podem ser decretadas
quando não há mais possibilidade de recurso. O procurador-geral da República,
Roberto Gurgel, reforçou ontem (19) pedido para prisão imediata dos condenados,
que será julgado amanhã (21) por Barbosa.
Segundo o presidente, o STF sempre analisou
pedidos de prisão em processos que corriam em outras instâncias, e não no
próprio STF. “É a primeira vez que o STF tem que se debruçar em pedido de
execução de pena decretado por ele mesmo, o STF, porque acima não há qualquer
Tribunal”, explicou o ministro, descartando a vinculação automática a decisões
anteriores do Supremo.
O fato de o STF ser a última instância de
julgamento é o principal argumento usado por Gurgel para justificar a execução
imediata das sentenças do mensalão. O procurador-geral apresentou a questão na
defesa oral em agosto, no início do processo, e reforçou o pedido ontem por
meio de nova petição. Como o STF já está de recesso de fim de ano, a questão
será julgada individualmente por Barbosa.
Em petições protocoladas nesta semana,
advogados dos condenados alegam que a questão não é urgente e pode esperar a
volta do plenário em fevereiro. Também argumentam que a decisão não pode ser
executada enquanto todos os recursos não forem apreciados, porque em tese,
ainda há chance de alteração no resultado do julgamento.
Perguntado se a prisão preventiva pode ser
justificada pelo risco de fuga dos réus, Barbosa disse não vislumbrar algo que
possa atrapalhar o andamento da ação penal. “Com o recolhimento dos passaportes
acho que diminuiu significativamente”. O ministro ainda lembrou que o pedido de
prisão preventiva já foi formulado pelo Ministério Público no início do
processo, o que foi negado por ele, mas que agora “o momento é outro”.
Como ministro plantonista, Barbosa pode
decidir sobre o pedido do Ministério Público de várias formas: rejeitando o
pedido do procurador-geral, adiando para análise do plenário em fevereiro,
acatando parcialmente ou totalmente. “Nós exercemos essa função correndo todos
os riscos. Ministros de Suprema Corte têm que exercer seu trabalho com total
responsabilidade. Devem sopesar efeitos e responsabilidades de suas decisões. E
cada um assume o risco que acha necessário e possível assumir”, analisou
Barbosa. Agência Brasil
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