O presidente do Supremo
Tribunal Federal (STF) e relator da Ação Penal 470, ministro Joaquim Barbosa,
disse hoje (20) que o presidente da Câmara dos Deputados, deputado federal
Marco Maia (PT-RS), não tem o poder de mudar as consequências das decisões
tomadas pelo Supremo no processo do mensalão.
Maia tem dito em entrevistas que o STF
não pode interferir na questão do mandato dos parlamentates condenados na ação
- João Paulo Cunha (PT-SP), Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar Costa Neto (PR-SP) -
e tem visto a execução antecipada das sentenças com ressalvas. Perguntado sobre
a hipótese de abrigar os condenados na Casa Legislativa, caso as prisões sejam
decretadas por Barbosa, Marco Maia não decartou a possibilidade e argumentou que os parlamentares só podem ser presos em flagrante delito ou depois de condenação transitada em julgado, como prevê a Constituição.
“Acredito que o deputado Marco Maia não
será a autoridade do Poder Legislativo que terá a incumbência de dar
cumprimento à decisão. Portanto, o que ele diz hoje não terá nenhuma
repercussão no futuro ou no momento adequado de execução das penas decididas
pelo plenário [do Supremo]”, disse Barbosa, em entrevista coletiva nesta tarde.
"A proposição de medidas dessa natureza, de acolher condenados pela
Justiça nas Casas do Congresso, é violação das mais graves à Constituição
brasileira", acrescentou. A Procuradoria-Geral
da República apresentou ontem (19) pedido ao Supremo para a prisão
imediata dos condenados. Barbosa deve decidir amanhã (21) sobre a solicitação.
O ministro ainda negou que o STF esteja
cometendo ingerências no Poder Legislativo, alegando que as condenações do
mensalão são conseqüências de crimes praticados por figuras públicas, e
criticou os entendimentos contrários. “É falta de compreensão do nosso sistema
político constitucional, falta de leitura, de conhecimento, do próprio país, da
Constituição, não compreender o funcionamento regular das instituições. Tudo o
que ocorreu aqui nesta semana são fenômenos normais regulares em um sistema de
governo como o nosso”.
Barbosa comentou sobre as declarações de
Maia, que vinculou a nomeação ou cassação de ministros do STF à decisão do
Parlamento. “Vivemos em democracia em que não há lugar para qualquer tipo de
ameaças. Trata-se de desconhecimento puro das instituições políticas
brasileiras. Não é o Parlamento quem nomeia ministro do STF. Quem nomeia é o
presidente da República, que ouve o Senado [que sabatina o indicado ao cargo]”.
Sobre possíveis processos de cassação contra ministros da Corte, Barbosa
afirmou que o simples fato de o STF cumprir sua função, julgando processos
criminais, não abre espaço para isso. “Há um erro grosseiro de análise das
instituições brasileiras”, concluiu.
19/12/2012 -
Gurgel pede ao STF prisão imediata de condenados do mensalão
O procurador-geral da República, Roberto
Gurgel, acionou hoje (19) o Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir a prisão
imediata dos condenados na Ação Penal 470, o processo do mensalão. O pedido já
está no gabinete do presidente do STF e relator do processo, Joaquim Barbosa,
que só deve decidir o caso na próxima sexta-feira (21).
Gurgel havia pedido a execução imediata
das sentenças do mensalão na defesa oral apresentada no início do julgamento,
em agosto. Ele argumentou que o cumprimento de decisões proclamadas pela
Suprema Corte deve ocorrer em seguida porque elas não podem mais ser alvo de
recurso em outras instâncias.
Na última segunda-feira (17), quando o
pedido estava pronto para ser julgado em plenário, o procurador recuou e disse
que apresentaria nova petição reforçando os argumentos para as prisões
imediatas. Isso abriu brecha para que a decisão seja proferida individualmente
por Barbosa, que ficará responsável pelo plantão do STF durante o recesso de
fim de ano, que começa amanhã (20) e vai até o dia 1º de fevereiro.
Ontem (18), vários advogados do caso
acionaram o STF pedindo que Barbosa não decida individualmente a questão e leve
o caso ao plenário, pois não há o requisito da urgência. Eles também alegaram
que a Corte não pode antecipar a execução da sentença antes do fim do processo,
pois ainda cabem recursos e as decisões podem ser alteradas.
Hoje, Gurgel disse que a questão das
prisões merece urgência porque é necessário dar efetividade à decisão do
Supremo, que condenou 25 réus, 22 deles a regime fechado ou semiaberto. “Não
podemos ficar aguardando a sucessão de embargos declaratórios [tipo de
recurso], haverá certamente a tentativa dos incabíveis embargos infringentes
[outra forma de recurso]. E o certo é que o tempo irá passando sem que a decisão
tenha a necessária efetividade”.
Como ministro plantonista, Barbosa pode
decidir de várias formas: rejeitando o pedido do procurador-geral, adiando para
análise do plenário em fevereiro caso entenda que a questão não é urgente,
acatando parcialmente ou totalmente. O conteúdo do documento não foi divulgado
nem pelo STF nem pela Procuradoria-Geral da República. Agência
Brasil
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