sábado, 15 de dezembro de 2012

Agravamento do estado de Chávez gera incertezas e especulações

O agravamento do estado de saúde do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, leva a uma série de especulações sobre o futuro do país e as consequências para seus vizinhos. Especialistas ouvidos pela Agência Brasil dizem que o momento é de incerteza porque não é possível saber exatamente como está Chávez. Eles afastam, entretanto, a possibilidade de golpe de Estado na Venezuela.


Chávez foi diagnosticado com câncer na região pélvica no ano passado. O tratamento foi feito, na maior parte do tempo, em Havana, Cuba. Há uma semana, Chávez confirmou o reaparecimento do câncer e foi submetido a uma nova cirurgia. Essa foi a quarta operação em 18 meses.

Para os especialistas, uma eventual disputa política ficará entre o atual vice-presidente Nicolás Maduro e o principal adversário político de Chávez, Henrique Capriles. Os professores Antônio Jorge Ramalho da Rocha e Alcides Jorge Costa, do Departamento de Relações Exteriores da Universidade de Brasília (UnB), acreditam que é preciso aguardar a posse de Chávez, marcada para o próximo dia 10, para avaliar os desdobramentos políticos e econômicos.


No início de janeiro, Chávez pode ser empossado e pedir licença do cargo por três meses, prorrogáveis indefinidamente. Caso ele não assuma, o poder ficará com o presidente da Assembleia Nacional, Diosdato Cabello, aliado do governo, até a realização das eleições, em 30 dias. Se houver eleições, os candidatos apontados como mais prováveis são Maduro e Capriles. A oposição ganhou força na última eleição, mas Chávez venceu.

Os professores lembram que há um esforço dos aliados de Chávez para mantê-lo no comando do país. “A tendência é que ocorra como em Cuba, quando o ex-presidente Fidel Castro, mesmo doente, ficou no poder e só depois renunciou”, disse Ramalho.

Costa acrescentou que é fundamental compreender que Chávez instituiu um “regime personalizado” que não necessariamente promove a transferência de votos. “Na ausência de Chávez, haverá disputa entre os aliados dele e a oposição. Nas eleições de outubro, a oposição percebeu que pode avançar”, disse o professor, lembrando que Chávez obteve 54% dos votos e Capriles, 44%.

Ambos os professores consideram improvável a possibilidade de um golpe de Estado na Venezuela. “Considero improvável a menos que ocorra um incidente. Mas não há [ambiente político] para isso. As forças políticas da Venezuela perceberam que a coesão deve ser respeitada”, disse Ramalho. “Acho pouco provável um golpe, pois há uma polarização de forças no país, e se ocorrer pode gerar uma escalada de violência”, analisou Costa.  

Para Ramalho e Costa, uma eventual instabilidade política na Venezuela poderá causar danos em alguns países vizinhos, principalmente, no Equador, na Nicarágua, em El Salvador e em Cuba, pois Chávez mantém um comércio intenso com esses governos baseado na venda do petróleo. “Pode ser também uma possibilidade para o Brasil avançar para essas regiões”, disse Ramalho.

Costa destacou que a inclusão da Venezuela no Mercosul, desde julho, contribui para a estabilidade, mas ressaltou que “não é um fator determinante”. A adesão completa da Venezuela ao bloco só será concluída em 5 de abril de 2013 devido à necessidade de adequação da nomenclatura e normas de vários produtos do país às definições do Mercosul.


09/12/2012 -

Chávez diz que câncer reapareceu e admite que pode ter de se afastar da Presidência da Venezuela


O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, informou que terá de se afastar do país para ser submetido a mais uma cirurgia para a retirada de um tumor maligno. Chávez pediu a unidade da população em favor da Revolução Bolivariana, defendida por ele, e indicou o vice-presidente e ministro das Relações Exteriores, Nicolás Maduro, como seu sucessor, se algo lhe ocorrer. Na Venezuela, o vice-presidente é designado diretamente pelo presidente.

"Se, como diz a Constituição, ocorrer algo que me inabilite para continuar no comando da Presidência, seja para terminar os poucos dias restantes e, especialmente, para levar o novo período, (...) Nicolás Maduro deve concluir o período [presidencial]", disse Chávez ao discursar ontem (8) à noite em cadeia nacional de rádio e televisão. "Minha opinião firme, plena como a lua cheia, irrevogável absoluta, total, é que neste cenário que obrigaria a convocação de eleições presidenciais vocês o elejam como presidente", acrescentou. Reeleito em outubro, Chávez deve assumir o novo mandato em 10 de janeiro. Se ele não conseguir tomar posse, o país terá que realizar novas eleições. Neste caso, o presidente recomenda que a população apoie Maduro.

É a primeira vez que Chávez admite a gravidade de seu estado de saúde e a possibilidade de se afastar da Presidência da República. Desde o ano passado, o venezuelano luta contra um câncer na região pélvica. A Assembleia Nacional (o Parlamento da Venezuela) vota hoje (9) o pedido de afastamento de Chávez do país. O presidente será submetido a mais uma cirurgia em Cuba.

Na tentativa de evitar contratempos, o presidente se poupou, seguindo minuciosamente as orientações médicas e definindo planos pouco otimistas, caso não consiga concluir mais um mandato. Ao discursar, ele acrescentou ainda que foi orientado pelos médicos, em Cuba, a fazer uma cirurgia de urgência.

Pelos dados da Presidência da Venezuela, o câncer de Chávez reapareceu pela terceira vez no mesmo local e a cirurgia é considerada imprescindível. Na campanha eleitoral, o presidente disse que estava curado. Porém, sua ausência pública logo após a reeleição chamou a atenção para uma possível piora em seu estado de saúde.

"É um dia triste para nós, é mais uma lição", disse o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, aliado de Chávez. "Tenho esperança e fé de que ele vai sair dessa situação."

Nos últimos dias, aumentou a desconfiança sobre a gravidade do estado de saúde de Chávez. O venezuelano era esperado na sexta-feira ( 7) em Brasília para a Cúpula dos Chefes de Estado do Mercosul, mas não compareceu e enviou o terceiro na hierarquia política da Venezuela: o ministro de Minas e Energia, Rafael Ramírez.

10/12/2012 -

Chávez chega a Cuba para ser operado e fazer tratamento contra o câncer


O presidente de Cuba, Raúl Castro, recebeu hoje (10) o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que chegou a Havana para se submeter a uma cirurgia. Diagnosticado com câncer, Chávez fará uma cirurgia para a retirada de um tumor na região pélvica. Imagens do encontro foram divulgadas e, nelas, venezuelano aparece cumprimentando o cubano e vestindo um agasalho esportivo azul e branco.

Não há detalhes sobre a cirurgia nem sobre o período em que Chávez ficará em Cuba. Mas, antes de deixar a Venezuela, o presidente pediu que a população se prepare para sua ausência. No entanto, disse estar confiante de que superará a doença.

Anteontem (8) Chávez anunciou, em cadeia nacional de televisão, que fará mais uma cirurgia, na mesma região em que já foi operado, a área pélvica. No discurso, ele indicou que pode se ver obrigado a abandonar a Presidência da República da Venezuela. Mas apelou para que apoiem o atual vice-presidente, Nicolás Maduro, que considera a pessoa ideal para o cargo.
Reeleito, Chávez tem a posse marcada para o próximo dia 10. Se ele tiver que abandonar o cargo, mesmo após assumi-lo, novas eleições presidenciais terão que ser convocadas. Maduro só pode ser presidente se vencer nas urnas.

Ex-motorista de ônibus e líder sindical, Maduro desempenha dupla função no governo – a de vice-presidente, indicado por Chávez, e a de ministro das Relações Exteriores da Venezuela. Ele acompanha o presidente há seis anos. 
*Com informações da agência estatal de notícias de Cuba, Prensa Latina

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