O agravamento do estado de saúde do
presidente da Venezuela, Hugo Chávez, leva a uma série de especulações sobre o
futuro do país e as consequências para seus vizinhos. Especialistas ouvidos
pela Agência Brasil dizem que o momento é de incerteza porque não é
possível saber exatamente como está Chávez. Eles afastam, entretanto, a
possibilidade de golpe de Estado na Venezuela.
Chávez foi diagnosticado com câncer na região
pélvica no ano passado. O tratamento foi feito, na maior parte do tempo, em
Havana, Cuba. Há uma semana, Chávez confirmou o reaparecimento do câncer e
foi submetido a uma nova cirurgia. Essa foi a quarta operação em 18 meses.
Para os especialistas, uma eventual disputa política
ficará entre o atual vice-presidente Nicolás Maduro e o principal adversário
político de Chávez, Henrique Capriles. Os professores Antônio Jorge Ramalho da
Rocha e Alcides Jorge Costa, do Departamento de Relações Exteriores da
Universidade de Brasília (UnB), acreditam que é preciso aguardar a posse de
Chávez, marcada para o próximo dia 10, para avaliar os desdobramentos políticos
e econômicos.
No início de janeiro, Chávez pode ser
empossado e pedir licença do cargo por três meses, prorrogáveis indefinidamente.
Caso ele não assuma, o poder ficará com o presidente da Assembleia Nacional,
Diosdato Cabello, aliado do governo, até a realização das eleições, em 30 dias.
Se houver eleições, os candidatos apontados como mais prováveis são Maduro e
Capriles. A oposição ganhou força na última eleição, mas Chávez venceu.
Os professores lembram que há um esforço dos
aliados de Chávez para mantê-lo no comando do país. “A tendência é que ocorra
como em Cuba, quando o ex-presidente Fidel Castro, mesmo doente, ficou no poder
e só depois renunciou”, disse Ramalho.
Costa acrescentou que é fundamental
compreender que Chávez instituiu um “regime personalizado” que não
necessariamente promove a transferência de votos. “Na ausência de Chávez,
haverá disputa entre os aliados dele e a oposição. Nas eleições de outubro, a
oposição percebeu que pode avançar”, disse o professor, lembrando que Chávez
obteve 54% dos votos e Capriles, 44%.
Ambos os professores consideram improvável a
possibilidade de um golpe de Estado na Venezuela. “Considero improvável a menos
que ocorra um incidente. Mas não há [ambiente político] para isso. As forças
políticas da Venezuela perceberam que a coesão deve ser respeitada”, disse
Ramalho. “Acho pouco provável um golpe, pois há uma polarização de forças no
país, e se ocorrer pode gerar uma escalada de violência”, analisou Costa.
Para Ramalho e Costa, uma eventual
instabilidade política na Venezuela poderá causar danos em alguns países
vizinhos, principalmente, no Equador, na Nicarágua, em El Salvador e em Cuba,
pois Chávez mantém um comércio intenso com esses governos baseado na venda do
petróleo. “Pode ser também uma possibilidade para o Brasil avançar para essas
regiões”, disse Ramalho.
Costa destacou que a inclusão da Venezuela no
Mercosul, desde julho, contribui para a estabilidade, mas ressaltou que “não é
um fator determinante”. A adesão completa da Venezuela ao bloco só será
concluída em 5 de abril de 2013 devido à necessidade de adequação da
nomenclatura e normas de vários produtos do país às definições do Mercosul.
09/12/2012 -
Chávez diz que câncer reapareceu e admite que pode ter de se afastar da Presidência da Venezuela
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez,
informou que terá de se afastar do país para ser submetido a mais uma cirurgia
para a retirada de um tumor maligno. Chávez pediu a unidade da população em
favor da Revolução Bolivariana, defendida por ele, e indicou o vice-presidente
e ministro das Relações Exteriores, Nicolás Maduro, como seu sucessor, se algo
lhe ocorrer. Na Venezuela, o vice-presidente é designado diretamente pelo
presidente.
"Se, como diz a Constituição, ocorrer
algo que me inabilite para continuar no comando da Presidência, seja para
terminar os poucos dias restantes e, especialmente, para levar o novo período,
(...) Nicolás Maduro deve concluir o período [presidencial]", disse Chávez
ao discursar ontem (8) à noite em cadeia nacional de rádio e televisão.
"Minha opinião firme, plena como a lua cheia, irrevogável absoluta, total,
é que neste cenário que obrigaria a convocação de eleições presidenciais vocês
o elejam como presidente", acrescentou. Reeleito em outubro, Chávez deve
assumir o novo mandato em 10 de janeiro. Se ele não conseguir tomar posse, o
país terá que realizar novas eleições. Neste caso, o presidente recomenda que a
população apoie Maduro.
É a primeira vez que Chávez admite a
gravidade de seu estado de saúde e a possibilidade de se afastar da Presidência
da República. Desde o ano passado, o venezuelano luta contra um câncer na
região pélvica. A Assembleia Nacional (o Parlamento da Venezuela) vota hoje (9)
o pedido de afastamento de Chávez do país. O presidente será submetido a mais uma
cirurgia em Cuba.
Na tentativa de evitar contratempos, o
presidente se poupou, seguindo minuciosamente as orientações médicas e
definindo planos pouco otimistas, caso não consiga concluir mais um mandato. Ao
discursar, ele acrescentou ainda que foi orientado pelos médicos, em Cuba, a
fazer uma cirurgia de urgência.
Pelos dados da Presidência da Venezuela, o
câncer de Chávez reapareceu pela terceira vez no mesmo local e a cirurgia é
considerada imprescindível. Na campanha eleitoral, o presidente disse que estava
curado. Porém, sua ausência pública logo após a reeleição chamou a atenção para
uma possível piora em seu estado de saúde.
"É um dia triste para nós, é mais uma
lição", disse o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello,
aliado de Chávez. "Tenho esperança e fé de que ele vai sair dessa
situação."
Nos últimos dias, aumentou a desconfiança
sobre a gravidade do estado de saúde de Chávez. O venezuelano era esperado na
sexta-feira ( 7) em Brasília para a Cúpula dos Chefes de Estado do Mercosul, mas
não compareceu e enviou o terceiro na hierarquia política da Venezuela: o
ministro de Minas e Energia, Rafael Ramírez.
10/12/2012 -
Chávez chega a Cuba para ser operado e fazer tratamento contra o câncer
O presidente de Cuba, Raúl Castro, recebeu
hoje (10) o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que chegou a Havana para se
submeter a uma cirurgia. Diagnosticado com câncer, Chávez fará uma cirurgia
para a retirada de um tumor na região pélvica. Imagens do encontro foram
divulgadas e, nelas, venezuelano aparece cumprimentando o cubano e vestindo um
agasalho esportivo azul e branco.
Não há detalhes sobre a cirurgia nem sobre o
período em que Chávez ficará em Cuba. Mas, antes de deixar a Venezuela, o
presidente pediu que a população se prepare para sua ausência. No entanto,
disse estar confiante de que superará a doença.
Anteontem (8) Chávez anunciou, em cadeia
nacional de televisão, que fará mais uma cirurgia, na mesma região em que já
foi operado, a área pélvica. No discurso, ele indicou que pode se ver obrigado
a abandonar a Presidência da República da Venezuela. Mas apelou para que apoiem
o atual vice-presidente, Nicolás Maduro, que considera a pessoa ideal para o
cargo.
Reeleito, Chávez tem a posse marcada para o
próximo dia 10. Se ele tiver que abandonar o cargo, mesmo após assumi-lo, novas
eleições presidenciais terão que ser convocadas. Maduro só pode ser presidente
se vencer nas urnas.
Ex-motorista de ônibus e líder sindical,
Maduro desempenha dupla função no governo – a de vice-presidente, indicado por
Chávez, e a de ministro das Relações Exteriores da Venezuela. Ele acompanha o
presidente há seis anos.
*Com informações da agência estatal de
notícias de Cuba, Prensa
Latina
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