Há
cerca de dois anos, a região - que há décadas é marcada pela presença de pontos
de prostituição - é dominada, também, por traficantes e usuários de crack, além
de muitos moradores de rua
O
medo e a insegurança fazem parte da rotina de moradores e comerciantes da Rua
General Osório, no Centro de Vitória. Há cerca de dois anos, a região – que há
décadas é marcada pela presença de pontos de prostituição – é dominada, também,
por traficantes e usuários de crack, além de muitos moradores de rua.
Quem passa por ali é obrigado a conviver diariamente com pessoas que vendem e
consomem crack na rua. E também lida com o aumento da violência gerada por essa
movimentação. Desde janeiro, pelo menos quatro assassinatos foram registrados
na General Osório e ruas próximas. Entre as vítimas estão dois moradores de rua
e uma garota de programa.
De
acordo com moradores da região, hotéis, pensões e prédios abandonados tornaram
a área um atrativo para quem busca explorar a prostituição e para vender ou
consumir a droga. O prédio abandonado do INSS é um desses locais que viraram
abrigo de viciados e traficantes.
Socorro
"A comunidade já pediu ajuda à prefeitura e ao Ministério Público. Os comerciantes estão temerosos, porque já ocorrem arrombamentos e assaltos. Depois que anoitece, a região é terra de ninguém. Moradores têm medo de passar pela rua, porque o tráfico e o consumo são escancarados", revela Jorge Roberto Bernadino, coordenador-geral da Associação de Moradores do Parque Moscoso.
Durante o dia, a venda e o uso de crack ocorrem de forma mais discreta, em imóveis. Mas, à noite, a movimentação de usuários e traficantes ocorre em calçadas, escadarias e marquises. A reportagem de A GAZETA foi ao local e não teve dificuldades para flagrar dezenas de viciados acendendo cachimbos e fumando pedras de crack. Chama a atenção o grande número de garotas de programa de aparência esquelética, evidência do vício.
"O problema aumentou depois de reprimida a movimentação nas cracolândias localizadas nas proximidades da Praça Costa Pereira e da Ilha do Príncipe. Com isso, usuários e traficantes vieram para a General Osório. Dizer que me sinto intimidado é pouco. Nós temos medo de denunciá-los. Somos reféns deles", confessa um morador que, temendo represálias, preferiu o anonimato.
Prejuízo
A transformação da General Osório em "cracolândia" fez cair o movimento do comércio e afasta moradores. "Só no prédio onde moro, há cinco apartamentos à venda. Muita gente está deixando esta área", conta outro morador.
A revolta da população
"Depois
que anoitece, a região é terra de ninguém. Moradores têm medo de passar pela
rua, porque o tráfico e o consumo são escancarados. Somos reféns deles" -
Morador da General Osório
"Essas mortes são resultado do envolvimento dessas pessoas com o tráfico. Além da disputa por pontos de venda, também há mortes por dívidas de drogas" - Morador da região
"Essas mortes são resultado do envolvimento dessas pessoas com o tráfico. Além da disputa por pontos de venda, também há mortes por dívidas de drogas" - Morador da região
"A
PM faz abordagens e prende algumas pessoas, mas logo elas estão de volta às
ruas. Não são enquadradas como traficantes, mas sim como usuárias de
drogas" - Comerciante da mesma rua
PM: sozinha, repressão não resolve problema
A
Polícia Militar realiza o policiamento na região e também faz operações para
inibir o tráfico e uso de drogas na Rua General Osório. Mas, segundo o
comandante da 1ª Companhia do 1º Batalhão da Polícia Militar, capitão Rezende,
só a ação da PM não é o bastante para resolver o problema.
"Se houvesse mais controle desses hotéis e prostíbulos, que funcionam de forma irregular, servindo de abrigo para usuários de drogas, o tráfico e o consumo na área seria menor. Hoje, esses locais dificultam a ação da polícia na região", explica o comandante.
Apesar dos constantes flagrantes de pessoas com drogas na região, a Polícia Militar reconhece que nem todos saem de vez das ruas. "A estratégia do traficante é ficar com pequenas quantidades de drogas porque, quando são abordados, alegam que são usuários", justifica o comandante.
Outra estratégia do poder público presente na área é a abordagem social. No entanto, a maioria dos moradores de rua, viciados em crack, não aceita ajuda. "O usuário de drogas é o que mais resiste. O trabalho de convencimento leva tempo, e, às vezes, a pessoa quer sair da rua mas o vício fala mais alto", explica Cristiano de Araújo, coordenador dos serviços especializados em abordagens sociais da Prefeitura de Vitória.
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