Lula: o escândalo abalou o governo do ex-presidente |
De
acordo com petistas que participaram da reunião, Lula conclamou a
sigla a não deixar sem resposta todos os adversários que tentarem
usar eleitoralmente o julgamento do mensalão
São
Paulo - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta
terça-feira para os 22 candidatos do PT a prefeito de cidades onde
ocorrerá o segundo turno e 8 prefeitos eleitos na primeira etapa que
enfrentem as acusações sobre o julgamento do mensalão
de
"cabeça erguida". O encontro foi realizado no diretório
nacional do partido, em São Paulo, no mesmo dia em que o Supremo
Tribunal Federal (STF) condenou o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu
e o ex-presidente nacional da legenda José Genoino por corrupção
ativa.
De
acordo com petistas que participaram da reunião, Lula conclamou a
sigla a não deixar sem resposta todos os adversários que tentarem
usar eleitoralmente o julgamento do mensalão, principalmente nesta
segunda fase das eleições municipais. Ele lembrou que seu governo
teve uma atuação ativa no combate à corrupção.
No
encontro desta terça-feira, além de ouvir o discurso de Lula, a
cúpula da agremiação fez um balanço do resultado do primeiro
turno, apontou perspectivas para o segundo e comemorou o crescimento
do PT em nível nacional. Apesar do pedido do ex-presidente para que
os correligionários não deixem os adversários sem resposta com
relação ao mensalão, a avaliação de alguns é de que este
julgamento não teve grande repercussão no processo eleitoral: "O
mensalão não teve repercussão sobre o processo eleitoral",
avaliou a prefeita de Fortaleza Luizianne Lins, que é presidente do
diretório estadual do partido no Ceará.
Apelo
Lula
ouviu na reunião também o apelo dos candidatos que ainda disputam a
eleição em segundo turno para que participe das campanhas. Aos
dirigentes petistas, os candidatos também pediram a participação
da presidente Dilma Rousseff. "A situação da presidente é
diferenciada. Ela precisa manter a base unida", justificou
Luizianne. Segundo os petistas, a expectativa é que Dilma participe
ativamente das campanhas de São Paulo e Salvador e que faça
gravações para os candidatos que não disputam com outros
postulantes da base aliada. "No day after (do segundo turno),
temos de trabalhar com eles", disse o deputado federal André
Vargas (PT-PR), secretário nacional de Comunicação da legenda.
A
prefeita de Fortaleza saiu do encontro com a garantia de que o
ex-presidente vai à capital cearense fazer campanha em favor do
candidato à prefeitura Elmano de Freitas (PT). Conforme Luizianne,
Lula deve ir ao Ceará na próxima semana e emendar com as campanhas
de João Pessoa e Campina Grande, no Agreste Paraibano. "Ele
disse que iria a Fortaleza", afirmou. Ela apontou ainda que
reforçou a solicitação para que o Lula viajasse à capital depois
que soube que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente
nacional do PSB, deve auxiliar a campanha do adversário, Roberto
Cláudio (PSB). Já Freitas, que participou do evento da tarde desta
terça-feira, minimizou a atuação de Campos no Ceará. "Ele é
forte em Pernambuco", disse.
O
presidente estadual do PT no Paraná e candidato a prefeito de
Maringá, deputado Ênio Verri, também participou da reunião com a
perspectiva de convencer Lula a ir à campanha do candidato Gustavo
Fruet (PDT), aliado do PT em Curitiba. De acordo com Verri, uma
reunião seria realizada ainda na noite desta terça-feira, em
Brasília, com a chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e o ministro
das Comunicações, Paulo Bernardo, para definir a participação de
Dilma e Lula nos palanques da sigla no Paraná. "Estamos
confiantes da participação de Dilma e acredito que Lula vai gravar
(para Fruet)", afirmou o dirigente, ressaltando que a presença
de Dilma e Lula reforçariam o palanque antitucano. "Beto Richa
(governador do Paraná) foi o grande derrotado. A polarização lá é
contra o PSDB", relatou Vargas.
O
encontro entre petistas começou às 14h30 e Lula chegou por volta
das 16h50 - ele permaneceu por duas horas. Aguardavam Lula
aproximadamente cem pessoas. O ex-presidente fez fotos com os
candidatos e falou sobre a conjuntura econômica e política. Na
avaliação dos que participaram da reunião, o julgamento interfere
mais na eleição paulistana do que no restante do País. "O que
tinha de sangrar, sangrou há sete anos atrás. Aqui (São Paulo) a
situação é diferente", afirmou Luizianne. Segundo ela a
avaliação do partido é de que o uso do mensalão no processo
eleitoral "não surtiu o efeito de jogar para baixo o PT".
"O PT saiu fortalecido", concluiu a prefeita de Fortaleza.
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