Por João Bosco Rabello
O
ex-presidente Lula voltou a usar a imagem do cheque em branco para avalizar um
personagem político, desta vez o seu candidato à prefeitura de São Paulo,
Fernando Haddad. A ele, disse ontem no comício no Largo 13, em São Paulo, daria
o cheque e “dormiria tranquilo”.
A
primeira vez que usou esse expediente foi em favor de Roberto Jefferson,
delator do mensalão, cujo fio da meada pode ser estabelecido em 2004, na
reunião em que selou acordo do PT com partidos da coligação para pagar
suas contas de campanha, e, na saída, disse a frase aos jornalistas.
Desde
então, Lula e o PT perderam o sono que hoje , afirma, será tranquilo com
Haddad. Não é, pois, um aval promissor. Não que Haddad vá percorrer os (des)
caminhos de Jefferson, mas simplesmente porque a ninguém se dá um cheque em branco.
Ainda que se admita a metáfora no campo político, é imprópria, arriscada e
irreal.
Mas o
ex-presidente é pródigo em frases de efeito, ainda que as repita mesmo quando
são referencias de más lembranças. Não foi feliz ainda ao dizer que Haddad fará
por São Paulo mais do que fez pela Educação, porque a gestão do candidato no
MEC deixou como lembrança mais forte a sucessão de problemas na aplicação das
provas do Enem.
Conta
novamente Lula com a fraca memória política do eleitor. Mas o discurso de ontem
tem um efeito positivo: remete de novo à negação do PT como método. Eis que, em
2007, numa entrevista à revista Playboy, reproduzida em seu blog, José
Dirceu desmentia a declaração do ainda presidente Lula. Na resposta de Dirceu
também uma afirmação sobre o amplo conhecimento de Lula de tudo que se passava
em seu governo, muito sintomática para o momento.
Seguem
pergunta e resposta da entrevista (os grifos são deste jornalista):
Playboy –
Ainda sobre alianças: o presidente Lula errou ao dizer que daria um cheque em
branco ao Roberto Jefferson?
Dirceu –
Nem sei se ele disse isso. Essas coisas viram dito pelo não dito. Mas o
Lula não dá cheque em branco pra ninguém. Não é da natureza dele. Pelo
contrário, ele delega, mas controla, cobra. Ele é um presidente da
República que tem controle sobre tudo o que está acontecendo. O Lula
trabalha, chega cedo e sai tarde. E, quem acha o contrário, ótimo, porque vai
subestimar o Lula e vai nos subestimar.”
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