Barbosa reafirmou que José Dirceu
"era quem comandava o chamado núcleo político” e que ele não se afastou
das funções do PT quando assumiu a chefia da Casa Civil
O ministro Joaquim Barbosa, relator
da Ação Penal 470, no Supremo Tribunal Federal (STF), indicou hoje (18) que os
réus do núcleo político do processo do mensalão devem ser condenados por
formação de quadrilha. Integram esse grupo o ex-chefe da Casa Civil José
Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro da legenda Delúbio
Soares.
Ao retomar o voto iniciado ontem
(17), Barbosa reafirmou que José Dirceu "era quem comandava o chamado
núcleo político” e que ele não se afastou das funções do PT quando assumiu a
chefia da Casa Civil. Barbosa ainda lembrou o episódio em que a ex-esposa de
Dirceu, Angela Saragoça, foi beneficiada pela venda de um imóvel a Rogério
Tolentino, sócio do publicitário Marcos Valério.
Para Joaquim Barbosa, o
ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares era o principal elo entre o núcleo político
e o núcleo publicitário e tinha a tarefa de indicar os valores beneficiários ao
grupo. "Ele era o braço operacional do núcleo político", disse, ao
citar a proximidade de Delúbio com o publicitário Marcos Valério no período
eleitoral de 2002.
“Foi desse contexto que Delúbio
Soares, na companhia de Marcos Valério e José Genoino, atuou em contrato no
valor de R$ 10 milhões no Banco Rural e foi renovado mais de dez vezes, mesmo
sem ter patrimônio”, analisou Barbosa. Segundo o ministro, o banco prestava
informações falsas ao Banco Central sobre os empréstimos, que eram usados para
lavar dinheiro.
“É fantasioso o que diz Delúbio que
não havia uma prova de formação de quadrilha. Os laudos apontam o contrário. Há
provas que Delúbio além de funcionar como braço do núcleo político, era o
principal elo entre o núcleo político e o publicitário. Genoino era o
interlocutor político. Cabia a ele formular os acordos com os líderes de
governo”, argumentou Barbosa.
O ministro ainda disse que, apesar
de ser presidente do PT na época do esquema, Genoino não tinha autonomia para
“bater o martelo nos acordos do partido."
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