quinta-feira, 18 de outubro de 2012

“A Câmara dá preferência às religiões cristãs”, diz deputado


Segundo o deputado federal Jean Wyllys, a Câmara dos Deputados estaria discriminando os cultos e as religiões não cristãs


Amanda Previdelli | Exame
“Acabo de passar pelo culto religioso que a bancada evangélica realiza periodicamente no Plenário 1 ou 2 da Câmara, conduzido por um fervoroso deputado”. É assim que começa a legenda da foto postada ontem pelo deputado Jean Wyllys em seu perfil oficial do Facebook.

O post, que teve quase oito mil compartilhamentos e mais de dois mil comentários, reclamava que “apenas a bancada evangélica goza do privilégio de realizar cultos religiosos nos plenários da Câmara”.

Na verdade (ou pelo menos nos papéis), não é bem assim. Segundo a assessoria de imprensa da Câmara dos Deputados as reservas dos plenários podem ser feitas por quaisquer frentes parlamentares e parlamentares da Câmara.

De acordo com as informações da assessoria, não há nenhuma restrição de caráter religioso, mas também não há registro de nenhum pedido para a realização de reunião ou atividade de entidade ligada a religiões afro descendentes.

A declaração oficial da assessoria da Câmara dá conta de que a política é de atender todos os pedidos sem discriminação de ordem religiosa, mas, para o deputado Jean Wyllys, isso é “o argumento técnico da Câmara”: “quando lançamos a Frente Parlamentar em Defesa dos Povos Tradicionais de Terreiro houve um pedido à mesa diretora para que as mães e os pais de santos levassem tambores e ele foi negado. O lançamento dessa frente teve de ser no restaurante”.

Wyllys admite, porém, que não foi feita uma requisição formal. “Mas sempre que fazemos um pedido informal a desculpa é a mesma: ‘Os plenários estão lotados’. Há sempre argumentos para negar os cultos diferentes. A Câmara vai se desculpar nesse tecnicismo de que a bancada evangélica fez o pedido, mas a verdade é que tacitamente ela se fecha aos cultos diferentes e dá preferência às religiões cristãs”, critica.

Para comprovar sua tese, o deputado promete mudar de abordagem: “Vou testar a tolerância da Câmara enviando um pedido formal”, diz.

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