Segundo o deputado federal Jean
Wyllys, a Câmara dos Deputados estaria discriminando os cultos e as religiões
não cristãs
Amanda Previdelli | Exame
“Acabo de passar pelo culto
religioso que a bancada evangélica realiza periodicamente no Plenário 1 ou 2 da
Câmara, conduzido por um fervoroso deputado”. É assim que começa a legenda da foto
postada ontem pelo deputado Jean Wyllys em seu perfil oficial do Facebook.
O post, que teve quase oito mil
compartilhamentos e mais de dois mil comentários, reclamava que “apenas a
bancada evangélica goza do privilégio de realizar cultos religiosos nos
plenários da Câmara”.
Na verdade (ou pelo menos nos
papéis), não é bem assim. Segundo a assessoria de imprensa da Câmara dos
Deputados as reservas dos plenários podem ser feitas por quaisquer frentes
parlamentares e parlamentares da Câmara.
De acordo com as informações da
assessoria, não há nenhuma restrição de caráter religioso, mas também não há
registro de nenhum pedido para a realização de reunião ou atividade de entidade
ligada a religiões afro descendentes.
A declaração oficial da assessoria
da Câmara dá conta de que a política é de atender todos os pedidos sem
discriminação de ordem religiosa, mas, para o deputado Jean Wyllys, isso é “o
argumento técnico da Câmara”: “quando lançamos a Frente Parlamentar em Defesa
dos Povos Tradicionais de Terreiro houve um pedido à mesa diretora para que as
mães e os pais de santos levassem tambores e ele foi negado. O lançamento dessa
frente teve de ser no restaurante”.
Wyllys admite, porém, que não foi
feita uma requisição formal. “Mas sempre que fazemos um pedido informal a
desculpa é a mesma: ‘Os plenários estão lotados’. Há sempre argumentos para
negar os cultos diferentes. A Câmara vai se desculpar nesse tecnicismo de que a
bancada evangélica fez o pedido, mas a verdade é que tacitamente ela se fecha
aos cultos diferentes e dá preferência às religiões cristãs”, critica.
Para comprovar sua tese, o deputado
promete mudar de abordagem: “Vou testar a tolerância da Câmara enviando um
pedido formal”, diz.
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