Ex-presidente do Peru afirma que a
democracia na América Latina “se mostra imperfeita diariamente”
Roberto Civita, presidente do Conselho do Grupo Abril, Alan García, ex-presidente do Peru e Fernando Henrique Cardoso na Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa |
Por Amanda Previdelli
“A liberdade de expressão tem mais
importância como defesa da democracia porque nossa democracia se mostra
imperfeita diariamente”. A fala é de Alan García, ex-presidente do Peru,
em evento da Sociedade Interamericana de Imprensa, em São Paulo.
Segundo o ex-presidente, os governos
usam estratégias de denunciar os meios de comunicação vinculando-os a certos
interesses econômicos “burgueses”. “É uma estratégia clara. A tática é utilizar
uma linguagem agressiva e até grotesca e a população consome o discurso e vê
ali uma iniciativa de enfrentamento a um grupo econômico que, segundo o
discurso, está ligado ao meio de comunicação”, diz.
Para García, o estatismo
comunicacional “é o ópio do povo neste momento”. Ele afirma que a liberdade de
imprensa é imprescindível não só para a democracia, mas como um direito básico
e inalienável do ser humano.
“Vemos na América Latina uma cultura
do espetáculo. Alguns políticos acabam recebendo muita popularidade ao atacar a
imprensa. Antes, a imprensa dizia que atacar os políticos chamaria mais
leitores. Agora, esses governantes perceberam que atacar a imprensa e chama-la
de monopolista e rica traz mais votos”, disse.
Segundo o ex-presidente, a mídia
comunicacional se regula por si mesma e, por isso, não faz sentido que o
governo tente legislar sobre ela. “Sempre achei que você não pode culpar o
mensageiro quando ele traz algo verdadeiro e real. O meio de comunicação é tão
plural e variado que não faz sentido se dizer contra ‘a imprensa’ de maneira
tão abrangente”, diz.
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