Nove produtores rurais de Aracruz têm
até esta sexta (28) para desocuparem propriedades localizadas na Rodovia
ES-257. O prazo foi determinado pela Fundação Nacional do Índio (Funai), após
notificação expedida no dia 22 de agosto deste ano. Contudo, os proprietários
entraram com um mandato de segurança para que não sejam despejados. Um estudo
antropológico da Funai identificou que uma área de cerca de 165 hectares
pertencente a produtores rurais de Aracruz seria de propriedade da tribo
indígena Tupiniquim, que ocupa um espaço total de mais de 18 mil hectares.
Segundo o representante dos
proprietários rurais da região, Aberjânio Pedroni, o poder judiciário pediu um
parecer da Funai e o mandato foi encaminhado para Brasília e até então os
produtores não tiveram nenhuma resposta. “A decisão de um mandato de segurança
sai em até três dias, o nosso pedido já tem dez dias de tramitação”, relatou.
Os proprietários contestam a
inconstitucionalidade da autuação feita pela Funai, pois eles alegam que foram
notificados apenas do pagamento referente às propriedades. “Há cinco anos,
técnicos da Funai estiveram na minha propriedade para fazer o estudo, mas nunca
seu nenhum parecer”, contou Pedroni.
Além disso, os produtores contam que a
decisão da Fundação só contabiliza o que as fazendas possuíam no período em que
o estudo foi realizado, novas plantações, por exemplo, não entram no
ressarcimento oferecido pela instituição.
Proprietários
há mais de 100 anos
“Não roubei nada de ninguém, tenho
todos os documentos que comprovam o registro da terra”, disse o produtor
Aberjânio. Algumas famílias possuem as fazendas há mais de 100 anos, de onde
tiram o sustento de todos os familiares. Na região existem mais de 1.600
pequenos produtores que aguardam a decisão judicial, para saber como será
conduzido o processo dos vizinhos de terra.
Os produtores rurais de Aracruz alegam
que o esforço da Funai em fazer cumprir a decisão é para que o caso no Espírito
Santo sirva como exemplo para outros casos no país. “O grande dificultador do
processo é a própria Funai, que não houve nem o posicionamento dos índios com
relação a desapropriação”, completou o presidente da Federação da Agricultura e
Pecuária do Espírito Santo (Faes), Julio da Silva Rocha Junior.
Acordo
O impasse, por enquanto é pacífico.
Indígenas e produtores já se reuniram com a senadora Ana Rita (PT) e com o
governador Renato Casagrande (PSB), para propor alternativas para que seja
firmado um acordo entre as partes.
Segundo Pedroni, a Funai ofereceu para
que a família se mudasse para o assentamento do Movimento Sem Terra (MST), em
Pedro Canário, mas não houve acordo. “Não sou sem terra. Jamais deixaria a
minha fazenda para morar em um lugar distante. Minha propriedade fica a 5 km da
cidade, tenho fácil acesso a todos os serviços aqui”, disse.
Caso não haja acordo, os produtores
prometem contra-atacar. “Iremos entrar com as máquinas na cidade, podemos até
mesmo fechar vias de importante acesso”, ameaçou o representante dos
produtores.
Em contra partida a decisão da Funai,
proprietários e indígenas sugeriram que os produtores sejam alocados em uma
área de igual tamanho a que possuem atualmente na região de periferia, desde
que no local reivindicado pela Funai seja construída uma Escola de Alternância,
nos moldes do Movimento de Educação Promocional do Espírito Santo, ou, um
Centro de Treinamento (MEPES).
O cacique da Tribo Tupiniquim, José
Sezenando, prefere não se manifestar enquanto não se reunir com a Funai.
“Queremos resolver na paz, mas prefiro falar após a conversa com a Fundação”,
finalizou.
(Foto: Xingu Vivo)
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