Moeda
estrangeira viria depois das medidas do governo americano de injetar dólares na
economia
O
ministro da Fazenda, Guido Mantega, ameaça elevar o IOF para conter uma entrada
de capital especulativo gerado pela intervenção do Fed, atuar no câmbio e
classificou como "absurda" a acusação do governo americano de
que o Brasil estaria proliferando suas medidas protecionistas.
O
ministro esteve hoje em Londres, onde participou de um seminário organizado
pelo grupo Economist sobre mercados emergentes. O objetivo era
mostrar a potencialidade da economia brasileira. Mas dedicou parte de sua
intervenção a investidores estrangeiros para acusar países ricos por inundar
recursos no mercado, com ações do Fed e do BCE. Ele garantiu que o Brasil irá
reagir se for afetado e aponta que são essas medidas, e não as barreiras
brasileiras, que deveriam ser consideradas como protecionismo.
Há
dois dias, o Estado revelou que a Casa Branca enviou uma dura carta ao governo brasileiro,
alertando que a adoção de medidas protecionistas poderia ameaçar a relação
bilateral.
Num
momento do discurso de 30 minutos, Mantega pediu licença para
"protestar" contra essas acusações.
Usando
dados da entidade Global Trade Alert, Mantega insistiu que o Brasil estava
"distante na fila" dos países que mais adotam barreiras. Segundo ele,
Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha estariam á frente do Brasil. "Nós perdemos de longe da maioria dos países,
e inclusive somos o segundo que mais adotou medidas liberalizantes",
afirmou. "Somos muito menos
protecionistas que Reino Unido, Alemanha. Pelo contrário, nós até temos feito
medidas de liberalização da atividade comercial brasileira", destacou.
Mantega
ainda contra-atacou, com ameaças. "É
um absurdo, porque os Estados Unidos adotaram um número muito maior de medidas
protecionistas que o Brasil. Além de medidas diretas de protecionismo, ainda
temos o "quantitative easing" (injeção de recursos na economia pelo
Fed, o banco central dos EUA), que é uma forma indireta de protecionismo,
porque desvaloriza a moeda local, reduz o valor do dólar, e um dos objetivos
disso é poder aumentar as exportações americanas", afirmou.
IOF
A
tese defendida pelo Brasil é de que esses mercados já estão saturados de
liquidez e a injeção de mais dinheiro não apenas não resolve a crise, como
transfere o problema para os demais países, afetando as moedas de emergentes.
Isso porque os recursos acabam sendo investidos no mercado especulativo no
Brasil, pressionando o real.
Mantega
alerta que se a nova injeção de dinheiro do FED e a política de apoio
"ilimitado" o BCE começar a afetar o Brasil, o governo não descarta
medidas drásticas, entre elas o aumento do IOF (Imposto sobre Operações
Financeiras) para conter a entrada de capital especulativo.
"Uma parte dessa liquidez acaba migrando para
países emergentes e isso é um defeito da medida. Ela não tem uma contraparte de
política fiscal que atrair para a produção. Se houver um grande fluxo de
capital americano, nos teremos de compra-los, vamos aumentar reservas ou vamos
fazer operações no mercado de derivativos, compras no mercado futuro. Se não
for suficente, tomaremos medidas de taxação de IOF, como já fizemos no passado",
alertou.
Mantega
ainda prometeu levar o tema ao G20, uma vez mais. "O que queremos é que
todos tenham condições de crescer, de expandir o PIB de expandir no mercado
internacional. O que não podemos é tentar resolver os seus problemas às custas
de outros países. Nós temos estimular o mercado interno, ajudar os EUA a fazer
política fiscal. Entendo que há um problema político, mas espero que venha
ocorrer. Em algum momento eles vão ter de fazer políticas fiscais",
completou.
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