domingo, 9 de setembro de 2012

Entusiasmo dos democratas durante convenção desafia realidades políticas dos EUA




The New York Times
Charles M. Blow

O início vibrante da convenção democrata aqui em Charlotte, Carolina do Norte, faz a convenção republicana da semana passada em Tampa, Flórida, parecer, bem, uma festa do chá [trocadilho com “tea party”, o nome em inglês do movimento ultra conservador do Partido Republicano].

Se os espectadores imaginavam que os democratas colocariam o rabo entre as pernas e fugiriam do retrospecto do presidente, eles se enganaram. Os oradores defenderam vigorosamente o presidente Barack Obama –expondo por horas suas realizações– e usaram esse retrospecto para traçar uma distinção clara dos planos de Mitt Romney, a quem atacaram com ferocidade irrestrita.
Os democratas vieram à festa prontos para a luta.

Se alguém tivesse que resumir tudo em uma palavra, ela provavelmente seria desafio: desafiando as pesquisas, desafiando os comentaristas e desafiando algumas realidades políticas difíceis.
Os discursos enérgicos e consistentes –todos uma variação do tema de uma América já presente e ainda crescendo que os republicanos fazem questão de ignorar– vão contra as pesquisas, os falcões da “falta de entusiasmo” dos canais de notícias da TV por assinatura e uma economia ainda em dificuldades.
Como Deval Patrick, o governador de Massachusetts, disse para a platéia na terça-feira (4), na noite de abertura da convenção:

Minha mensagem é esta – é hora dos democratas se erguerem e defenderem aquilo que acreditam. Parem de esperar – parem de esperar, parem de esperar pelos comentaristas, pelas pesquisas ou pelos super-PACs (comitês de ação política) nos dizerem quem será o próximo presidente, senador ou deputado. Nós somos americanos. Nós moldamos nosso próprio futuro.”

Para amenizar a primeira noite foi preciso Michelle Obama, que, em tom doce, mas com efeito devastador, fez um discurso escrito com requinte, vinculando seu amor pessoal por seu marido ao caso de amor dos democratas com o casal. E o discurso dela fez algo que o de Ann Romney fracassou: ele deu aos ouvintes uma ideia de como o marido dela trata os problemas e os resolve.

Uma crítica a Obama, mesmo entre muitos que o apoiam, é que ele às vezes parece distante. A primeira-dama pintou um retrato de um homem que tem empatia e é engajado. O público se rendeu.

A quarta-feira foi mais desigual e menos roteirizada, mas o magistral Bill Clinton encerrou a noite como apenas ele poderia: fazendo um discurso repleto de estatísticas com a paixão de um pregador sulista e mantendo a plateia extasiada o tempo todo.

Eu quero indicar um homem de aparência calma, mas cheio de ardor pela América em seu interior”, disse o ex-presidente perto do início de seu discurso, e ao final argumentando que:
“Quando votarmos nesta eleição, nós estaremos decidindo em que tipo de país queremos viver. Se você deseja uma sociedade em que o vencedor leva tudo, de cada um por si, então vote na chapa republicana. Mas se quiser um país de oportunidades compartilhadas e de responsabilidades compartilhadas, uma sociedade em que todos nós estamos nisto juntos, então você deve votar em Barack Obama e Joe Biden.”

Quaisquer que sejam as falhas de Clinton, ele tem o dom da oratória. Nenhum orador na Convenção Nacional Republicana chega perto.

Não está claro se o desempenho dos democratas converterá as pessoas – a pesquisa Gallup de terça-feira apontou que não houve alteração nas pesquisas a favor de Romney depois de sua convenção – mas os discursos deles mexeram com seus seguidores. Em uma eleição tão dividida, onde a vitória ou a derrota podem depender da mobilização e do comparecimento, isso não é pouca coisa.

(Charles M. Blow é um colunista de opinião do “The New York Times”.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua visita foi muito importante. Faça um comentário que terei prazaer em responde-lo!

Abração

Dag Vulpi

Sobre o Blog

Este é um blog de ideias e notícias. Mas também de literatura, música, humor, boas histórias, bons personagens, boa comida e alguma memória. Este e um canal democrático e apartidário. Não se fundamenta em viés políticos, sejam direcionados para a Esquerda, Centro ou Direita.

Os conteúdos dos textos aqui publicados são de responsabilidade de seus autores, e nem sempre traduzem com fidelidade a forma como o autor do blog interpreta aquele tema.

Dag Vulpi

Seguir No Facebook