Antonio
Tozzi – Miami
Passadas as convenções partidárias americanas, a campanha
eleitoral dos Estados Unidos começa para valer. Os dois principais candidatos –
Barack Obama, do Partido Democrata, e Mitt Romney, do partido Republicano –
estão tecnicamente empatados e ninguém pode prever quem será o vencedor em
novembro. Vale lembrar ainda que eles não são os únicos postulantes à
presidência da República. Vários outros candidatos, representando diversos
partidos, também terão seus nomes inscritos nas cédulas eleitorais.
Percebe-se, portanto, que o país
está dividido entre conservadores e liberais. De um lado, uma proposta de
defender valores cristãos a qualquer preço, condenando aborto e casamentos
homossexuais, além de não admitir controle de armas e repelir a vinda de mais
imigrantes para os EUA, particularmente daqueles que aqui entraram de maneira
ilegal. Os republicanos propõem também um estado mais enxuto, cortando ajudas
aos estudantes com menos condições financeiras, obrigatoriedade de pagamento de
saúde do próprio bolso e redução de auxílio social aos mais idosos, além de
serem contrários a qualquer aumento de impostos para os americanos mais ricos.
E pouco se importam se os empregos gerados pelos capitalistas sejam nos EUA ou
em qualquer lugar do planeta.
Os democratas, por sua vez, têm
uma plataforma diametralmente oposta. Lutam pela geração e manutenção dos
empregos no país, defendem a criação de programas sociais que amparem os
idosos, os incapacitados e os pobres de maneira geral, querem que todos tenham
acesso à assistência médica independentemente da classe social, incentivam a
distribuição de fundos educacionais para os estudantes mais carentes e querem
corrigir a questão da imigração, dando uma oportunidade para os indocumentados
serem inseridos na sociedade americana através de uma via de legalização que
exigiria o cumprimento de alguns requisitos.
O irônico é que, apesar da
diferença conceitual, a eleição está indefinida. Seria lógico que os democratas
estivessem liderando com folgas, uma vez que há muito mais pobres do que ricos.
Entretanto, a alta taxa de desemprego nos EUA (acima dos 8%) e a crise
econômica estão sendo os grandes adversários de Obama e dos democratas. Eles
estão sendo acusados de nada terem feito para minorar o sofrimento do povo
americano mesmo detendo o poder.
Logicamente isto é uma falácia,
como o próprio ex-presidente Bill Clinton demonstrou na convenção democrata.
Ora, quando Obama assumiu o poder, cerca de 800 mil postos de trabalho estavam
sendo perdidos mensalmente. Quatro anos depois, estão sendo criados cerca de
160 mil empregos. Ainda é pouco para atender à demanda social, mas certamente a
bússola virou. E vários outros pontos foram respondidos por Clinton para
mostrar que, caso o plano republicano for implantado, o país entra em crise. O
próprio economista Thomas Friedman alertou para o risco se for implantada a
proposta econômica de Paul Ryan, candidato a vice na chapa de Romney.
Mas por que então tanta
indefinição? A meu ver, isto se deve à fórmula eleitoral adotada nos EUA.
Estamos vendo um caminhão de dinheiro sendo gasto pelos dois principais
partidas nas campanhas eleitorais para convencer os eleitores a votar em seus
candidatos.
Entretanto, vale notar que isto
vem sendo concentrado em oito estados, os chamados swing states – os estados
que podem pender para qualquer um dos lados. Fico imaginando a frustração de um
eleitor de Obama no Texas. De nada adianta ele votar no presidente, porque os
delegados vão inclinar-se pelos republicanos, uma vez que o estado possui mais
eleitores republicanos. O mesmo fenômeno ocorre na Califórnia ao inverso. Todos
sabem que o estado vai eleger Obama.
Daí, a batalha presidencial fica
concentrada nestes poucos estados, enquanto nos outros a briga fica restrita
aos outros cargos. E os analistas acreditam que mesmo nos swing states o número
de indecisos é baixo, algo em torno de três milhões de eleitores. Todo o
dinheiro gasto nas campanhas visa convencê-los e são eles que decidirão o
futuro da nação.
Não seria muito mais lógico se a
eleição fosse por voto unitário como ocorre no Brasil, por exemplo? Aí, a voz
do eleitor seria realmente ouvida e se evitaria uma provável distorção, como a
ocorrida em 2000, quando Al Gore venceu no voto popular, mas perdeu para George
W. Bush após uma controvertida apuração de votos realizada no condado de Palm
Beach, na Flórida.
Acredito que esta modificação
serviria para energizar ainda mais o eleitorado que iria às urnas com mais
vontade, sabendo que seu voto realmente conta. Mas, enquanto as regras não
mudarem, teremos de ficar acompanhando as projeções dos especialistas para
saber quem está liderando a eleição.
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