Após
29 sessões de julgamento no Supremo Tribunal Federal, o maior escândalo de
corrupção do país já deixou marcas no combate à impunidade
Por Laryssa Borges
O histórico julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF) completará dois meses nesta terça-feira e, à medida em que avança para sua metade final, vai deixando como legado uma lista de lições no combate à impunidade, especialmente de políticos que flertam com a corrupção.
O histórico julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF) completará dois meses nesta terça-feira e, à medida em que avança para sua metade final, vai deixando como legado uma lista de lições no combate à impunidade, especialmente de políticos que flertam com a corrupção.
Com
honorários altíssimos, advogados dos réus do mensalão tentam encampar diversas
teses, derrubadas uma a uma até agora, para tentar desqualificar a denúncia. E
vão ficando pelo caminho a figura do cumpridor de ordens, que executa sem
questionar, os empréstimos bancários a um partido sem garantias e o caixa dois
de campanha, um crime menor, evocado para tentar encobrir a compra de apoio no
Congresso.
Veja
abaixo algumas lições que o julgamento já consolidou como marco para a Justiça
brasileira.
As
dez lições do julgamento do mensalão
1.
Crédito
Empréstimos
bancários não podem ter garantias frágeis ou duvidosas. Se os tomadores do
dinheiro forem políticos ou partidos, as garantias devem ser ainda mais
sólidas.
2.
Camaradagem
Partido
político não pode socorrer financeiramente uma legenda aliada sem prestação de
contas. A camaradagem entre agremiações, sem registros contábeis à Justiça
Eleitoral, pode ser classificada como corrupção.
3.
Caixa dois
Caixa
dois de campanha não pode ser o argumento para todos os males da política. A
arrecadação não declarada de recursos eleitorais abre espaço para a condenação
por outros crimes.
4.
Zona nebulosa
Com a
condenação de políticos, o STF confirma a tese de que é intolerável a
existência de zonas nebulosas entre o lícito e o ilícito na esfera pública.
5.
Corrupção
Não
convence o réu dizer que não cumpriu as tarefas encomendadas pelo corruptor. Se
recebeu vantagem ilegal, mesmo que não tenha consolidado a ação alvo da
propina, pode ser condenado por corrupção.
6.
Rastros
Indícios,
ainda que não comprovem explicitamente o ilícito, podem ser analisados por
dedução e levar à conclusão que determinado fato ocorreu.
7.
Conhecimento
Não
adianta dizer que não sabia. Se o suspeito ocupa uma função hierárquica na qual
seria impossível desconhecer o delito, pode ser condenado.
8.
Álibi
Quando
inverte-se o ônus da prova, cabe a quem apresentou o álibi provar que ele é
verdadeiro. O réu que invoca o álibi tem o dever de comprovar o álibi.
9.
Ordens
Dizer
que apenas cumpria ordens não é garantia para se livrar da acusação. Se há
indícios de que o réu conhecia o crime, é caso de condenação.
10.
Defesa
Advogados
de renome nem sempre resolvem a situação: Márcio Thomaz Bastos cobrou 20
milhões de reais do banqueiro José Roberto Salgado, mas o réu não escapou de
uma acusação sequer.
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