A
paralisação das obras de construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte,
determinada no dia 14 de agosto pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região
(TRF1), causa prejuízo de R$ 12 milhões por dia - R$ 360 milhões por mês - ao
empreendimento, segundo estimativa da Norte Energia, empresa responsável pelo
serviço e pela futura operação da usina.
A
obra foi suspensa no dia 23, após a empresa ser oficialmente notificada sobre a
decisão judicial.
De
acordo com o Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), a quem a Norte Energia
terceirizou a maior parte das obras civis relacionadas ao empreendimento, os
trabalhadores continuam a receber seus salários e os que vivem nos alojamentos
da obra continuam nos canteiros, mas sem exercer nenhum tipo de atividade
ligada às frentes de engenharia civil. Os ônibus que levam trabalhadores dos
alojamentos situados em Altamira (PA) também estão parados.
Todas
as áreas de entretenimento foram liberadas para funcionar o dia inteiro. Além
disso, as atividades de lazer foram ampliadas para dar conta da maior
freqüência de pessoas. As áreas que continuam a exercer suas atividades são as
ligadas a saneamento, alimentação e limpeza dos alojamentos, além das brigadas
de incêndio e postos de saúde.
Ao
determinar a suspensão das obras de Belo Monte, o TRF1 considerou que houve
descumprimento à determinação da Constituição Federal que obriga a realização
de audiências públicas com as comunidades afetadas antes da autorização das
obras.
A
Advocacia Geral da União (AGU), no entanto, argumenta que a decisão do TRF
deve ser suspensa para que se evite a ocorrência de dano vultoso e
irreparável ao patrimônio público, à ordem administrativa, à ordem econômica e
à política energética brasileira. Além disso, argumentou a AGU, a decisão da
Justiça desrespeita a autoridade de um acórdão anterior proferido pelo plenário
do Supremo Tribunal Federal (STF).
Após
receber o caso, o STF deu prazo de 24 horas para que a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresente seu
parecer sobre o caso, o que deve ser concluído até amanhã (28).
Entrevistado
pela Agência Brasil na semana passada, o presidente da Norte Energia,
Duílio Diniz de Figueiredo, disse que não há ainda uma definição sobre a quem
caberá arcar com o prejuízo imposto pela suspensão da obra. Ele lembrou que a
decisão do TRF1 não é contra a Norte Energia, mas contra a Eletrobras,
Eletronorte, Fundação Nacional do Índio (Funai) e Instituto Brasileiro de Meio
Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama). “É o reflexo dela que recai sobre a
Norte Energia”, disse ele.
A
área jurídica da empresa estuda se esse prejuízo será arcado pela própria Norte
Energia, pelo CCBM, com quem a empresa tem contrato firmado, ou outra parte.
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Dag Vulpi