quarta-feira, 1 de agosto de 2012

MP-ES vai investigar decomposição de sacolas biodegradáveis

Teste mostra que sacolas não se decompõem em 180 dias.
Plástico comum, oxibiodegradável e biodegradável foram enterrados.

No sentido horário, sacolas após o teste: comum; biodegradável do Brasil; oxibiodegradável; biodegradável da Europa. (Foto: Arte/G1)
Com a proibição da utilização das sacolas plásticas comuns nos supermercados, o consumidor só encontra o modelo biodegradável e, na maioria das cidades, precisa pagar por elas. A mudança tem o objetivo de preservar o meio-ambiente, mas um teste feito no Espírito Santo com três modelos diferentes de sacolas plásticas mostrou que a biodegradável não se decompõe em 180 dias, como promete. A Associação Capixaba de Supermercados (Acaps) destacou que os estabelecimentos têm cumprido a exigência e comprado sacolas compostáveis, com certificação nacional e internacional. O supermercado não tem como contestar, já que compra com base na certificação. As sacolas compostáveis são cobradas em Vitória, Serra e Cariacica, na região Metropolitana do estado.
O Ministério Público Estadual (MP-ES) informou que vai investigar a diferença entre a decomposição da sacola brasileira e a europeia. "Está sendo encaminhado o ofício ao Programa de Orientação e Proteção ao Consumidor (Procon) para que faça a coleta de sacolas biodegradáveis de 10 estabelecimentos diversos, a fim de que elas sejam submetidas à perícia", afirmou a promotora de Justiça Sandra Lengruber. Ela disse, ainda, que a análise vai constatar se o objeto realmente suporta o peso informado.

No dia 20 de janeiro, a reportagem da TV Gazeta, acompanhada do professor de ecologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Luiz Fernando Schettino, enterrou uma sacola de plástico comum, uma oxibiodegradável e uma biodegradável - cuja embalagem informava que o conteúdo orgânico se transformaria em húmus, água e gás carbônico em até 180 dias -, cada uma em um vaso separado e identificado. Uma sacolinha biodegradável que é utilizada na Europa também foi enterrada em outro vaso. Elas ficaram expostas à ação do tempo, ao sol e à chuva.

Nesta terça-feira (31), as sacolas foram desenterradas. A sacola de plástico comum estava exatamente do mesmo jeito como foi enterrada há seis meses. A sacola oxibiodegradável também estava da mesma forma. Segundo o professor, esse modelo não é o mais indicado, porque também é de plástico. A diferença é que tem um aditivo e, em pouco mais de um ano, ela se quebra em pequenos pedaços, mas não se decompõe totalmente no solo.

A sacola biodegradável do Brasil também não se decompôs, continuava igual há seis meses. "Para mim é uma surpresa e uma preocupação. É necessário que os órgãos que cuidam desse material recolham amostras para certificar se realmente é biodegradável e feita de material orgânico", afirma o professor Luiz Fernando Schettino.

A sacola biodegradável da Europa também não estava totalmente decomposta, mas já estava bem mais diluída no solo do que a sacola brasileira. "A biodegradável do Brasil, na verdade, quase não se decompôs, enquanto que essa já não tem nem mais formato de sacola. Esse resultado é um sinal de alerta para a necessidade de averiguação dos órgãos adequados de amostras para ver se o que se chama de biodegradável hoje é de fato biodegradável", diz o professor.

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