Dados
da Defensoria Pública da União no Amapá e no Pará indicam que 41 vítimas de
escalpelamento em barcos foram indenizadas desde 2009, quando o pagamento
começou a ser feito no Brasil. Os dois estados concentram a maior parte dos
acidentes, que acontecem quando os cabelos se enroscam no eixo do motor das
embarcações e provocam a mutilação.
No
Amapá e no Pará, dez casos de escalpelamento foram registrados oficialmente –
seis em 2009, três em 2010 e um em 2012. Os defensores alertam, entretanto, que
os números podem ser maiores, já que existe subnotificação e vários acidentes
não são comunicados às autoridades estaduais e municipais.
O
tempo médio de espera pela indenização é de dois a três anos e a quantia paga
varia de R$ 13.500, em casos de escalpo total (quando são arrancados o couro
cabeludo e partes do rosto, como orelhas e pálpebras), a R$ 7.500, para escalpo
parcial.
No
Dia Nacional de Combate e Prevenção ao Escalpelamento, lembrado hoje (28), o
subdefensor público-geral federal no Amapá, Afonso Carlos Roberto do Prado,
avaliou que a falta de conhecimento sobre os riscos de escalpelamento ainda é
grande, sobretudo na Região Norte. “É uma questão de ordem educacional. As
pessoas não conseguem ver o eixo do barco como um perigo iminente”, explicou,
ao se referir às populações ribeirinhas que usam o transporte fluvial.
O
pagamento das indenizações integra o Projeto Itinerante de Erradicação do
Escalpelamento, que prevê ações de prevenção aos acidentes e uma linha de
crédito para que os barqueiros instalem proteção nos motores, impedindo que os
cabelos dos passageiros se enrosquem no eixo.
As
ações preventivas, segundo Prado, se baseiam no convencimento dos governos
estaduais e municipais e também dos fabricantes de motores e de embarcações
artesanais. “As pessoas mais simples conseguem recompor boa parte do prejuízo
financeiro sofrido [por meio da indenização], mas as dores de ordem moral são
muito grandes”, disse.
Em
maio deste ano, cerca de 60 vítimas de escalpelamento no Amapá foram atendidas
por um mutirão de cirurgias reconstrutoras. No último dia 18, os cirurgiões
plásticos voluntários retornaram ao Amapá para a segunda etapa de
procedimentos. Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica indicam que
pelo menos 300 pessoas tenham sofrido algum tipo de escalpelamento na região
entre Belém e o estado do Amapá nas últimas décadas.
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