O resultado
da nova licitação de publicidade do governo do Estado, que vai distribuir
verbas de até R$ 150 milhões até o final de 2014, pode ser o prenúncio de uma
tragédia anunciada para o mercado publicitário capixaba. Fontes do mercado
avaliam que a predileção por agências de fora do Espírito Santo vai afetar a
competitividade das agências capixabas que já sofrem hoje com a debandada das
contas de publicidade dos grandes negócios na iniciativa privada.
Na
primeira concorrência realizada pela gestão de Renato Casagrande, as agências
locais ficaram com três dos cinco lotes em disputa. Dentro da atual licitação
da Superintendência Estadual de Comunicação Social (Secom), apenas uma das
quatro empresas vencedoras ficam localizadas no Estado, a MP Publicidade.
Esse quadro
é apontado apenas como a sequência dos estragos causados ao mercado feitos nas
licitações durante o governo Paulo Hartung (PMDB).
Para os
próximos três anos, as mesmas fontes projetam uma crescente queda na
competitividade das empresas capixabas em relação às agências de fora do Estado
que vão servir o governo socialista. Essa redução de “poder” está ligada à
diminuição de verbas sob administração, o que reduziria a capacidade de
intervenção no mercado local e afetaria até mesmo grandes empresas privadas que
seguem o “exemplo” estatal.
Alguns
dos grandes anunciantes privados do Espírito Santo mantêm suas contas de
publicidade em outras praças. A Telest (antiga companhia telefônica do Estado,
hoje Telemar/Oi), a Chocolates Garoto (que pertence à multinacional Nestlé),
ex-Aracruz Celulose (Fibria), ArcelorMittal (ex-CST), Samarco Mineração e Epa
Supermercados (antigo Boa Praça) entregaram a totalidade ou parte das verbas de
publicidade para agências de fora do Estado.
Esse
movimento é considerado como o mais provável por fontes ligadas ao setor. Uma
vez que a agência que possui a conta do governo pode oferecer preços mais
competitivos. Da mesma forma que é aplicada aos bancos de varejo, as empresas
podem oferecer vantagens em função da escala de operações, vista como mais uma
estratégia para estrangular as agências locais.
Outro ponto
assinalado pelas fontes é a roda de influência em torno das licitações do
governo. Um dos casos envolve a empresa carioca Contemporânea Ltda, que chegou
ao Estado por intermédio do governo Hartung e se estabeleceu tão bem ao ponto
de fechar sua matriz no Rio de Janeiro para se restringir apenas à filial
capixaba. A diretora-geral da empresa, Maria Ângela Botelho Galvão, deixou a
empresa por um período para ocupar o cargo de superintendente de Comunicação
Social na gestão do peemedebista, retornando à agência, para ser a cabeça.
A influência
da chefe da Contemporânea vai até órgãos públicos que não são abrigados pela
licitação da Secom. Na unidade capixaba do Sebrae, a ex-superintendente emplacou
uma gerente durante passagem pelo Estado na assessoria de imprensa do órgão,
comandado por José Eugênio Vieira – que foi colega de Maria Ângela Galvão no
secretariado de Hartung. A conta de publicidade do Sebrae capixaba também foi
vencida pela agência carioca.
Mas
tamanha influência também pode pesar negativamente em alguns casos. A mesma
agência Contemporânea faturou, no mesmo período, as contas da Escelsa (antiga
estatal que pertence hoje ao grupo EDP) e do Shopping Vitória. Em pouco tempo,
a empresa acabou perdendo as duas contas, de acordo com as fontes, por não
conseguir atender à demanda.
Para os
profissionais da área, a restrição do acesso das agências de publicidade locais
ao “bolo das verbas” pode ser danosa. Especialistas do setor justificam a
preocupação em função da pequena estrutura mantida no Estado pelas agências de
fora do Estado. Elas mantêm apenas a parte do atendimento, obrigatoriedade nos
contratos de publicidade, porém, as partes de criação, finalização e outras
envolvidas na cadeia do setor são levadas para fora do Estado.
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