As necessidades nutricionais durante
a adolescência aumentam em decorrência do aumento do crescimento e da
composição física associados à puberdade. No entanto, o aumento da necessidade
energética coincide com fatores que afetam as escolhas alimentares e
nutricionais dos adolescentes, como um tempo maior gasto na Escola e em
atividades extra-curriculares, preocupação com a própria imagem, vaidade e
maior liberdade de escolha. A dieta adequada nesta idade tem grande importância
como prevenção de doenças cardiovasculares e metabólicas, já que abusos
alimentares em geral começam neste grupo etário, quando já não há tanto
controle dos Pais e quando as refeições são feitas fora de casa com maior
frequência. É responsabilidade dos Pais e educadores orientarem os jovens sobre
os riscos que uma dieta inadequada podem lhe trazer no futuro, como o aumento
da incidência de infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral,
diabetes, obesidade e alguns tipos de câncer.
Sabe-se que os adolescentes falham
no objetivo de ter uma dieta saudável, e tem as suas fontes de energia
dietéticas ricas em gordura e açúcares, e pobres em vitamina A, ácido
fólico, ferro, fibras, cálcio e zinco. A baixa ingestão de ferro e cálcio traz
consequências, principalmente nas meninas. A carência de ferro pode prejudicar
a função cognitiva e desempenho físico, enquanto a ingestão insuficiente de
cálcio pode aumentar o risco de fraturas na adolescência e de desenvolvimento
de osteoporose em idade mais avançada.
Os adolescentes tem o hábito de
“pular” algumas refeições em decorrência dos seus horários. O café da manhã é a
refeição mais negligenciada, mas as outras refeições do dia podem ser
“descartadas” em virtude de atividades sociais e escolares, ou falta de apetite
pela manhã. A omissão do café da manhã poderá trazer prejuízo no desempenho
escolar e comprometer a qualidade da dieta de forma geral. Um estudo
interessante provou que o hábito de tomar café da manhã aumentou o
desempenho em Matemática de alguns alunos, assim como diminuiu os conflitos
psicossociais com colegas e professores. Por outro lado, adolescentes com
dieta irregular são mais propensos a pior desempenho escolar, hiperatividade e
absenteísmo. A não ingestão do café da manhã não é compensada nas outras
refeições, e pode haver um grande prejuízo no consumo de ferro, vitamina
B12 e cálcio, presentes nas frutas, leites e cereais.
Os estudos mostram que crianças e
adolescentes que realizam as refeições em família têm uma maior chance de terem
uma dieta saudável durante a vida adulta, consumindo menos frituras e
refrigerantes, e ingerindo mais frutas e vegetais. Por isso, mesmo os Pais que
têm a vida muito atribulada devem se esforçar para fazer algumas refeições
diárias com os filhos. Outro problema, principalmente nas meninas, é a
resistência de fazer algumas refeições com o objetivo de perder peso. No
entanto, as calorias não consumidas em uma refeição saudável acabam sendo
trocadas pela ingestão de salgadinhos ou bolachas algumas horas mais
tarde. Pior que isto, em geral este tipo de alimento compromete a próxima
refeição. A ingestão de doces e refrigerantes também contribuem para uma dieta
inadequada e para o aumento de peso.
Outro fator dos tempos modernos é a
televisão e seus comerciais. O hábito de ver televisão aumenta o consumo
de salgados e bolachas pelos adolescentes. Já se mostrou que em anúncios
de alimentos em programas para jovens mais de 90% dos produtos são alimentos
ricos em gordura, sal e açúcar, além de conterem poucos nutrientes adequados.
Ainda em relação à comerciais de TV, não podemos nos esquecer das campanhas
agressivas realizadas pelas redes de fast food para atrair adolescentes e
jovens, que são o seu maior público, representando até 80% do seu faturamento.
Enquanto eles enriquecem os nossos filhos adoecem. Devemos lembrar que os restaurantes
de fast food têm em geral um ambiente simpático, sempre existe alguma
loja próxima de casa ou da escola, e um preço acessível. A gordura
representa 50% das calorias dos alimentos vendidos em fast foods. Desta forma,
a TV foi associada ao aumento da obesidade em estudos realizados. No entanto,
como os fast foods fazem parte da vida social dos adolescentes, a melhor
maneira de contornar o problema é sugerir que eles escolham os alimentos menos
calóricos e gordurosos, e sem açúcar, e que não visitem estes
estabelecimentos com grande frequência.
Outro problema grave é a realização
de regimes e dietas sem orientação médica. O adolescente necessita de fontes
nutritivas de energia devido às alterações físicas que vem sofrendo. A
realização de um regime mal conduzido pode restringir a aquisição de nutrientes
importantes além de incentivar o jejum prolongado. O regime realizado por muito
tempo traz consequências como a irritabilidade, a dificuldade de concentração,
distúrbios do sono, perda muscular, disfunção cardíaca, alterações
gastrointestinais, ciclo menstrual irregular e maturidade sexual tardia.
Desta forma, devemos cuidar da dieta
dos nossos filhos, para que os alimentos sejam sempre uma fonte de
vida, e não a origem de sérios problemas de saúde. Nos casos em que há
difícil relação entre dieta e adolescentes, sugiro que um profissional médico que
tenha boa desenvoltura e se relacione bem com os jovens seja procurado.
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