Espionagem revela necessidade de abrir os documentos secretos do regime militar, diz secretário de Comunicação do partido
A revelação de que a Polícia Civil de São Paulo fez espionagem política até 1999, quase 15 anos depois do fim da ditadura militar, reforça a necessidade de abrir os documentos secretos do regime militar. A opinião é do secretário de Comunicação do PT e deputado federal, André Vargas (PT-PR).
“Era uma suspeita nossa. Achávamos que isso era possível mas não tínhamos comprovação. É possível que tenha ocorrido também em outros Estados além de São Paulo mas só poderemos constatar se abrirmos os documentos da ditadura”, disse Vargas.
Criado em 1983, no governo Franco Montoro, o DCS infiltrou agentes e bisbilhotou todo o processo de redemocratização, movimentos sociais, sindicatos e partidos políticos. O PT foi espionado durante todo o primeiro mandado do tucano Mário Covas, até 1999.
Os documentos mostram também que as Forças Armadas mantiveram uma rede de espionagem pelo menos até 1991, no governo Fernando Collor de Mello, hoje um dos maiores defensores da manutenção do sigilo.
“A reportagem mostra que o PT seguiu sob um olhar de desconfiança dos poderes estabelecidos mesmo depois da democratização”, disse Vargas.
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O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, um dos nomes mais citados nas 50 mil páginas de arquivos secretos disponibilizados pelo Arquivo Público do Estado, disse que as reportagens mostram o despreparo dos arapongas brasileiros.
“Sabia desde o final da década de 90 que havia uma espécie de continuação do Dops na polícia de São Paulo. Isso é lamentável porque em 1999 já tínhamos a Constituição que proíbe este tipo de atividade. Espero que não se repita”, disse Dirceu. “O Brasil, na verdade, não tem um serviço de inteligência. Estes serviços precisam se qualificar melhor”, completou.
Segundo ele, a presença de arapongas nos comícios pelas Diretas Já era uma certeza entre os participantes. “Enfrentamos muita resistência. No Rio de Janeiro o governador mandou desligar a energia e cancelou os transportes na hora do comício”, recordou Dirceu, que participou como representante do PT de quase todas reuniões de organização.
O ex-ministro recordou um episódio pitoresco de arapongagem no comício pelas Diretas Já no Rio de Janeiro. “Um homem subiu no palanque dizendo que era representante do Raúl Alfonsin (ex-presidente da Argentina). Fomos checar e descobrimos que não era argentino coisa nenhuma. Era um agente do SNI (o extinto Serviço Nacional de Informação).”
Ricardo Galhardo
By: iG
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