por: Pedro Porfírio
Pelo que sei de sua natureza, ele faria de tudo para evitar uma marcha à ré no Brasil.
“Cá para nós. Um político de antigamente, o senador Pinheiro Machado, dizia que a política é a arte de engolir sapo. Não seria fascinante fazer agora a elite brasileira engolir o Lula, sapo barbudo?” (Leonel Brizola, 1989)
Neste 21 de junho, data do sétimo aniversário da morte surpreendente (e um tanto inexplicável) de Leonel de Moura Brizola, varei a madrugada com uma pergunta na cabeça e uma redobrada disposição para a prospecção dos alvos que escolho para comentar: qual seria a posição do caudilho o hoje, diante de um jogo de poder grosseiro, cuja marca mais realçada é a tentativa das raposas de apoderarem-se do governo da primeira presidente mulher?
É claro que os elementos reunidos para as minhas ilações não são incontestáveis, mas você há de reconhecer o enorme esforço que faço para imprimir exclusivamente com as tintas da honestidade e lisura as expressões do meu pensamento.
Se não fosse pela dogmática busca do que é correto, pelo menos à luz da minha percepção, que presumo aguda, estaria falando sozinho, exposto ao ridículo e ao descrédito.
Pelas manifestações que recebo a cada opinião omitida, pela recente pesquisa que realizei e pelas conversas pessoais com alguns dos meus destinatários, posso dizer sem medo de errar que o meu “índice de credibilidade” é altamente positivo, perdoe-me a “imodéstia”.
Por isso, não me acanho em oferecer minhas opiniões, mesmo quando elas são motivadas por explícitas demonstrações de admiração e simpatia. Essa transparência, aliás, a meu ver, é a chave do respeito granjeado.
Isto é, não escondo minha inabalável crença em idéias que me alcançaram ainda de calças curtas. E exatamente em nome delas procuro demonstrar meu respeito por quem pensa diferente, até mesmo por quem está cronicamente em postura diametralmente oposta.
Lembro ainda, nestas premissas, que sempre estive envolvido dentro dos acontecimentos. Não sou desses que se limitam ao camarote da observação e posam de analistas restritos ao ofício, escondendo suas preferências e suas conveniências sob o manto esfarrapado de compromissos profissionais com a imparcialidade.
Ser honesto é ser visível, é expor o verniz do seu pensamento, mesmo quando se expressa uma conclusão diferente de sua vontade. É, igualmente, nortear-se pelo indispensável distanciamento crítico: nem sempre os meus preferidos estão certos; nem sempre os meus “adversários” estão errados.
Neste 21 de junho, data do sétimo aniversário da morte surpreendente (e um tanto inexplicável) de Leonel de Moura Brizola, varei a madrugada com uma pergunta na cabeça e uma redobrada disposição para a prospecção dos alvos que escolho para comentar: qual seria a posição do caudilho o hoje, diante de um jogo de poder grosseiro, cuja marca mais realçada é a tentativa das raposas de apoderarem-se do governo da primeira presidente mulher?
É claro que os elementos reunidos para as minhas ilações não são incontestáveis, mas você há de reconhecer o enorme esforço que faço para imprimir exclusivamente com as tintas da honestidade e lisura as expressões do meu pensamento.
Se não fosse pela dogmática busca do que é correto, pelo menos à luz da minha percepção, que presumo aguda, estaria falando sozinho, exposto ao ridículo e ao descrédito.
Pelas manifestações que recebo a cada opinião omitida, pela recente pesquisa que realizei e pelas conversas pessoais com alguns dos meus destinatários, posso dizer sem medo de errar que o meu “índice de credibilidade” é altamente positivo, perdoe-me a “imodéstia”.
Por isso, não me acanho em oferecer minhas opiniões, mesmo quando elas são motivadas por explícitas demonstrações de admiração e simpatia. Essa transparência, aliás, a meu ver, é a chave do respeito granjeado.
Isto é, não escondo minha inabalável crença em idéias que me alcançaram ainda de calças curtas. E exatamente em nome delas procuro demonstrar meu respeito por quem pensa diferente, até mesmo por quem está cronicamente em postura diametralmente oposta.
Lembro ainda, nestas premissas, que sempre estive envolvido dentro dos acontecimentos. Não sou desses que se limitam ao camarote da observação e posam de analistas restritos ao ofício, escondendo suas preferências e suas conveniências sob o manto esfarrapado de compromissos profissionais com a imparcialidade.
Ser honesto é ser visível, é expor o verniz do seu pensamento, mesmo quando se expressa uma conclusão diferente de sua vontade. É, igualmente, nortear-se pelo indispensável distanciamento crítico: nem sempre os meus preferidos estão certos; nem sempre os meus “adversários” estão errados.
Foto Reprodução |
Pelo que sei, Brizola estaria com Dilma.
Dito isso, posso afirmar com todas as letras que se vivo estivesse, neste momento, Leonel de Moura Brizola tomaria uma posição muito apaixonada em defesa da presidente Dilma Rousseff, diante dos enormes desafios que enfrenta, assim como se aliou ao “sapo barbudo” depois da rasteira que o tirou do segundo turno, em 1989.
Eu mesmo não posso esconder minhas preocupações, decorridos seis meses da posse da primeira mulher a comandar o país. As condições em que ela chegou à Presidência, os interesses econômicos e a hipertrofia das ambições insaciáveis dos políticos brasileiros, para a maioria dos quais o mandato é uma poderosa ferramenta da causa própria, impõem-me uma atitude serena e consequente, focando principalmente o “depois”.
Leonel de Moura Brizola tinha o domínio da hierarquia do processo e não se fazia de rogado nas horas decisivas, mesmo a contragosto. Tentava conviver com o mundo cosmopolita, frio e calculista com enorme dificuldade. Deixava-se dominar pelo emocional em muitas situações, perdia a batalha da vaidade ferida principalmente ante a traições que sofria, mas sempre se posicionava com a lucidez devida nos momentos fatais de nossa história.
Posso dizer isso de conversas pessoais com ele e testemunhos de corpo presente. Ninguém poderia esperar dele uma indignidade, uma atitude movida pela mesquinharia ou pelo cálculo ardiloso dos interesses de sua carreira política.
O Brizola que conheci, com quem mantive ao longo dos anos uma relação crítica em público, tinha como ponto de partida e como referencial exclusivo sua identificação com o povo trabalhador e com a soberania nacional.
Houvesse ameaça em relação a esses postulados, não era difícil saber onde encontrá-lo. Em mais de uma fez, abriu mão de mágoas pessoais, de sentimentos feridos para se apresentar como soldado daqueles que mais próximos estivessem de suas grandes causas. Isso sem pedir nada em troca, até porque lhe repugnava o convívio com a boçalidade fisiológica.
Contra a cobiça insaciável das raposas.
Neste momento, Leonel de Moura Brizola, que conhecia Dilma muito bem, que em várias situações conviveu com Carlos Araújo, ex-marido dela e militante íntegro, estaria detectando com sua intuição inigualável a terrível trama das velhas raposas, da abominável “correlação de forças” para acanhá-la na furna do poder, tentando fazer dela uma espécie de rainha da Inglaterra tropical, que se veria forçada a ceder as rédeas a um “premier” virtual saído do pior cruzamento da política e dos grandes interesses econômicos.
É o que eu estou vendo nessa feira de lobbies espúrios, que vêem fraqueza e insegurança no modo cerimonioso da presidente Dilma. É o que percebo com enorme preocupação, inclusive em relação à sua capacidade de resistir, tais os espantalhos que rondam sua cabeça e podem penetrar em seus recônditos, fragilizando seu inconsciente, algo que se explicaria melhor recorrendo à mescla das interpretações políticas e existenciais.
Leonel de Moura Brizola, que desconfiava da análise científica e desprezava currículos, guiando-se tão somente por sua intuição aguda, não teria dúvida e estaria oferecendo a Dilma toda a sua experiência, incluindo o reconhecimento de alguns erros e fracassos, como lições oportunas para que afirme sua condição de presidente legitimamente eleita no mar de esperanças que a fez quebrar todo tipo de tabu: ela não foi apenas a primeira mulher presidente, mas foi igualmente alguém que tinha na disputa presidencial sua primeira pugna e, mais significativo ainda, era assimilada por um partido ao qual se juntou no meio do caminho por acidente de percurso.
Tem muito dono da verdade em seu entorno e uma quadrilha de políticos sem menor recato insistindo em fazer do rateio das prebendas e da distribuição de verbas carimbadas (as tais emendas parlamentares) a condição de governabilidade indispensável para o nível de suas responsabilidades.
Tem gente tão canalha e tão sem escrúpulo que joga até com suas condições de saúde como forma de implementar um terrorismo do mais baixo nível, tudo para que seu governo seja fatiado de todas as formas, levando-a a concessões e a retrocessos dramáticos.
Se vivo fosse, insisto, Leonel de Moura Brizola estaria oferecendo o melhor de sua grandeza para nutrir sua ex-correligionária (e fã de carteirinha) das energias necessárias, antes que aconteça aqui o pior, antes que o redemoinho em que tentam sufocá-la abra caminho para a volta ao que há de pior na atividade política brasileira.
Isso eu digo com toda segurança, porque também não gostaria de ver o Brasil dando marcha à ré, não interessa pelas mãos de quem. Principalmente da presidente que um dia se entregou de corpo e alma ao mais generoso dos sonhos juvenis.
Dito isso, posso afirmar com todas as letras que se vivo estivesse, neste momento, Leonel de Moura Brizola tomaria uma posição muito apaixonada em defesa da presidente Dilma Rousseff, diante dos enormes desafios que enfrenta, assim como se aliou ao “sapo barbudo” depois da rasteira que o tirou do segundo turno, em 1989.
Eu mesmo não posso esconder minhas preocupações, decorridos seis meses da posse da primeira mulher a comandar o país. As condições em que ela chegou à Presidência, os interesses econômicos e a hipertrofia das ambições insaciáveis dos políticos brasileiros, para a maioria dos quais o mandato é uma poderosa ferramenta da causa própria, impõem-me uma atitude serena e consequente, focando principalmente o “depois”.
Leonel de Moura Brizola tinha o domínio da hierarquia do processo e não se fazia de rogado nas horas decisivas, mesmo a contragosto. Tentava conviver com o mundo cosmopolita, frio e calculista com enorme dificuldade. Deixava-se dominar pelo emocional em muitas situações, perdia a batalha da vaidade ferida principalmente ante a traições que sofria, mas sempre se posicionava com a lucidez devida nos momentos fatais de nossa história.
Posso dizer isso de conversas pessoais com ele e testemunhos de corpo presente. Ninguém poderia esperar dele uma indignidade, uma atitude movida pela mesquinharia ou pelo cálculo ardiloso dos interesses de sua carreira política.
O Brizola que conheci, com quem mantive ao longo dos anos uma relação crítica em público, tinha como ponto de partida e como referencial exclusivo sua identificação com o povo trabalhador e com a soberania nacional.
Houvesse ameaça em relação a esses postulados, não era difícil saber onde encontrá-lo. Em mais de uma fez, abriu mão de mágoas pessoais, de sentimentos feridos para se apresentar como soldado daqueles que mais próximos estivessem de suas grandes causas. Isso sem pedir nada em troca, até porque lhe repugnava o convívio com a boçalidade fisiológica.
Contra a cobiça insaciável das raposas.
Neste momento, Leonel de Moura Brizola, que conhecia Dilma muito bem, que em várias situações conviveu com Carlos Araújo, ex-marido dela e militante íntegro, estaria detectando com sua intuição inigualável a terrível trama das velhas raposas, da abominável “correlação de forças” para acanhá-la na furna do poder, tentando fazer dela uma espécie de rainha da Inglaterra tropical, que se veria forçada a ceder as rédeas a um “premier” virtual saído do pior cruzamento da política e dos grandes interesses econômicos.
É o que eu estou vendo nessa feira de lobbies espúrios, que vêem fraqueza e insegurança no modo cerimonioso da presidente Dilma. É o que percebo com enorme preocupação, inclusive em relação à sua capacidade de resistir, tais os espantalhos que rondam sua cabeça e podem penetrar em seus recônditos, fragilizando seu inconsciente, algo que se explicaria melhor recorrendo à mescla das interpretações políticas e existenciais.
Leonel de Moura Brizola, que desconfiava da análise científica e desprezava currículos, guiando-se tão somente por sua intuição aguda, não teria dúvida e estaria oferecendo a Dilma toda a sua experiência, incluindo o reconhecimento de alguns erros e fracassos, como lições oportunas para que afirme sua condição de presidente legitimamente eleita no mar de esperanças que a fez quebrar todo tipo de tabu: ela não foi apenas a primeira mulher presidente, mas foi igualmente alguém que tinha na disputa presidencial sua primeira pugna e, mais significativo ainda, era assimilada por um partido ao qual se juntou no meio do caminho por acidente de percurso.
Tem muito dono da verdade em seu entorno e uma quadrilha de políticos sem menor recato insistindo em fazer do rateio das prebendas e da distribuição de verbas carimbadas (as tais emendas parlamentares) a condição de governabilidade indispensável para o nível de suas responsabilidades.
Tem gente tão canalha e tão sem escrúpulo que joga até com suas condições de saúde como forma de implementar um terrorismo do mais baixo nível, tudo para que seu governo seja fatiado de todas as formas, levando-a a concessões e a retrocessos dramáticos.
Se vivo fosse, insisto, Leonel de Moura Brizola estaria oferecendo o melhor de sua grandeza para nutrir sua ex-correligionária (e fã de carteirinha) das energias necessárias, antes que aconteça aqui o pior, antes que o redemoinho em que tentam sufocá-la abra caminho para a volta ao que há de pior na atividade política brasileira.
Isso eu digo com toda segurança, porque também não gostaria de ver o Brasil dando marcha à ré, não interessa pelas mãos de quem. Principalmente da presidente que um dia se entregou de corpo e alma ao mais generoso dos sonhos juvenis.
Postado originalmente por: Pedro Porfírio
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