Tava aqui
pensando que talvez seja uma boa proclamar novamente a República. Sejamos
sinceros, ela nunca vingou de verdade em nossas terras. No Brasil é assim; umas
coisas pegam outras não. Cinto de segurança pegou, Facebook pegou, faixa de
segurança não pegou nem nos seus primeiros dias de implantação. E República,
você sabe, vem do latim Res publica, quer dizer "coisa
pública".
A aplicação
desse conceito definitivamente não tem sido o nosso forte. Nossa coisa, que
deveria ser pública, é uma coisa meio privada. E o contrário também é
verdadeiro. Coisas que deveriam ser privadas são públicas, como, por exemplo, a
vida de certos artistas.
Me sinto
bastante culpado pelo insucesso dos ideais republicanos. No próprio dia da
proclamação eu gritei: Viva o imperador. É difícil fazer história e ainda por
cima ter boa oratória. Na hora, não me ocorreu nada pior para dizer. No
entanto, mais do que minha fala desastrada, o que contribuiu para que as coisas
não começassem bem foi a ausência de atos mais simbólicos e midiáticos. Faltou
uma bastilha, uma guilhotina, uma guerrinha pequena que fosse para marcar o
momento. Não sou a favor de derramamento de sangue, mas os nossos movimentos
foram muito sem imaginação. Expulsar um rei era o mínimo que esperavam de nós
republicanos, ficou barato e sem graça. Por isso que ninguém se lembra de uma
só imagem da proclamação.
Temos uma
segunda chance, não podemos repetir os mesmos erros. Desta vez, temos de ter
enorme cobertura. A reproclamação da República deve acontecer em lugares de
grande repercussão: na camisa do Corinthians, mesmo que seja difícil arranjar
um lugar, no Twitter do pessoal do CQC, numa final de Big Brother ou no
intervalo dos shows de comemoração dos 50 anos de carreira do Roberto Carlos,
onde já cassaríamos a sua majestade. Iniciando assim uma série de atos
simbólicos: a transformação do Maranhão e Alagoas em estados federados, um novo
hino com refrão em inglês (para ser adotado pela garotada) já com letra
adaptada pela Vanusa, e uma nova inscrição mais realista em nossa bandeira, em
substituição ao lema positivista: Progresso e olha lá.
Não podemos
mais esperar, a questão é urgente. Um bom dia para refundar a República seria
15 de novembro, mas cai justamente num domingo. Vai que dá praia. Outra
possibilidade é no dia seguinte, criando assim dois dias de feriados
consecutivos em nosso calendário. Aí sim, tem a possibilidade de vingar. Feriadão
todo mundo respeita.
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Dag Vulpi