quarta-feira, 30 de julho de 2025

Proposta Alternativa para o Financiamento de Campanhas Eleitorais

 

Por Dag Vulpi

"Enquanto empresários se sentirem livres para ajudar a eleger políticos, a corrupção estará garantida." — Jorge Hage

Sou contrário a qualquer tipo de financiamento de campanhas eleitorais, sejam eles públicos ou privados. Penso que o mais justo seria que cada candidato bancasse a própria campanha, afinal, ele é — ou ao menos deveria ser — o maior interessado no mandato.

Certamente, se os candidatos forem os únicos financiadores de suas próprias campanhas, haverá uma discrepância nos valores investidos. É evidente que os candidatos com maior poder econômico fariam um investimento superior, dadas suas possibilidades. Por outro lado, os candidatos com menos recursos não teriam igual capacidade de financiamento.

É nesse ponto que proponho um fator capaz de equilibrar as condições econômicas entre os concorrentes: a limitação dos gastos de campanha com base no menor valor declarado entre todos os candidatos que disputarem o mesmo cargo. Por exemplo, em uma eleição para vereador em determinada cidade, o teto de gastos de todos os candidatos seria igual ao menor valor informado entre todos os concorrentes daquele pleito.

Esse modelo visa evitar o desequilíbrio financeiro entre campanhas de candidatos com capacidades econômicas distintas. Ao definir um teto comum com base no menor valor apresentado, cria-se uma base justa e uniforme para todos, impedindo que o poder econômico seja o diferencial determinante nas eleições.

Entretanto, para não restringir excessivamente a liberdade daqueles que possuem maior poder aquisitivo — e que possam considerar o teto muito baixo —, sugere-se que esses candidatos possam, de forma voluntária, contribuir com campanhas de adversários menos favorecidos financeiramente. Essa contribuição elevaria o valor do fator limitador, aumentando, assim, o teto de investimento para todos os demais candidatos do mesmo pleito.

Seguindo a mesma lógica de que os próprios políticos devem financiar suas campanhas, pode-se considerar ainda uma proposta complementar: os políticos eleitos contribuiriam mensalmente, ao longo de seus mandatos, com um percentual fixo de seus vencimentos para a formação de um fundo de financiamento de campanhas. Esse fundo serviria para custear as campanhas de todos os candidatos no pleito seguinte, com os recursos distribuídos de forma igualitária entre todas as legendas.


Esse modelo de financiamento poderia ser classificado como um tipo de financiamento público indireto, já que os recursos seriam oriundos de salários pagos com dinheiro público. Tal proposta poderia contribuir para o equilíbrio das campanhas eleitorais, eliminando práticas fraudulentas de financiamento, reduzindo a influência de grandes empresas e evitando o desperdício de recursos públicos.

Essa proposta busca, em essência, tornar as disputas eleitorais mais justas, transparentes e centradas em ideias, e não em recursos financeiros.

sexta-feira, 25 de julho de 2025

FMI: A Agiotagem que Quebra Nações



Dag Vulpi - 25/07/25 

Quando um país recorre ao FMI, não recebe apenas dinheiro, mas um pacote de regras cruéis que travam seu futuro. O resultado? Dívidas eternas, austeridade que destrói vidas e a submissão aos interesses de quem lucra com a miséria alheia. Está na hora de entender que o FMI não salva: ele aprisiona. 

Sempre que um país recorre ao socorro de um empréstimo do FMI, quando concedido, esse “ajuste” vem acompanhado de uma série de condições que mais se parecem com correntes. São regras criadas ainda na época de Bretton Woods, e que, até hoje, seguem engessando países com imposições perniciosas que jamais produzem os efeitos prometidos por quem as impõe. 

Muito pelo contrário, seguir a cartilha de quem detém o poder e o dinheiro global só garante que aqueles que recorrem ao FMI pela primeira vez, seguindo suas “dicas”, dificilmente deixarão de comparecer, repetidas vezes, com o pires na mão. 

O FMI é a agiotagem em sua pior versão, garantindo que seus “clientes” nunca deixem de tocar sua campainha, gerando dependência eterna em vez de desenvolvimento autônomo. Precisamos romper essa lógica que mantém nações inteiras reféns de dívidas impagáveis, abrindo espaço para políticas econômicas que coloquem a dignidade e o bem-estar dos povos acima dos interesses de uma minoria que lucra com a crise e a fome.

quarta-feira, 23 de julho de 2025

BRICS 2025 no Brasil: O Avanço da Desdolarização e o Fim da Hegemonia Global dos EUA?

[Murat Gök/Agência Anadolu]

Dag Vulpi - 23/07/25

Na cúpula histórica do BRICS no Rio, Lula, Dilma e líderes do Sul Global consolidaram uma nova fase de desdolarização, ampliaram alianças e mostraram que a ordem unipolar liderada pelos EUA está cada vez mais enfraquecida. Saiba por que Trump teme tanto o avanço do BRICS e como este movimento pode mudar seu dia a dia.

A cúpula do BRICS de 2025, realizada no Rio de Janeiro, foi mais do que um encontro diplomático: foi um marco na transição do mundo unipolar, hegemonizado pelo dólar e pela dominação militar dos EUA, para uma ordem multipolar baseada na cooperação e no respeito à soberania entre os povos do Sul Global.

Líderes como Lula e Dilma Rousseff reafirmaram o compromisso do Brasil com a desdolarização e com o fortalecimento do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), que sob a liderança de Dilma amplia financiamentos em moedas locais, reduzindo a dependência do dólar. O banco recebeu a adesão histórica da Colômbia sob Gustavo Petro, rompendo décadas de submissão automática aos EUA e fortalecendo a autonomia regional.

Enquanto isso, Trump e parte da elite norte-americana intensificam ameaças tarifárias e ataques políticos ao Brasil e aos países do BRICS, temendo o enfraquecimento do poder imperial do dólar. Em resposta, Lula reafirmou a soberania brasileira, lembrando que o Brasil possui alternativas comerciais com a China e os países do BRICS e não aceitará ser submisso às pressões de Washington.

A China e a Rússia, embora presentes de forma simbólica nesta cúpula, mostraram que o BRICS não é dominado por potências isoladas, mas representa uma coalizão do Sul Global e parceiros estratégicos, retomando o espírito do Movimento dos Não Alinhados e da Conferência de Bandung de 1955. O BRICS atua hoje como a voz da maioria global, lutando contra o imperialismo e promovendo o direito ao desenvolvimento soberano.

Além do NDB, o BRICS fortalece o Arranjo Contingente de Reservas (CRA), alternativa ao FMI, para apoiar países em dificuldades sem imposições políticas. Iniciativas como a Nova Plataforma de Investimentos (NIP) buscam alternativas de investimento para superávits comerciais fora dos títulos do Tesouro dos EUA. Também avança a criação de mecanismos de pagamentos interbancários e transfronteiriços que dispensam o SWIFT, sinalizando a construção de um sistema financeiro global mais justo.

Dilma lembrou que a desdolarização não ocorre de um dia para o outro, mas os acordos entre Rússia, China, Irã, Índia e entre países da ASEAN já demonstram que esse processo está em curso, reduzindo gradativamente a hegemonia do dólar no comércio, nos investimentos e nos fluxos de capital globais.

A proposta de Lula de uma nova moeda de reserva global para o BRICS é ambiciosa, mas a verdadeira revolução está na prática: no fortalecimento de relações bilaterais em moedas locais e na independência econômica dos países do Sul Global frente à chantagem de sanções e ao controle financeiro exercido pelos EUA.

O BRICS, com a força do Sul Global e aliados estratégicos, caminha para construir uma nova ordem global verdadeiramente democrática, sem a imposição de vetos de potências coloniais, sem guerras de agressão e sem a ditadura do dólar. Um mundo onde o Brasil e outros povos podem levantar a cabeça e dizer: “Nós escolhemos nosso caminho.”

O avanço do BRICS é um alerta ao império norte-americano e uma esperança para quem defende um mundo multipolar, justo e livre da opressão imperialista.

sexta-feira, 18 de julho de 2025

Pandemia não explica: Brasil perdeu para países similares

 


Dag Vulpi - 18/07/25

Enquanto o Brasil registrava queda no PIB e alta inflação entre 2019-2022, países como México, Indonésia e Turquia – com desafios similares – tiveram desempenho melhor. Será que a pandemia justifica toda a diferença? Uma comparação séria e embasada revela como ficamos para trás no governo Bolsonaro e o que está mudando agora.

1. O Que Dizem os Números?
Entre 2019-2022 (período Bolsonaro + pandemia), o Brasil teve:

  • Queda acumulada de 4,1% no PIB

  • Inflação de 27,8% (IPCA)

  • Desemprego médio de 12,3%

Como países comparáveis se saíram?
✔ México: Crescimento de 1,2% no período
✔ Indonésia: Alta de 5,3% no PIB
✔ Turquia: Mesmo com inflação alta (45%), PIB cresceu 11,4%

(Fontes: FMI, Banco Mundial - países selecionados por população e PIB similares ao Brasil)

2. A Pandemia Não Afetou Todos Igual
Todos sofreram em 2020, mas:

  • Brasil teve uma das piores recuperações (-3,3% em 2020)

  • Indonésia voltou a crescer 3,7% já em 2021

  • México manteve setores industriais ativos

3. E Depois da Pandemia?
Em 2023-2024 (governo Lula):

  • Brasil: PIB de 2,9% (2023) e projeção de 1,8% (2024)

  • México: 3,2% (2023)

  • Turquia: 4,5% (2023)

4. Por Que Isso Importa?
• Mostra que políticas econômicas fazem diferença
• Explica por que o Brasil caiu no ranking mundial naqueles anos
• Revela que a recuperação atual está no caminho certo, mas ainda atrás de outros

Conclusão:
"A pandemia foi dura com todos, mas países com governos que protegeram empregos e investiram na economia sofreram menos. O Brasil está se recuperando, mas os números provam: ficamos para trás quando insistimos em políticas que não priorizaram o crescimento. Agora, o desafio é acelerar."

Você acha que o Brasil poderia ter tido menos prejuízos na pandemia com políticas diferentes?"

Salário Mínimo e Economia: Uma Análise Comparativa entre Governos

Foto: Ivo Brasil/Pexels

Dag Vulpi - 18/07/25

O salário mínimo brasileiro tem sido um termômetro importante para medir os efeitos das políticas econômicas na vida da população. Vamos comparar os números dos últimos anos e entender o que esperar para 2025.

Evolução do Salário Mínimo
Entre 2019 e 2022, no governo Bolsonaro, o salário mínimo passou de R$ 998 para R$ 1.212. Apesar do aumento nominal, quando consideramos a inflação do período, houve uma perda real de 1,2% no poder de compra.

Já no governo Lula, de 2023 a 2025, o valor saltou de R$ 1.302 para os R$ 1.450 projetados. Diferente do período anterior, os trabalhadores tiveram um ganho real de 3,8%, mesmo com os desafios econômicos.

O Que os Números Revelam

Inflação: O IPCA acumulado foi de 27,8% no mandato anterior contra 9,1% projetado para este

PIB: Crescimento médio anual de 0,9% (2019-2022) contra 2,2% (2023-2024)

Desemprego: Caiu de média de 12,3% para 7,8%

Posição Global: O Brasil subiu do 12° para o 9° lugar no ranking de maiores economias

O Que Esperar em 2025?

As projeções indicam:
• Salário mínimo com pequeno ganho real (2,69%)
• PIB crescendo cerca de 2%
• Desemprego podendo ficar abaixo de 7,5%

Considerações Finais
Os números mostram uma recuperação econômica importante, mas ainda há desafios pela frente. O aumento real do salário mínimo e a queda do desemprego são boas notícias, porém é preciso avançar em reformas para garantir que esses resultados se mantenham no longo prazo.

Para Reflexão:

Como esses números impactam sua vida? Você sentiu na prática essas mudanças?

Fontes: IBGE, FMI, Tesouro Nacional

Brasil quer taxar Big Techs para garantir justiça fiscal e proteger empresas locais

 

© Pixabay/Wikimedia

Dag Vulpi - 18/07/25

Enquanto empresas brasileiras pagam impostos e geram empregos, gigantes como Google e Meta lucram bilhões no país e driblam a tributação. Agora, o Brasil se prepara para taxar as Big Techs – não por punição, mas para acabar com uma concorrência desleal que há anos prejudica nossa economia. Entenda por que essa pode ser a virada para uma justiça fiscal no mundo digital.

As discussões sobre a taxação das Big Techs no Brasil vão muito além da simples arrecadação. Trata-se de corrigir uma distorção histórica que beneficia gigantes estrangeiras em prejuízo das empresas nacionais.

Empresas como Google, Meta e Amazon faturam bilhões no país, seja com publicidade, venda de dados ou intermediação de serviços. Apesar disso, aproveitam-se de brechas fiscais para transferir lucros a paraísos tributários, pagando muito menos impostos do que as empresas brasileiras que competem no mesmo mercado.

O resultado é uma concorrência desigual: enquanto companhias locais geram empregos e cumprem suas obrigações fiscais aqui, essas multinacionais operam com vantagens injustas, sem contribuir de forma proporcional para a sociedade da qual tanto lucram.

A proposta de tributar serviços digitais busca equilibrar essa balança, garantindo que as Big Techs paguem sua parte justa. O objetivo não é frear a inovação, mas assegurar que essas empresas – que se beneficiam da nossa economia e infraestrutura – também ajudem a financiar educação, saúde e desenvolvimento no país.

O Brasil não está sozinho nessa luta. Na Europa, países como França e Espanha já adotaram medidas semelhantes, e a própria OCDE pressiona por regras globais mais justas. Ao avançar nessa discussão, o país mostra que é possível conciliar progresso tecnológico com responsabilidade fiscal – em benefício de todos.

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