Agência
Brasil
Com
o único objetivo de enfraquecer a resistência, o governo Federal agiu ardilosamente
ao retirar da proposta de alteração da Lei da previdência, os funcionários públicos
estaduais. Certamente que ele espera que com essa iniciativa receber o apoio
dos beneficiados e assim, conseguir a aprovação com certa facilidade. Essa é uma tática que na maioria das vezes funciona, "dividir para enfraquecer", mas fosse eu não apostaria todas as minhas fichas nesta cartada.
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O
presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse ontem (22) que a decisão anunciada pelo
presidente Michel Temer de retirar os servidores estaduais da Proposta de Emenda
à Constituição (PEC) que altera a Previdência fortalece a reforma. Questionado
se a mudança não esvazia a proposta original, Maia argumentou que o governo
tomou a decisão certa e isso deve facilitar a aprovação da proposta na Câmara.
“Fortalece
a reforma. Na hora que você faz a reforma dos servidores públicos estaduais
você está entrando numa competência que não é sua, já que o país é federado,
não é um país unitário. E você distensiona um embate e uma mobilização nos
estados, que, do ponto de vista do governo, não era necessária”, disse.
“Acho
que essa separação é importante, fortalece a federação, os estados e os
municípios. E garante que vamos tratar aqui daqueles pontos que estão sendo
foco do nosso debate desde o início, os servidores públicos federais e o regime
geral da previdência”, completou.
Maia
negou que o governo tenha tomado a decisão sob pressão e que isso possa abrir
espaço para flexibilizar outros pontos do texto. O deputado defendeu a retirada
dos servidores estaduais e ressaltou que esta mudança pode garantir a aprovação
do texto na Câmara “o mais rápido possível”. Ele reiterou que a proposta deve
ser votada pelos deputados até o final de abril e início de maio.
Foi
um acerto. O governo se antecipou, a base se antecipou e tomou a decisão
política depois de ouvir neste primeiro período de debates na comissão. O
presidente tem conversado com todos os líderes e tomou a decisão que ajuda
muito a aprovação da reforma da Previdência. Então, foi uma decisão antecipada
do governo, no diálogo com a base e o relator, para que esse tema saia logo.”
O
deputado não acredita que a retirada possa abrir brecha para que os servidores
federais também pressionem para sair da proposta. “Se os servidores federais
saírem da reforma, não tem reforma. E, no futuro, eles que vão pagar a conta.
Imagina se você não faz a reforma da Previdência dos servidores públicos
federais, daqui a três, quatro anos pode acontecer com eles o que está
acontecendo com os servidores do Rio de Janeiro”, disse.
O
líder do governo na Câmara, o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), também
reforçou o argumento de que a retirada dos servidores estaduais é sinal de
“fortalecimento”. E defendeu o momento que a decisão foi tomada pelo governo
federal.
"O
governo tomou a atitude na hora que achou conveniente tomar. O governo faz uma
avaliação com a sua base, sua equipe e todos acharam conveniente, até por haver
a premissa constitucional da polícia militar, por exemplo, ser delegada aos
estados. Então, nesse sentido, a própria constituição já exaltava o
fortalecimento do pacto federativo. O governo tomou a decisão no momento
importante e fortalece, inclusive, a aprovação da reforma da previdência,
mantendo o impacto financeiro que se precisa ter na previdência", afirmou
o líder.
Dívidas dos estados
Ao
afirmar que o governo federal não deveria assumir a responsabilidade sobre a
previdência dos estados, Rodrigo Maia foi questionado se este argumento não
poderia também ser usado para retirar as contrapartidas exigidas pelo governo
federal no projeto de renegociação das dívidas dos estados. O deputado explicou
que se trata de coisas diferentes e que as contrapartidas poderiam ser
negociadas fora do projeto que tramita na Câmara. Mas, seguindo o entendimento
da Advocacia-Geral da União, elas estão no texto como forma de garantia das
compensações.
"Eu
sou a favor das contrapartidas não necessariamente no texto. A AGU diz que sem
as contrapartidas no texto daquilo que tem ser compensado, já que você vai
suspender a Lei de Responsabilidade Fiscal, e quem vai assinar o contrato é o
presidente [da República], e entende que nesse caso específico tem que se
deixar claro o que garante a contrapartida para que se possa fazer a suspensão
da lei”, argumentou.
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Dag Vulpi