Nas escolas
públicas do Brasil, 200.816 professores dão aulas em disciplinas nas quais não
são formados, isso equivale a 38,7% do total de 518.313 professores na rede. Os
dados estão no Censo Escolar de 2015 e foram divulgados hoje (28) pelo ministro
da Educação, Aloizio Mercadante.
Em alguns
casos, um mesmo professor dá aula em mais de uma disciplina para a qual não tem
formação, com isso, o número daqueles que dão aula com formação inadequada
sobre para 374.829, o que equivale a 52,8% do total de 709.546 posições
ocupadas por professores.
Na outra
ponta, 334.717 mil posições, 47,2%, são ocupadas por docentes com a formação
ideal, ou seja, com licenciatura ou bacharelado com complementação pedagógica
na mesma disciplina que lecionam. Mais 90.204 (12,7%) posições são ocupadas por
professores que não têm sequer formação superior.
Disciplinas
A maior lacuna
está em física. Do total de 27.886 professores que lecionam física, 19.161 não
tem licenciatura na disciplina, o que equivale a 68,7% do total. A formação de
novos professores, de acordo com Mercadante, não acompanha a demanda, de 1,8
mil por ano. Seriam necessários, então, 11 anos para que todos os professores
de física tivessem a formação adequada.
"A gente
forma muito pouca gente em física por ano e é muito difícil reverter isso
porque o professor que está lá para motivar o aluno não é formado, não tem
licenciatura e dá aula improvisada para preencher carga horária sem formação
específica", diz Mercadante.
A falta de
formação adequada atinge também duas disciplinas chave para formação dos
estudantes, matemática e português. Em matemática, 73.251 do total de 142.749
não tem a formação específica para lecionar a disciplina, ou seja, 51,3%. Em
língua portuguesa, do total de 161.568 professores em exercício, 67.886 não têm
licenciatura em português, o equivalente a 42%.
Português e
matemática são as disciplinas cobradas em avaliações nacionais como a Prova
Brasil e internacionais, como o Programa Internacional de Avaliação de
Estudantes (Pisa), e são usadas para medir a qualidade da educação.
"Matemática e português são as duas pernas para o estudante caminhar na
educação. Sem essas duas ferramentas não tem como prosseguir", diz
Mercadante.
Biologia tem
os melhores índices, 78,4% dos professores têm a formação adequada. Em química,
são 53,7%; em ciências, 40,1%; em história, 39,9%; e em geografia, 37,7%
professores são formados na área em que atuam. Os demais ou são formados em
outras áreas, afins ou não, ou não têm formação superior.
Formação
docente
O Ministério da Educação (MEC) anunciou que tomará medidas para melhorar a
formação dos professores. Entre elas, a oferta de 105 mil vagas para formação
de professores no segundo semestre deste ano. Serão 20 mil vagas em
universidades federais e 4 mil vagas em institutos federais. Além disso, a
Universidade Aberta do Brasil vai ofertar 81 mil vagas de formação à distância.
"Nenhum
professor efetivo, que está em sala de aula, deixará de ter a formação. Se
faltar, vamos procurar instituições privadas", diz Mercadante. "Se
quisermos ter qualidade na educação, temos que melhorar a formação do
professor".
Aqueles que já
têm alguma formação em área afim a que leciona poderá aproveitar os
conhecimentos em um curso de licenciatura, tendo a carga horária reduzida. A
experiência em sala de aula, também contará para reduzir o tempo de estágio
obrigatório. A reconfiguração das licenciaturas está prevista em parecer do
Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovado no ano passado.
O Plano
Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor), destinado a
complementar a formação dos professores também será reconfigurado no ano que
vem. O professor só poderá se inscrever para o curso correspondente à disciplina
que leciona. O curso será oferecido apenas nas férias escolares para que os
professores se dediquem mais.
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