Análise é de
Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores; "essa alta dos
investimentos foi disseminada, não se concentrando só em caminhões, ônibus e
máquinas agrícolas", diz ele; crescimento maior em 2014 poderá vir com a
recuperação da economia mundial
Blog Dag Vulpi - A
economia brasileira atingiu, em 2013, a maior taxa de investimentos em 25 anos.
Isso pode ser determinante para um ritmo maior de crescimento nos próximos
anos, a depender também do ritmo de expansão da economia mundial. A análise é
do economista Bráulio Borges, da LCA. Confira, abaixo, sua artigo publicado por
ele na Folha de S. Paulo:
Recuperação da
economia global pode ser chave em 2014
Por Bráulio Borges*-
No começo de
2013, boa parte dos analistas esperava que a economia brasileira fechasse o ano
corrente com expansão na faixa de 3% a 3,5%, segundo levantamento feito pelo
Latin Focus Consensus Forecasts. Hoje, com o ano encerrado, parece ser bastante
provável que a expansão de nosso PIB tenha sido de 2,4% ou um pouco menos.
Foi o terceiro
ano consecutivo em que o desempenho da economia brasileira frustrou as
expectativas. Embora isso já esteja no retrovisor, é importante buscar as
razões por detrás dessa frustração, a fim de reduzir os erros de projeção e dar
subsídios para orientar e moldar as ações de política econômica.
Sob a ótica da
demanda, boa parte das expectativas indicava que os investimentos (isto é, a
Formação Bruta de Capital Fixo, ou FBCF) cresceriam em torno de 5%, desempenho
apenas suficiente para desfazer a retração de quase 4% verificada em 2012.
Mas, a
despeito de todas as turbulências externas e internas ao longo do ano, a FBCF
deverá fechar o ano com alta próxima a 6,5% --ou quase 8,5% quando se
contabilizam como investimentos, e não como exportações (como é feito pelo IBGE),
US$ 6,6 bilhões correspondentes a seis plataformas da Petrobras que foram
exportadas apenas contabilmente neste ano.
Essa alta dos
investimentos foi disseminada, não se concentrando só em caminhões, ônibus e
máquinas agrícolas. Nesse quadro, a taxa de investimento brasileira --isto é, a
razão entre a FBCF e o PIB-- deve ter atingido em 2013 o nível mais elevado em
quase 25 anos (veja gráfico).
Essa razão
está a preços constantes, de modo a isolar a evolução das quantidades (algo
necessário diante da constatação de que a variação dos preços dos bens de
investimento quase sempre é inferior à variação média dos preços dos bens e
serviços da economia como um todo).
A eventual
alteração do ano base mudaria os valores no gráfico, mas não o formato da curva
--ou seja, não se alteraria o diagnóstico de que atingimos o maior patamar em
quase 25 anos.
Por outro
lado, houve uma frustração relevante com o desempenho daquele componente que
responde por pouco mais de 60% de nosso PIB pelo lado da demanda, o consumo das
famílias.
Esperava-se,
no início de 2013, que sua expansão chegasse a 4%, mas sua alta efetiva deverá
ficar algo abaixo dos 2,5% --o menor ritmo desde 2003 (ano em que recuou 0,8%),
e bem abaixo da média de 2004-2008 (+5,1% a.a.) e 2009-2012 (+4,6% a.a.).
Além da forte
alta do preço relativo dos alimentos na primeira metade de 2013, que afetou o
consumo de bens não duráveis, nota-se uma gradativa perda de fôlego do consumo
nos últimos três anos, refletindo, provavelmente, um maior nível de
endividamento das famílias (sobretudo o comprometimento mensal de renda com
prestações) e uma penetração cada vez maior de bens duráveis.
Ademais, as
famílias podem estar direcionando cada vez mais recursos a investimentos em
ativos fixos (FBCF), por meio da construção e aquisição de imóveis.
Também houve
frustração significativa com relação ao desempenho das exportações,
responsáveis por pouco mais de 13% de nosso PIB.
Esperava-se
uma alta de pouco mais de 7% das exportações de bens (em dólares), mas elas
deverão ter queda de quase 1% (variação que iria a -3,5% com a exclusão das
operações contábeis de vendas de plataformas).
Esse ponto
ressalta a importância do desempenho da economia mundial e do comércio
internacional. E em 2013 o mundo viveu o terceiro ano consecutivo de
frustração: boa parte dos analistas esperava expansão global próxima a 4%, mas
a alta deverá ficar em 3% --a mais baixa desde 2009.
A perda
relevante de fôlego da economia global de 2011 em diante mostra que essa
retomada se deu em formato de "W", em termos de taxas de variação (e
não de nível do PIB mundial).
Fontes de frustração
O principal
corolário da análise feita nos parágrafos anteriores é o de que as principais
fontes de frustração com o desempenho econômico recente do país estão
associadas em grande medida a fatores ligados à demanda --demanda externa fraca
e demanda de consumo interno com fôlego cada vez menor-- e não a restrições de
oferta.
O estoque de
capital da economia brasileira cresce hoje cerca de 4% a.a., o dobro do
observado antes da crise, refletindo a taxa de investimento mais alta; a oferta
de mão de obra, embora tenha reduzido seu ímpeto, ainda cresce a quase 1,5% a.a;
e a produtividade total da economia em prazos mais curtos é, em boa medida,
pró-cíclica (o que explica sua estagnação recente).
Para o PIB
voltar a crescer em linha com seu potencial de médio prazo, estimado em 3,5%
a.a. (segundo cálculos da LCA, taxa que coincide com a estimada pelo FMI), será
preciso um rebalanceamento das fontes de demanda.
O investimento
precisará avançar ainda mais --pois ainda temos deficiências, sobretudo em
infraestrutura econômica e social-- e a demanda externa deverá voltar a
contribuir positivamente para o nosso crescimento.
Enquanto o
primeiro desses fatores depende principalmente de ações da política econômica
brasileira --como o programa de concessões (que finalmente começou a sair do
papel) e o estímulo às PPPs (que começaram a deslanchar)--, o segundo dependerá
primordialmente de uma melhora da economia global, algo que parece ser bastante
provável a partir deste ano --o que completaria, assim, a última perna do
"W" e daria início, torçamos, a um novo ciclo de expansão sustentada
do PIB mundial.
Bráulio
Borges* é
economista-chefe da LCA Consultores
V9ia 247
Brasil
BrasileiroE não otário
ResponderExcluirO Terrorismo midiático tem financiamento milionário da ditadura viva: a GLOBO. Aquela que não paga impostos para que a classe média e baixa pague por ela. A que esconde o dono do pó do helipóptero. A que comanda o STF à prender sem provas. Perdem porque são mentirosos. Mentem por que a verdade faz mal aos 1%. Mentem por que são ditadores e a democracia precisa da verdade.
Leo 2.
ResponderExcluirA Eurpoa ja esta se recuperando,a Espanha e Italia mostra crescimento acima do esperado,a Grecia diz que não precissa mas de Ajuda finaceira,o brasil atravessou toda crese mundial,sem grandes problemas e o principal de uma nação o desemprego nunca esteve tão bom.